22

119 6 4
                                    

Os dois dias seguintes passaram praticamente voando.

Como se fossem um papelzinho jogado pela janela do ônibus.

No dia seguinte na hora do almoço paramos em um hotel como Max havia previsto.

A operação se repetiu no terceiro dia, fizemos paradas, comemos e tomamos um banho.

Os dias eram preguiçoso e muitas vezes entediantes.

Não havia muito o que fazer dentro do ônibus além de conversar e por mais incrível que parecesse até Cassie já não tinha mais nada para falar.

Tudo de interessante que podia ser falado já havia sido dito.

Então no terceiro dia a tarde quando Cassie olhava para a janela e eu para o nada, muito distraída, Max falou que íamos descer.

Apesar de surpresa, eu peguei tudo que era meu, assim como os outros.

Assim que botei os pés para fora fiquei supresa com onde estávamos.

Olhei em volta, a só havia uma estrada, um pouco deserta, as minhas costas e uma praia mais deserta ainda a minha frente.

Olhei para o céu, ele estava de uma tonalidade rosada anunciando a chegada da noite, logo ficaria escuro e estávamos no meio do nada, no entanto não protestei mesmo com meu sangue fervendo nas veias para que eu o fizesse, tomei a atitude mais lógica e fiquei de boca calada já que não ia adiantar nada fazer escândalo.

Esperei para ver o que ia acontecer.

-Vamos procurar um lugar pra ficar, vamos acampar por aqui hoje a noite- disse Max enquanto andava  a nossa frente chegando cada vez mais perto do mar.

Por mais estranho que parecesse a situação, eu me sentia em paz, talvez já tivesse me acostumado com a ideia de que tudo seria estranho até eu chegar em casa.

Ou talvez fosse o sol se pondo colorindo o céu com tons de laranja, vermelho e rosa, somado ao som das ondas se quebrando e a areia sendo pisada sob meus pés.

Poderia definir aquilo como meu paraíso.

Escolhemos um lugar um pouco mais afastado da estrada, a oito metros de distância do mar.

Pelos "cálculos" de Max isso daria para que a maré não nos alcançasse durante a noite.

Armamos as barracas e Max foi ler o manual do fogareiro para não colocar fogo na duas barracas quando fosse preparar o jantar.

Então faltando quinze minutos para o sol dar lugar a noite eu me sentei a um metro do mar observando o céu e ouvindo as ondas.

Os dois dias anteriores haviam sido dias de sol, como deveria ser nesta época do ano.

Pensei na vida com o vento brincando com meus cabelos que estavam soltos naquele dia.

- Tudo bem?- perguntou Cassie enquanto se sentava na areia ao meu lado.

Um pensamento voltou a aparecer em minha mente, o de que eu era tão fraca que as pessoas, pelo menos as que se importavam, ficavam o tempo todo a minha volta, remendando as rachaduras com um pouco de cola e se certificando de que eu não iria mesmo quebrar.

AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora