Abandonada

16

Não tem como duvidar dele agora.

Me sentei desajeitadamente na cadeira que estava junto a mesa em nosso quarto, sem ter que me preocupar com o que Cassie acha inadequado ou não.

Assim toda esparramada eu pensava melhor.

Pensei nos acontecimentos ocorridos depois do jantar, nas coisas mais normais do dia, se é que algo tinha sido realmente normal naquele dia, eu cheguei no quarto e Zack me entregou Cassie como combinado antes, eu me despedi dele e ele foi dormir.

Eu estava exausta, mas perplexa também.

E eu jamais conseguiria dormir naquele estado.

Me sentei na cama e massageei o pescoço com uma mão tentando aliviar a tenção do dia, fui me deitar, porém assim que coloquei minhas costas na cama percebi que tinha deitado em cima de alguma coisa.

Me sentei e olhei para a coisa em que eu tinha me deitado, era uma sacolinha rosa de loja feita de um papel firme.

Olhei para aquela coisa e franzi o cenho, lembro de falar baixinho para eu mesma: "o que é isso?".

Abri a sacola e então encontrei lá dentro um pijama de calça cumprida e blusa com mangas compridas, envoltos em um papel fino e que eu deduzi servir apenas para proteger o tecido delicado do pijama.

Depois descobri que também havia ali dentro um robe e uma pantufa Que combinavam com o pijama.

Os três, tanto o pijama como o robe e a pantufa eram azuis (na verdade elas eram brancas com detalhes bordados em azul claro).

Acompanhando estes presentes vinha um bilhete.

Um presente, para que possa ter ótimos sonhos na noite de hoje, são da cor do seus olhos e presumo que seja sua cor favorita também, espero ter acertado e que você goste.

                               Ass: Max

Voltei a pensar sobre o bilhete que minha mãe supostamente tinha mandado para mim através do Max.

Como ele conseguiu aquilo, como ele sabia daquilo, COMO!?

Pensei, pensei e pensei numa explicação para o conteúdo daquele bilhete batucando meus dedos no tampo da mesa.

E nada me ocorreu além do óbvio: o que ele dizia era verdade e a mulher que procurava por sua filha existia, não só existia como também realmente era a minha mãe.

Então os sonhos eram reais, as cenas que apareciam neles eram memórias e não minha imaginação criando consolos para mim.

Peguei o envelope que estava sobre a mesa desde que entrei novamente no quarto, abri e li o seu conteúdo de novo mesmo já sabendo o que estava escrito ali em uma linda letra cursiva.

Querida não se preocupe
Porque eu estou aqui
Nunca te abandonarei
Uma parte de mim te deixarei

Tudo escrito com caneta azul clara, minha cor favorita, até o envelope era azul claro, o que me deixava louca.

Aquilo só podia vir da minha verdadeira mãe, eu não tinha como duvidar.

Fui até minha bolsa e peguei a correntinha com pingente de cristal que, eu tinha descoberto hoje de manhã, era minha.

Ali à luz da lua, fiz o que não tive tempo de fazer durante todo o dia, analisei melhor a correntinha, ou melhor analisei melhor o pingente.

Pela primeira vez reparei realmente em sua cor que parecia de uma hora para outra ser de extrema importância.