10

247 17 3
                                    

Em poucos segundo me dou conta de que Cassie está ao meu lado, ela não vai me abandonar, vai fazer como disse que faria, ir comigo a onde quer que eu vá.

Mas não via Zack. Você sabia que ele podia não querer vir.

Porém tive uma surpresa ao virar a cabeça em um movimento rápido. Lá estava ele, andando devagar um pouco distante de nós, parecia pensativo.

Fui até ele e comecei a andar ao seu lado.

- Então- disse- você não precisa fazer isso, não tem o dever de ir junto. Não falei com você antes mas estou falando agora. Se quiser desistir ainda dá tempo.

Ele olhou para mim com um sorriso nos lábios.

- Sim eu tenho- então me lembrei do pacto idiota que fizemos quando crianças, ia interrompe-lo e dizer que éramos apenas crianças, que não sabíamos nada da vida, não sabíamos o quanto ela é dura e quantos laços ela podia desmanchar, as vezes ela os desfaz delicadamente, bem aos poucos, e bom, as vezes ela estoura tudo sem dó nem piedade, deixando as duas fitinhas que faziam parte do laço ficarem despedaçadas, assim de uma vez, sem mais nem menos, infelizmente eu já sou uma fitinha bem gasta de tantos laços estourados. Mas antes que eu fizesse meu discurso ele continuou- e além disso eu quero fazer isso, quero ver onde isso vai dar, se você realmente encontrar sua mãe quero estar lá pra ver.

Sorri.

- Obrigado.

Andamos mais um pouco e ele de repente começou a rir.

- O que foi?- digo.

- Nada.- ele continuou a rir, pensei no que podia estar lhe causando risos.

- Tem alguma coisa errada comigo?- falei olhando para eu mesma.

- Não- ele diz em resposta- você está perfeita, como sempre- falou enquanto olhava para mim e sorria, ele limpou a garganta rapidamente e continuou- é que, bom, acabamos de quebrar uma das suas regras importantíssimas.

- Acabamos?- disse fazendo uma careta.

- Sim- disse ele balançando a cabeça afirmativamente.

Ri.

- Qual?

- A "não arranjar confusão nunca"- respondeu ele, tentando fazer uma imitação de mim.

Revirei os olhos, eu não falava daquele jeito. E nem nunca falaria.

- palhaço- disse o empurrando com o ombro e rindo ao mesmo tempo- tudo bem, mas não é certeza ainda de que nos metemos em uma confusão, além do mais estamos obedecendo outra regra importantíssima, a "vocês têm que me obedecer, eu sei o que melhor para gente".

- E isso é o melhor?- ele riu. Riu porque sabia a minha resposta, não, não é o melhor, seguir um cara que nem conheço para um lugar totalmente desconhecido não é o melhor.

Engoli em seco.

- Sim é- falei seriamente.

- Nem você acredita nisso Liza.- ele continuou sorrindo o idiota está gostando do joguinho, está gostando de tentar provar que estou errada, o pior é que eu também estava gostando, não sabia porque, mas discutir com Zack era super divertido.

- Sim, eu acredito- sorri.

- Não acredita não- ao falar isso seu sorriso aumentou.

- Ok, Ok, tudo bem, você venceu, pode não ser o melhor para nós, mas...- as palavras me faltaram e eu suspirei.

Ele ficou sério de repente.

- Não se culpe, Liza. Está tudo bem, tá legal?

- Mas... e se for mentira estou levando vocês para não sei onde, talvez nem seja verdade, eu sou tão egoísta, a Agnes tinha razão e não só sobre a festa. Como consigo?

Ele bufou antes de responder.

- Te entendo sabia? Faria o mesmo sem pensar duas vezes se pudesse conhecer minha mãe- ele abriu um sorriso triste- não te culpo agora e nem vou te culpar depois se der tudo errado por você querer encontrar sua mãe, jamais faria isso.

Parei por um momento e ele também.

- Tentar saber mais sobre você mesma não é ser egoísta, e além disso nem acredito que você ouve qualquer coisa que venha da boca daquela... criatura.

- Obrigado- lhe dei um abraço e falei baixinho- por tudo. Ao dizer isso pude perceber que ele sabia que ao dizer por tudo me referia a vida. A tudo que ele fez por mim a vida inteira.

As vezes que assumiu a culpa de algo que eu havia feito mesmo sem eu pedir, pelas broncas que levou por causa de mim, em meu lugar ou comigo, aos curativos que ele tantas vezes fez quando me machuquei, pela vez que torci o pé e tive que ficar de cama o dia inteiro e ele ficou ao meu lado, não deixando que eu ficasse entediada.

- Não precisa agradecer, você sabe que eu te am... que eu adoro me meter em confusão com você- disse ele rindo e se desvencilhando de mim.

Franzi o cenho, eu tinha quase certeza de que ele ia dizer que me amava, mas claro que seria um amor de amigos, porque é isso que sentimos um pelo outro, tanto Cassie quanto ele sentiam um grande amor por mim, mas apenas de amigos.

Mas o coração bateu uma vez apenas mais forte, me deixando na dúvida, se fosse só isso porque ele tentaria negar ou disfarçar o que sentia. Ele é um menino. Não, corrigi a mim mesma, ele não é um menino é um homem é nunca, nunca vai admitir que te ama, mesmo que seja um amor de amigos, pode esperar sentada querida Liza se você espera que ele diga "eu te amo".

Mas o que mais me preocupava era descobrir que mesmo que lá no fundo eu tivesse essa vontade de ver um eu te amo sair da boca de Zack.

Deixo pra pensar nisso mais tarde.

- Ei!- olhei para frente despertando dos meus sonhos- você pretende chegar hoje no hotel ou só amanhã mesmo?- falou Cassie me apressando, reparei que Zack não estava mais ao meu lado, ele andava um pouco mais a frente, não estava nem com Cassie e nem comigo, andava sozinho e pensativo, como se tivesse que resolver um problema e não soubesse exatamente como.

- Cale a boca Cassie!- falei e andei até ela, ficando ao seu lado e deixando Zack com seus pensamentos para trás, ela riu sabendo que era brincadeira. Nossa gentil forma de amar uma a outra.

- O que aconteceu?- falou ela franzindo o cenho.

- O que?- falei com o olhar meio perdido e segurando meu cristal, fazendo-o passear pela correntinha que o prendia em meu pescoço mas mesmo assim prestando atenção no que ela estava dizendo.

- Vocês estavam conversando felizes da vida, se abraçaram e depois disso sem mais nem menos ele se afastou de você.

- Nossa você deve ter olhos nas costas, isso ou...estava muito interessada no que estávamos fazendo.- ri ao final da frase.

- Não mude o assunto, está bem?- falou ela em resposta.

- Tudo bem, mas não espere uma explicação complexa do acontecido, porque nem eu mesma entendi o que aconteceu direito- parei de falar para pensar um pouco o que ia dizer- nós estávamos falando sobre o cara- falei fazendo um gesto com a cabeça na direção do menino ruivo- eu estava meio que me desculpando por fazer ele passar por isso e agradecendo por tudo que já fez por mim, enfim- disse com um suspiro- aí ele me abraçou, disse que adorava entrar em confusões comigo e se afastou- dei de ombros- sei lá o que aconteceu.

- Estranho- falou ela em um tom pensativo, com o cenho franzido- foi só isso mesmo?

Fiz que sim com a cabeça. Ao ver esse meu gesto ela deu de ombros.

Nós continuamos andando, achei melhor deixar de fora a história do " eu te am..". Não tinha importância, não era como se ele tivesse se declarado e muito menos como isso fosse acontecer algum dia.

----------------------------------------------------------------------------------------------
Meus amores, sorry pela demora, mas tai espero q se divirtam e q curtam, bom é isso beijinhos pra vcs😘

AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora