24- O que quer dizer?

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Vou ao banheiro, mas graça a Deus não tenho vontade de vomitar. Caminho trocando as pernas pelas ruas de Ipanema e Vicente agarra minha cintura servindo de apoio. Ele abre a porta do carro preto e me ajuda a sentar no banco de passageiro. Minha cabeça gira no lugar e quando percebo Vicente está sentado ao meu lado colocando o cinto em mim.

- Está bem?- ele pergunta e faço que sim tentando não mexer muito a cabeça dolorida.

Algum tempo mais tarde, o carro para e abro os olhos para ver onde estou. No alojamento. Bom. Muito bom. Pelo menos ele não me sequestrou. Saio do carro um pouco melhor do que antes.

Vicente abre a porta do carro e caminha até mim. Seus braços fazem menção de agarrar minha cintura e recuo.

- Humm. Ãh. Obrigada por me trazer.

- Vou entrar com você. Não comece de graça.

Reviro os olhos e cansada desse joguinho mantenho meus passos firmes. Fecho a porta ao entrar no quarto e jogo meus sapatos no canto. O cômodo pequeno está literalmente uma sauna. Desabotoo minha blusa social e quando vou escalar meu beliche Vicente abre a porta. Não tranquei com chaves!

- Saia! - falo me tapando.

- Nem pensar. - ele diz se aproximando ainda mais.

Dou impulso no chão para subir na cama e minha cabeça sacode. Meus braços perdem a força e caio para trás. Vicente amortece a queda e suas mãos param em minha barriga. Estremeço e levanto de seu colo.

- Você não está bem Mayara. Não vai ficar sozinha! Deixou a porta aberta imagina só se algum maluco entra aqui... Puta que pariu! - seus olhos encontram meu sutiã. Deixo que olhe.

-Você entrou. Dá no mesmo. - digo com a voz fraca quase rouca. Talvez triste. Talvez dolorida. Talvez o querendo atingir.

- Dá no mesmo?- ele agarra meu braço na tentativa de chamar minha atenção.

- Você também é um maluco.

- Não machucaria você!- ele grita- Ta pensando que eu sou o que?

- O cara que me disse uma vez que não me bateria. Que faria pior. Faria eu me apaixonar por ele. - puxo meu braço e sento na cama apertando a barriga com força. Ele disse uma vez. Prometeu que seria pior.

- Eu não fiz isso!

- Não? - o encaro curiosa.

- Claro que não Mayara! Ou... fiz? - Vicente fita meus olhos a procura de respostas. Pela primeira vez ele parece não tê-las.

- Não sei. - e é verdade. Não sei definir o que é. Às vezes é só vontade de ter um beijo dele. Em outras ouvir sua voz murmurar meu nome. E lá no fundo. Escondido nos meus pensamentos mais absurdos o de tê-lo para mim. Em âmbitos de prazer e de amor que desconheço na prática.

- Nem fale isso. - ele coça a cabeça preocupado.

- É verdade. - levanto da cama agitada. Dando-me conta do que fiz. - Você não fez! Pode ir embora. - digo abrindo a porta para que ele saia.

- Você me diz que talvez esteja apaixonada por mim é quer que eu vá embora?

- Não! Eu não disse isso!

- Então por quê? - ele diz aproximando o rosto do meu.

- Por que o que?

- Por que quer que eu saia?

- Por que tenho medo de falar ou pedir coisas a você que irei me arrepender depois. - me afasto quando sua respiração sopra minha bochecha e sei que vou tremer. Estou sincera demais hoje. Isso é perigoso.

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