Ilhas de Ilusões

46- Linda!

Dou dois toques na porta antes de entrar.

- Bom dia Senhor Antônio- digo enquanto ele faz sinal para que eu me aproxime mais.

- Eu queria agradecer por tudo ontem. Não tenho nem o que falar. Pretendo parcelar o meu salário e ir pagando o empréstimo.

- Empréstimo? – ele franze a testa- Foi presente Mayara. Não quero um centavo de devolução.

Por extinto tento argumentar, mas ele me corta demonstrando que não devo desafiar sua autoridade. Ainda assim estou sem graça, não sou adepta a receber favores.

- Simplesmente quero seu auxílio em relação... - ele suspira como se estivesse cansado.

- Ao Vicente. Não sei o que acontece entre vocês, mas preciso que ajude ao meu filho ser um homem melhor- por um segundo ele levanta detrás de sua mesa e observa umas das janelas que da para a rua.

- Eu investi em meu filho. Tenho credibilidade nele ainda que não acredite nisso. Não posso permitir que ele se envolva com forças paralelas. Ele não pode destruir a própria vida e o nome da empresa junto.

- Senhor, não se preocupe quanto a isso- digo e ele me encara com atenção.

-Vicente é um homem íntegro. Ele tem feito estágio no ramo de arquitetura e eu digo com toda convicção que essa história de drogas é passado.

- Ele de fato mudou Mayara? Quando soube através daquela menina que meu filho era envolvido com isso meu mundo caiu. Depois de tanto apoio e investimento...

- Ele mudou! Posso afirmar que não suporta qualquer coisa desse mundo- enfatizo.

- Já alterei o testamento. Ele independente de qualquer coisa é meu herdeiro legítimo.

-Meu filho. Ele é tudo que eu tenho. Talvez eu tenha exagerado nas permissões e expectativas, mas no fundo ele sabe que isso tudo é dele.

Um meio sorriso brota em meu rosto. Vicente tem um bom pai. E amenizar os problemas entre eles me deixa satisfeita em poder ajudá-los também.

- Por enquanto, peço silêncio Mayara. Às vezes são necessárias algumas prensas para não que fujamos do rumo certo.

Ele me instrui a levar Vicente a Heim no meu próximo expediente por lá e mesmo que estivesse louca para ligar para o marrentinho, lembro-me de guardar o segredo.

Despeço-me de Henrique e Patrícia ao deixar a empresa e para minha surpresa Letícia me aguarda na calçada. Meu corpo se joga de encontro ao seu com saudade daquela companhia apesar de tê-la visto a menos dois dias.

- Como está amiga? – digo, mas a verdade é que eu estou me remoendo de culpa por ela ter perdido tudo. Um ar pesado toma conta do meu corpo e a tristeza ameaça invadir. Ela percebe.

- Tranquilo. Sei que está se julgando, mas esquece. Ainda que eu ache maluquice o Vicente, engoli o meu orgulho e o do Marcelo para convidar vocês dois para um jantar lá na casa em que estou.

- Jantar? – estranho a proposta. Marcelo e meu namorado ainda se estranham. Ou não? Eles eram amigos e foi mais uma coisa que destruí.

- Sim- ela me puxa pela calçada enquanto conversamos.

- Se a vida nos propôs esses desencontros e trocas de casais acho que não podemos manter rixas. Você não notou nada de diferente em mim?

Não. Não a primeira olhada. Até que noto uma aliança brilhante na mão esquerda da minha amiga.