E como toda variável tem seu nome, eu também tenho o meu. Depois de todo esse tempo aprendendo sobre programação, sobre hardware e aprendendo tudo envolta de tecnologia venho me sentindo mais como um robô, há tempos não sinto mais nada, eu sou uma variável e quando fazem uma requisição eu retorno nada, eu não consigo explicar mas eu estou vazio por dentro, e calma lá, não é fome, muito menos amor. Eu não sei o que é, você não sabe, ninguém sabe, às vezes me assusta, às vezes me sinto aliviado. Vide, na verdade, talvez seja amor, talvez eu já não conheça-o como antes, agora ele está mais forte e invasivo, ele está estranho, esse é o amor que eu queria, mas não queria.
E a certeza de que, esse caos em que eu habito é fruto do que eu plantei, é quase que incerta. O meu eu interno nunca descreveu o que eu sinto, sempre tive que decifrar, talvez seja por isso que gosto tanto de códigos. O jeito que tudo esvaiu-se foi até curioso, foi demorado, mas rápido ao mesmo tempo. Tudo esvaiu-se e eu me sinto só, mas não sei se foram as pessoas ou eu mesmo que me apunhalei pelas costas...
Transformo palavras em histórias e histórias em enigmas, tudo isso saí tão confuso da minha mente que mal sei organizar, alguns dizem que é magnífico, outros dizem que é patético, e o segundo lado sempre vence, acabo acreditando... O difícil não é mais saber como lidar com tudo isso, eu já sei. O difícil é conviver numa casa que nem mesmo seus familiares te reconhecem, que nem seus familiares sabem quem é você. É intangível a dor que sinto, ela me ensina, e muito.
Histórias não têm valor, histórias próprias são divinas, eu admiro quem sabe escrever, eu sou apaixonado por pessoas que exalam o bom português, mesmo que eu não faça isso. Histórias próprias têm valor, a minha não, sinto repúdio das minhas histórias, elas parecem tão estranhas, tão complexas perante a dos outros.
Há tempos transcrevo meus problemas em textos, há tempos confesso em palavras, há tempos venho me sentido tampouco. Todo dia é o mesmo costume, todo dia a mesma decepção, todo dia eu venho escrevendo textos e não divulgando-os. O que eu realmente queria em todos esses anos é: voltar aos meus dez anos e sentir-me feliz novamente.
Tenho apenas dezesseis, me sinto um merda, planos e adendos, nada realizado, estou numa confusão, me sinto velho para agir como novo e novo para agir como velho, quando eu falo isso para os outros, falam que eu estou zombando-lhes, não dou nenhuma resposta. É o que eu realmente sinto, eles talvez nunca entendam.
Alguns de meus textos já me fizeram refletir e pensar que sou psicótico, alguns me descreviam como um louco, outros como nada. Alguns de meus textos tinham cunho amoroso, outros tinham cunho de violência, alguns eram bonitos, outros horrorosos. Alguns textos me descreviam, outros apenas era eu reticente sobre o que fazer e por isso saíam tão ruins. Às vezes eu diria que era um equívoco eu saber escrever, outras que era esplêndido.
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Mais uma, só que em outro lugar.
Short StoryA história da transição entre a juventude, adolescência e fase adulta numa só história de menos de 50 páginas. O maior conto de não-ficção que já leram, porque apesar de poucas páginas, temos muito sentimento e realismo.