Alguns segundos se passaram, mas não muitos, apenas o suficiente para o olhar da diretora passar de Brenda para Luana. E todas nós entendemos que agora seria sua vez.
Luana mal conseguia desviar o olhar dos próprios pés, mas percebi que estava tentando parecer mais relaxada, pois sempre acreditou no ditado que dizia: "Quem não deve, não teme." Entretanto eu, que acompanhei os acontecimentos dos últimos dias, sei que será difícil Luana falar sobre Renato. Não posso dizer se oque ela sente por ele hoje é ódio, compaixão ou apenas pena.
- Admito que desconfiava que foi você, Luana, quem trouxe o traficante de drogas para dentro desta escola. - começou a diretora
Luana surpreendeu-se pelo o modo com que a diretora iniciou aquela conversa, sem reação, apenas encarou-a. No entanto dessa vez não fiquei calada:
- Não acho que seja acusando uma pessoa de algo que nem tem provas seja a maneira que se inicie um interrogatório corretamente.
A diretora moveu seu olhar para mim, provavelmente recriminando-me mentalmente por ter abrido a boca no momento em que não devia. Porém, também não reclamou, pois sabia que estava errada.
- Certo, comecemos novamente. - ela arrumou sua postura na cadeira - Qual era sua relação com Renato?
- Éramos ex-namorados. - respondeu Luana cautelosa
- Quando começaram a namorar?
- Eu tinha quatorze anos e ele dezesseis. Terminamos um pouco antes de eu matricular-me nesta escola.
- Por quê terminaram? - a diretora encarava Luana, como se estivesse procurando por alguma falha que pudesse usar a seu favor
- Ele havia feito dezoito anos e iria mudar de cidade, pois seu pai havia arrumado-lhe um emprego. - Luana parecia reviver cada momento - E eu, bem, iria para um colégio interno. Não poderíamos nos ver de qualquer maneira.
- Começou a namorar tão nova, seus pais sabiam do relacionamento de vocês? - o tom da dúvida não foi acobertado
Luana demorou alguns segundos a mais para responder a esta pergunta, sabia que teria que escolher muito bem as palavras a serem usadas para não dar de entender errado.
- A princípio não, mas certo dia levei-o para minha mãe conhecer, entretanto apresentei-o apenas como um amigo. Certo tempo depois que contei que estávamos namorando.
- Na época, sabia que ele era envolvido com tráfico de drogas e esses tipos de bandidagem?
- Não, ele não era esse tipo de pessoa. - Luana ponderou por alguns segundos - Isso foi depois que... voltou para esta cidade. Ouvi falar que o emprego que seu pai havia lhe arrumado não tinha dado certo.
- Então quer dizer que, depois que veio estudar aqui, continuou tendo contato com ele? - a diretora aproximou-se, ainda mais interessada
- Não. - disse Luana rapidamente - Tudo oque sei foi oque ouvi falar de alguns conhecidos.
- Em nenhum momento, nos fins de semana, você se encontrou com ele? - insistiu a diretora
- Uma vez... uma única vez. - a voz de Luana saiu trêmula - Nos esbarramos na rua e conversamos, mas nada demais ou muito íntimo.
A diretora voltou a encostar-se na cadeira, brincava com a caneta em sua mão enquanto raciocinava.
- Brenda disse que você era apaixonada por Steven. - disse ela por fim - Por acaso, você e esse garoto, estão namorando?
- Estávamos.
- E por que não estão mais?
- Brigas de casal. - Luana sorriu tentando ser simpática
- Renato sabia da existência de Steven? - a diretora fez questão em mostrar com seu tom de voz como a tentativa de simpatia de Luana foi falha
- Eu não sei! - Luana estava segurando-se para não explodir - Eu não sei... como eu disse anteriormente, não tive contato com ele.
A diretora largou a caneta em cima da mesa e sorriu de canto. Seus olhos encaravam o teto, até que voltaram-se para Luana.
- Eu não acredito em você. Na verdade, tenho quase certeza de que você foi cúmplice dele em toda essa trajetória criminosa.
Luana assustou-se com tais palavras, estava entrando em pânico. E, como eu sei como é minha amiga em pânico, neste instante sabia que ela não conseguiria dar respostas á altura. Portanto, eu mesmo falei:
- Você está apenas tentando solucionar um caso que nem a polícia está conseguindo, está apenas preocupada com a reputação da escola onde ocorreu um assassinato não solucionado. - eu me segurava para não gritar - Pois saiba que Luana tem como provar, pois antes de tudo acontecer ela havia feito um boletim de ocorrência contra Renato.
A diretora pareceu surpresa com minha palavras, principalmente quando eu mencionei o boletim.
- Por qual motivo fez boletim contra ele? - questionou a diretora
- Ele me ameaçava por mensagens. - a voz de Luana tremia em nervosismo
- Por que ele te ameaçava?
- Por quê eu... - Luana começara a chorar - Eu descobri onde era o depósito de drogas de seu grupo.
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Augusto Cury nos disse para amar! [Completo]
Random[Esta história foi iniciada quando eu tinha 13 anos, então o começo pode ser bem bobo e cansativo, mas não vou edita-la, pois mostra minha evolução na escrita. Espero que gostem ♡] Sinopse: Alana é rejeitada pela mãe, seu pai fica meses fora de ca...