Reconstruir o presente - Parte 3

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Luana havia ficado muito fora de seu controle emocional para continuar aquela conversa. Seu caso foi deixado como encerrado por ora, pois havia muito mais coisas por trás. Coisas que envolveriam a polícia futuramente.

Logo agora era minha vez. O motivo de eu estar aqui, na minha opinião, era muito mais fútil do que o de Brenda e Luana. As duas com tantos problemas e eu aqui por causa de uma tatuagem. Uma tatuagem que não faz mal a ninguém.

- Alana, seu caso é um tanto mais complicado. - iniciou a diretora - Oque quero dizer é que, ao contrário das outras duas, a tatuagem foi uma escolha sua e você sabia muito bem oque estava fazendo.

- Sim, eu sabia.

A diretora olhava para mim desconfiada, pelo jeito não esperava que eu fosse concordar com oque dizia. Talvez esperasse que eu inventasse mil desculpas, mas que desculpa eu poderia dar por ter feito uma tatuagem?

- Sejamos diretos neste interrogatório. - ela sorriu - Quando fez a tatuagem?

- Por volta de uns dois meses atrás. - eu estava sendo fria em minhas respostas

- Não sabia das regras da escola? É proibido tatuagem e afins.

- Não sei até onde esse "afins" inclui, mas ao meu olhar, uma tatuagem não faz mal á ninguém.

- São as regras da escola, querida. Aqui quem decide sou eu. - a diretora tentava controlar sua voz - Estamos apenas preocupados com que tipo de gente colocamos dentro da escola, onde desejamos que seja um lugar agradável, confortável, um lar para todos nós, ou seja, lugar para pessoas de família.

- Ah, então estou mesmo no lugar errado, pois não tenho família. - sorri

- Claro que você tem família! Se esse não fosse o caso, também não estaria neste colégio.

- Colocaram-me aqui porquê queriam livrar-se de mim.

- Estamos perdendo o foco. - seus dedos dançavam na mesa impaciente - Onde fez a tatuagem? Seus pais lhe deram autorização para fazê-la ou ao menos tem consciência dela?

- Fui em um estúdio com um conhecido e, não, meus pais não fazer a mínima ideia.

- Então serei obrigada a telefoná-los para dar esta ilustre informação. - em seu rosto havia um sorriso triunfante

- Sinto lhe dizer... - no meu rosto havia um também - Mas provavelmente meus pais deram o número de telefone errado no dia da matrícula. Eles não são bobos de colocar seus verdadeiros e serem incomodados por assuntos sobre uma adolescente rebelde a qual eles são obrigados a "criar".

A diretora ficou sem chão, entretanto nem se deu o trabalho de confirmar se oque eu dizia era verdade. Não na frente de mais duas alunas para passar vergonha.

- Disse-me que foi em um estúdio com um conhecido, não é mesmo? - novamente voltava ao assunto por não saber oque dizer - Quem era?

Nesse momento eu gelei, não havia percebido que eu dissera que havia alguém comigo no dia da tatuagem. Constatei que cheguei muito perto de falar sobre Dante e, por mais que não tenhamos sido muito amigáveis um com o outro ultimamente, eu não iria colocá-lo neste problema. Mesmo que ele tenha me ajudado, ou melhor, tenha sido meu "cúmplice" neste crime que é fazer uma tatuagem, tudo isso partiu de uma escolha minha.

E como a diretora mesmo havia dito, eu sabia muito bem oque estava fazendo.

- A tatuagem não define meu caráter muito menos diz se sou de família ou não, e mesmo que eu tenha feito uma, nunca saí mostrando pela escola... - meu tom de voz aumentava cada vez em que a diretora tentava me interromper - E olha aqui... isso só chegou ao seus ouvidos porquê Carol colocou um gravador em nosso dormitório e, não sei se você sabe, mas isso é invasão de privacidade. Ou vai me dizer que as regras da escola permitem desrespeito entre os "colegas" de quarto?

A diretora calou-se completamente. Ficou boquiaberta, tentava manter o controle a própria respiração. Não sei dizer se estava assustada com a minha reação ou com medo de onde tudo isso poderia acabar.

- A senhora diretora ficou tão focada em punir-nos que nem ao menos se importou com o método que Carol usou para conseguir tais informações. - eu praticamente cuspia aquelas palavras - Informações que confiou tanto que nem pediu para comprovar se eu tenho mesmo uma tatuagem.

Dessa vez minutos se passaram até que todas nos acalmássemos. Tudo oque a diretora conseguiu dizer foi que meu caso permaneceria em aberto, pois precisava analisar com mais calma a situação. Por fim, fomos dispensadas.

Antes de sair, falei:

- Senhora diretora... - sorri simpática colocando a mão nas costas - .... Quer ver minha tatuagem?

Augusto Cury nos disse para amar! [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora