Inimigos

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Estou indo com Dante para o antigo apartamente de Diego. Pegar o resto de minhas coisas, recomeçar minha vida.

- Não sabia que você tinha carteira de motorista. - comentei.

- Eu sempre soube dirigir, só não tinha um carro. - respondeu ele sorridente.

Pegamos o carro emprestado da minha mãe, ela disse que preferia não ver o lugar por onde eu andara enquanto ela esteve longe. Quer saber? Realmente acredito que ela se arrependeu.

Dante ficou surpreso ao ver o prédio em que morávamos. Alto, branco, chique. Pegamos o elevador e sentimentoss difíceis de lidar, como saudade, admito, apareceram.

- Então foi aqui que você passou os últimos meses... - pensava Dante quando entramos no apartamento.

- É, pois é. Nem quero lembrar.

Fui direto para o quarto, queria sair dali o mais rápido possível e tudo oque eu precisava era das minhas roupas. Hesitei ao ver nossa cama. Tantas noites, tantas manhãs, acordando e dormindo juntos. Fazendo coisas a mais... Tudo isso foi em vão?

Entrei no closet e comecei a puxar minhas roupas violentamente e jogar numa caixa, segurando as lágrimas para não cair. Admito, foi bom e eu sentia falta.

Voltei para a sala após me recuperar com uma caixa de roupas em minhas mãos. Encontrei Dante analisando toda a casa.

- Sabe, eu queria ter vivido tudo isso com você. - diz ele olhando ao redor. - Quero dizer, a parte de morar junto e construir uma família. Ele quase contruiu uma família com você.

Seu olhar desviou para mim. Deve ter percebido que eu estava um pouco abalada por ter voltado aqui, pois abraçou-me e, quando depositou um beijo em meu rosto, sussurrou:

- Agora que tenho a chance, não vou deixar nossa história terminar no "quase".

Dante pegou a caixa de minhas mãos e foi levá-la para o carro. Dei uma última olhada na casa, como despedida. Meus olhos paparam na estante da sala, onde há um enfeite. "Doosaron se bahut jyaada ummeed ke bina pyaar jaanen". Anotei a frase no meu celular.

Desci o elevador, Dante estava me esperando. Ele deixou-me em casa, porém ficaria com o carro da minha mãe até mais tarde. Hoje á noite ele e Luana iriam vir jantar com suas famílias. Ou seja, ele precisava do carro para trazer sua mãe e irmã.

Eu não estudarei mais naquela escola. Pelo oque fiquei sabendo, Dante e Luana também não. Poucos ainda continuam frequentando-a, contudo não sei até quando ela irá durar. Um colégio interno tem muitas contas. Água, luz, comida e empregados. Aquela quantidade de pessoas não me parece ser o suficiente para sustentar tudo isso.

Estava com minha mãe preparando o jantar, até que a campainha toca. Era muito cedo para Dante ou Luana chegarem.

Abro a porta e levo um susto ao deparar-me de frente com Carol.

- Como sabia que eu moro aqui? - perguntei.

- Peguei o endereço com Luana que, a propósito, acabei de vir de lá. - Carol sorria amigável. - Fui pedir desculpas e estou aqui para fazer o mesmo com você.

- Ah, então... tudo bem. Está desculpada.

- Ah, Alana. Posso te dar um abraço? - pergunta ela sugestiva.

Assenti ainda me sentindo um pouco estranha. Essa situação era tão inusiada, mas estou feliz por estar acontecendo. Ao se afastar, Carol continuou:

- Vou morar com meus pais nos Estados Unidos e não quero deixar mágoas. Aquela escola não estava dando mais!

- É, não mesmo. - falei sorrindo.

- Brenda pediu para que eu pedisse desculpas por ela, bem, mais uma vez. - Carol conversava comigo como se fossemos amigas de anos. - E sim, nós duas voltamos a nos falar.

Por mais que parecesse que éramos pessoas íntimas, a verdade é que não éramos. Então, a conversa não durou muito. Alguns minutos ela se despediu e foi embora. Para sempre.

Ao mesmo tempo que me senti aliviada, também senti um aperto no coração. Gostaria de ter conhecido essa Carol divertida antes.

Estava na hora da janta, Dante chegara com sua família primeiro. Foi bom conhecer sua mãe e irmã, elas eram um amores e se deram muito bem com minha mãe. Duas famílias incompletas, que se tornariam completas.

Em certo momento fiquei a sós com Dante, aproveitando, mostrei a anotação em meu celular.

- Isso estava escrito em um dos enfeites da estante do apartamento de Diego, nunca dei muita atenção á ela. - mostrando o celular, perguntei. - Sabe oque significa?

Dante pegou meu celular e analisou com cuidado, parecia conhecer aquela língua. Alguns minutos depois, traduzindo cada palavra em sua mente, disse:

- "Aprenda a amar os outros sem esperar muito".

~♡~

Logo Luana chegou também, acompanhada pelo seu pai e sua mãe. Ela correu até mim jogando-se para um abraço.

- Carol veio aqui também? - perguntou ela sorrindo.

Assenti enquanto estava sendo esmagada pela minha amiga.

- Você a pedoou?

- Sim. - respondi jogando-a no sofá.

- Como diria Dr. Augusto... - falou Dante aproximando-se. - "Os inimigos que não perdoamos dormirão em nossa cama e pertubarão o nosso sono."

- Aaah, que horror! - exclamou Luana. - Esse cara sempre me assustou.

Estava sendo uma noite divertida com a família de nós três reunida. Dessa vez eu estava feliz, digo, realmente. Tanto de corpo quanto de alma.

Ao final do jantar, Dante levantou-se e pediu silêncio. Pegou algo no bolso de seu casaco e veio até mim.

- Alana. - disse ele ajoelhado-se ao meu lado. - Quer namorar comigo?

Augusto Cury nos disse para amar! [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora