O Caminho mais curto

1.1K 50 13
                                    

Abri meus olhos com dificuldade, devagar até se acostumarem com a forte luz que entrava por uma janela.


Era a luz do Sol que iluminava o quarto todo branco, havia uns balcões na outra parede e eu estava em cima de uma maca. Ao meu lado, em uma poltrona azul turquesa, estava Dante. Ele apoiava sua cabeça na ponta da maca, ainda estava dormindo. Seus cabelos vermelhos estavam bagunçados e ele babava.


Levei minha mão até seu rosto, passei meus dedos por suas buchechas. Não sei ao certo porquê fiz isso, carinho, ou então, para acordá-lo. Dante aos poucos levantou sua cabeça, meio atordoado, vi o cansaço em seus olhos.

- Você passou a noite aqui? - perguntei

Ele se assustou ao ver que eu estava acordada, limpou sua boca e se encostou na cadeira.

- Alguém precisava ficar para avisar a hora que você acordasse.

- Por que estou no hospital?

- Na verdade, nem é um hospital. - ele parou para pensar um pouco - É só a enfermaria da escola.

Minha cabeça ainda doía. Fitei meus pés descalços, forcei minha mente a pensar, até que a imagem de Brenda indo para cima de Luana surgiu.

- Você lembra oque aconteceu ontem? - perguntou Dante

- Sim.

- Sua cabeça ainda dói?

- Sim. - passei a mão no cabelo - Um pouco.

- Está saindo com Diego?

- O que? - assustei-me com a pergunta

A lembrança de Dante flertando com uma menina ruiva no refeitório voltou para minha mente, não perguntei nada a ele sobre isso. Então, por que ele se mete tanto na minha vida? Por fim, ele falou:

- Vi vocês dois chegando juntos ontem.

- Ele me convidou, eu fui.

- Não foi essa a mesma desculpa que você usou da última vez que perguntei?

- Então por que continua perguntando?



Aqueles olhos cinzas me encararam pensativos pelos segundos seguintes, que pareceram durar uma eternidade. Um arrependimento cresceu dentro de mim, eu não deveria ter sido tão grossa com ele. Afinal, foi ele quem me trouxe até aqui.

- Desculpe..

- Não precisa. - disse ele se levantando - Vou chamar uma enfermeira.



Dante se foi e fiquei sozinha, minha cabeça começou a doer ainda mais. Uma mulher uniformizada entrou no quarto, perguntou como eu estava e se minha cabeça ainda doía, apenas assenti. Ela me deu alguns remédios e disse que voltaria com meu almoço. Assim que virou e se foi, Dante voltou para o quarto.

- Almoço? - perguntei - Quanto tempo fiquei desacordada?

- Já são 13 horas, milady. - ele voltou a sentar-se na cadeira.



Ficamos alguns minutos em silêncio, cada um com seus próprios pensamentos. Foi o suficiente para minha comida chegar. Levei minha mão até a bandeja, peguei a colher, ela parecia mais pesada que o normal. Tentei me concentrar para pegar a comida, mas quando fui levá-la até a boca, caiu tudo no prato de volta.

- Deixe que eu te ajudo. - disse Dante



Ele aproximou a poltrona da maca, pegou a colher e levou até minha boca. Eu devo ter corado, pois nunca ninguém, nem minha mãe, faz algo assim quando eu ficava doente. Os remédios e o soro deveriam ter me deixado meio molenga, eu não tinha energia para me mexer. Eu falei:

- Posso te fazer uma pergunta?

- Sim. - ele estava concentrado em levar a colher até minha boca

- Por que você tem a tatuagem de uma Máscara Hannya?



Dante parou para pensar um pouco, até demorou alguns segundos a mais para pegar minha comida.

- Você lembra o significado dela? - ele perguntou

- Sentimentos humanos. Paixão, vingança, inveja, ódio...

- Sim, geralmente paixões que não deram certo. - seus olhos encontraram o meu por alguns segundos - E foi exatamente isso que aconteceu comigo.

- Então você resolveu homenagear isso com uma tatuagem? - perguntei

- Eu amava uma garota e achei que ela me amasse também. Fizemos tantas coisas juntos... - um suspiro escapou de seus lábios - Então, um dia, ela apareceu com outro cara. E quando fui questioná-la sobre nós e nossos sentimentos, ela apenas riu e perguntou: "que sentimentos?" Isso foi na frente de todos.

Ele não olhava mais pra mim, seus olhos iam do prato para minha boca. Dante sempre parecia estar perturbado com alguma coisa, talvez ainda não tenha superado. Acho que não foi uma boa ideia perguntá-lo sobre isso.

- Então quando decidi fazer uma tatuagem... - continuou ele - Não havia nada mais que eu quisesse expressar além do meu ódio.



Terminei de comer e Dante levou a bandeja até a mesa, nesse meio tempo eu me levantei, e quando ele voltava eu lhe dei uma abraço.

- Sinto muito. - falei - Não queria ter o lembrado disso.

- Não há problemas. - ele me abraçou de volta.

A porta foi aberta e uma enfermeira entrou. "Há visita para você, Alana." Disse ela. Pegou a bandeja e se foi, ao mesmo tempo em que Diego passa pela porta.


Diego tinha um olhar assustado, correu em minha direção, com um abraço.

- Ontem a noite você me entregou o violão e saiu correndo, e não entendi nada, quando cheguei na confusão fiquei sabendo que tinham a levado para a enfermaria. - ele se afastou um pouco para olhar pra mim - Eu fiquei tão preocupado...

- Relaxe, já estou bem. - confortei-o - Dante foi quem me trouxe pra cá.

- Obrigado. - Diego disse para Dante - Se você não se importa, poderia deixar-nos a sós?

Dante assentiu e se foi. Eu não estava conseguindo ficar em pé por mais muito tempo, zonza, fui até a maca e me deitei. Diego sentou na poltrona onde estivera Dante antes, seu sorriso borbulhava felicidade.

- Tenho uma proposta para lhe fazer. - disse ele segurando em minhas mãos

Augusto Cury nos disse para amar! [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora