Havíamos acabado de nos mudar para um apartamento em Brasília. Eu não estava muito feliz com a ideia, praticamente recomeçar minha vida social, já que eu não conhecia ninguém. Também sentiria falta do espaço e a tranquilidade de nossa antiga casa, todavia, oque ainda me deixava mais triste é que fui obrigada a doar o Sakamoto, meu cachorro, minha única companhia dentro daquele lugar.
Muitos de meus pertences não vieram juntos, apenas os móveis e roupas básicas. Organizei tudo em seu devido lugar, mas aquele quarto não parece ser meu. Faltava alguma coisa.
Anoiteceu e fomos jantar em um restaurante. Minha mãe e meu pai ficaram a noite toda conversando sobre negócios, investimentos, essas coisas que nada entendo. Ao voltar para casa logo adormeci.
De manhã acordei e abri a janela, observei a linda vista que meu quarto tinha para a área de serviços do prédio. Fui para a cozinha tomar meu café e percebi que não havia ninguém em casa, meus pais nunca avisavam quando saíam. Nem bilhete, nem nada.
A casa estava em um silêncio perturbador. Sakamoto e suas bagunças realmente iriam fazer uma grande falta, mas naquele ovo que chamavam de casa, não havia lugar para um pastor alemão.
A campainha tocou e eu me assustei, não estava acostumada com isso. Ainda de pijama fui abrir a porta.
Parado em frente á minha frente estava um garoto, tinha a minha altura, segurava algo em suas mãos. Senti seus olhos castanhos fitando-me da cabeça aos pés, e suas buchechas coraram.
- Meus pais mandaram-me aqui para entregar uma cesta de café da manhã, como boas-vindas. - ele esticou a cesta em minha direção - Se mudaram ontem, né?
Analisei a cesta e, meu Deus, havia muita coisa ali. Pães, biscoitos, geléia, torradas... e o garoto continuava parado em frente á porta.
- Sim. - respondi sua pergunta - Meus pais não estão em casa, mas vou avisa-los sobre a cesta. Obrigada.
- Espero que goste da cidade.
O garoto lançou-me um sorriso sincero, parecia perceber em meu olhar que eu não estava muito contente. Olhei para trás, depois de volta para o garoto. Por fim, falei:
- Quer entrar e tomar café comigo? Há muita coisa nessa cesta.
Sentamo-nos na mesa da cozinha, comecei a desfazer a cesta enquanto ele me encarava.
- Qual o seu nome? - perguntei
- Júlio, e o seu?
- Alana.
Tomamos nosso café enquanto conversávamos. Primeiramente sobre a vizinhança e a cidade, ele também não gostava de viver ali. Descobri que ele tinha um gosto muito parecido com o meu, não era tão fã de animes, mas assim como eu gostava de ação e suspense. Livros e bandas de rock também era algo em comum entre nós, assunto foi oque não faltou.
Por fim, acabei dizendo a ele que eu não estava satisfeita com o meu quarto, pois ele mencionou que no dele havia vários livros e action figures. Júlio perguntou se eu queria sua ajuda para decorar meu quarto, ele conhecia uma loja geek perto de casa, se eu quisesse poderia ir com ele.
Lavei a louça e saí com Júlio para comprar coisas novas, por sorte ainda me restava um pouco de dinheiro na minha carteira.
Ao chegarmos na loja que Júlio havia dito me surpreendi, pois na minha antiga cidade não se via coisas assim. Nas prateleiras haviam vários livros, HQs, action figures, mangás, quadros, decorações... eu com certeza voltaria ali para comprar mais, muito mais.
Júlio me ajudou a escolher oque compraria primeiro. Peguei alguns postêrs, um quadro e mini action figures do batman, homem de ferro e lanterna verde, pois os grandes eram mais caros.
Voltamos para casa e corremos em direção ao meu quarto, ele me ajudaria também a reorganizar tudo. Trocamos móveis de lugar e achamos espaço para as novas decorações. Nós riamos muito, arrumar o quarto era divertido com ele.
- Eu não curto muito animes ou coisas em 2D - começou Júlio - Mas essa garota aqui é linda!
- Ah sim, ela é mesmo! - olhei o postêr que ele segurava - é a Kan-u.
- Parece com você.
- Nada a ver - eu ri e voltei ao meu trabalho - esse cabelo e esse corpo, ela é perfeita. Não sou nada demais.
- Achei você bonita. - ele ainda encarava a foto
- Sou uma garota e não gosto de moda ou gastar horas me arrumando. Talvez, por isso, eu seja considerada feia perto das outras.
- A vaidade é o caminho mais curto para o paraíso da satisfação, porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve. - ele enfim colou o postêr na parede - Você é bonita do jeito que é, tem bom gosto e é inteligente. E melhor de tudo, você é você, oque a torna única.
Encontrar um amigo na nova cidade não foi tão dificil assim. Júlio seria meu melhor amigo...
Ouvi o som da porta da sala sendo aberta, meus pais haviam chegado. Pensamentos surgiram em minha mente. Me caiu a ficha que tudo oque fiz foi sem autorização deles, eu estava sozinha em casa com um garoto que acabara de conhecer e, pra piorar, abri a cesta de café da manhã que pertencia a eles.
Passos se aproximavam pelo corredor, levantei-me do chão e encostei na parede. Minha mãe. Seus olhos varreram a bagunça em que ainda se encontrava meu quarto, arregalaram-se quando pararam em Júlio, foram tomados pela fúria ao serem direcionados para mim.
Oque aconteceu em seguida é algo bem simples de explicar: Minha mãe surtou.
Começou gritando para que Júlio fosse embora, ele olhou para mim antes de ir e eu assenti. Ele não queria, lançou-me um olhar preocupado por alguns segundos, mas foi arrancado da casa pelo meu pai.
Então fiquei sozinha em um cômodo com duas pessoas com os piores sentimentos do mundo á flor da pele. Mamãe com raiva deslizou suas mãos pelas paredes, arrancando postêrs e quadros. Bateu em meus actions figures, derrubando-os da escrivaninha. Tudo isso enquanto ainda gritava. Não consegui fazer nada, apenas permaneci imóvel em um canto entre duas paredes.
Meu pai então começou a chamar-me de vagabunda, pois sabia muito bem oque eu fazia com um garoto dentro do meu quarto. Ele se retirou, minha mãe antes de fazer o mesmo, parou, se virou e disse:
-Amanhã iremos fazer um exame de hímen.
❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤
Heey terráqueos ❤ como estão?
Bem, flashbacks deveriam ser curtos capítulos em que mostro um pouco de alguns acontecimentos no passado da Alana, mas esse aqui acabou que se estendendo mais do que deveria hahaha meu Deus, 1125 palavras não era oque eu esperava.
Enfim, espero que estejam gostando ˚ω˚ deixem sua estrelinha e se puderem comentar, é demasiado de importante pra mim ❤.❤
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Augusto Cury nos disse para amar! [Completo]
De Todo[Esta história foi iniciada quando eu tinha 13 anos, então o começo pode ser bem bobo e cansativo, mas não vou edita-la, pois mostra minha evolução na escrita. Espero que gostem ♡] Sinopse: Alana é rejeitada pela mãe, seu pai fica meses fora de ca...