Dormiu mal e pegou um transito fodido do Harlem à Tribeca para chegar às oito em ponto. O humor estava péssimo, exatamente como ele gostava de estar em situações assim. Parou o carro em fila dupla, em frente ao moderno prédio. A empresa tinha um prédio próprio, de aproximadamente vinte andares, que contava com um pátio imenso, ocupando basicamente duas esquinas de um quarteirão (do lado menor do retângulo que formava uma quadra) e poderia se passar por uma galeria de arte ou museu, tamanha sua suntuosidade. O prédio em si, tinha formas retangulares e uma cor azulada, basicamente de vidro. Lembrava uma pedra preciosa polida. Ou, dependendo do ângulo, a Freedom Tower, só que bem menor. O pátio era de concreto, o que o deixava muito claro, e no seu centro, uma fonte de água com uma escultura feita em material levemente translúcido, talvez vidro ou acrílico de tons variados de azul. À sua volta, alguns bancos.
Maguire atravessou o pátio e entrou no imenso hall com pé direito duplo (ou triplo, era bem alto!) de recepção da tal empresa. Lá dentro, o visual era um pouco mais frio, com cores entre o cinza, azul escuro e preto. Exceto por um detalhe, que na verdade não era nada discreto; atrás do balcão de recepção e na frente do que seriam possivelmente os elevadores, está uma grande estrutura de vidro na cor azul. Dentro dessa escultura, é possível ver algumas manchas, que pareciam se mover por conta da luz projetada na peça. Era como um tipo de reprodução de uma tanzanita em estado bruto, uma pedra preciosa rara e de alto valor, também conhecida por "blue velvet".
É incrível como esse cara é megalomaníaco!
Maguire se dirigiu à moça da recepção ainda com um pouco de asco no tom. Queria falar com uma funcionária chamada Claudia Cazarotto. Ele sabia de que setor ela era? claro, que sabia, era da contabilidade. E quem desejava? Aidan Maguire. E assim seguiu o diálogo com algumas enrolações básicas, antes de a moça informar que não havia informações sobre a funcionária Claudia Cazarotto.
— Como não? Ela consta como funcionária, certo?
— Bem... senhor, não estou autorizada a informar.
— Ora, mas que cap... — ele respira — Tá, quero falar com a diretoria, me passa pro Cunnings.
— Desculpe senhor, mas para falar com a diretoria você precisará agendar.
— Eu sou policial mocinha, quero falar com a diretoria agora — e ele mostra o distintivo para ela — Se não me passar para eles, estará cometendo obstrução de investigação.
— Entendo senhor, nesse caso, o senhor poderia me mostrar o mandado?
Maguire bufa enquanto olha para cima, tentando se acalmar e pensar numa forma de burlar a impassível recepcionista. Ele balança a cabeça negativamente e sorri. Depois a encara um pouco mais amigável.
— Veja, não existe mandado sempre, em alguns casos apenas precisamos conversar com as pessoas, sem precisar fazer isso à força diante um documento expedido por um juiz, entende?
— Sim senhor, perfeitamente. Porém nesse caso, o senhor precisará agendar um dia e...
Maguire vira a cabeça para cima enquanto gira seu corpo em direção à saída, não terminando de ouvir o que a "recepcionista-robô" dizia.
— É inútil! – bufou enquanto saía do prédio, furioso e frustrado.
De repente ele lembra: Cunnings são bandidos, e não existe só um. Ele saca o celular do bolso e procura por um número. Agradeça ao seu irmão assassino por isso, Seth Cunnings.
O telefone toca até cair na secretária. Ele liga uma segunda vez; a mesma coisa. Maguire fica furioso. Esse filho da puta deve saber que sou eu. Quer saber? Ele resolve ligar novamente. Mais uma vez cai na secretária eletrônica.
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Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]
General FictionROMANCE + THRILLER DE CONSPIRAÇÃO Claudia Cazarotto é uma contadora brasileira que decide esquecer o turbulento passado em São Paulo e busca em Nova Iorque uma nova chance de recomeçar sua vida. Depois de dois anos sem um bom emprego, ela é...