Capítulo 62: comida e negócios

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— E este aqui é o deck do quarto! – disse Leontine animadamente.

— É realmente impressionante, o espaço é incrível! – Cláudia admirou, e voltou-se para West – parece uma casa perfeita para montar uma família, não?

Brincou mantendo a expressão serena, já esperando a cara um tanto constrangida que ele previsivelmente faria. De certa forma, Leontine o acompanhou no constrangimento e então rapidamente chamou a atenção para outra coisa:

— Eu acho que West fez uma escolha ótima, em especial lá pelo quintal, onde vamos almoçar nesse dia lindo! – agarrou o braço de Lucca – você pre-ci-sa ver o que o decorador que indiquei fez no espaço.

— Ah, aquele que usou umas estampas do Herchkovich pra compor com os móveis? – animou-se a seguindo empolgado.

Leontine e Lucca seguiam a frente tagarelando sobre as novidades – Lucca estava indo morar em um dormitório próximo a faculdade –, e falando com os demais ao mesmo tempo em que os ignoravam.

West se aproximou assim que eles se afastaram, e no caminho perguntou à Cláudia sobre como ela havia conhecido o chefe Nakashima. A contadora olhou para ele franzindo a testa, como quem tentasse se lembrar a quem ele se referia.

— O Japonês... – completou constrangido.

— Humm, sim, Nakashima é um nome japonês, mas... Ah! Lembrei, algum amigo meu do consulado falou dele – riu e ironizou – parece que eu me dou bem com os descendentes! – brincou apontando para a direção do sobrinho e os dois sorriram.

West não a deteve novamente. Apenas a observou se afastar um pouco mais dele. ela era realmente boa em disfarçar, mas West tinha lá seus trinta anos de profissão e sabia identificar quando alguém mentia.

O almoço seguiu melhor do que se podia imaginar, e em partes isso foi de responsabilidade de Lucca – revelando uma admirável destreza social para um jovem estrangeiro – que soube manejar os interesses das conversas e até conseguiu uma participação maior e amigável por parte de West (geralmente tão calado).

***

Enquanto arrumava algumas de suas roupas, Leontine viu uma oportunidade de perguntar algo à West sem levantar suspeitas.

— Eu não sabia que você estava trabalhando com o pai da Yukie... o Nakashima. Ele que te procurou?

— Ah, hum... uma indicação... – respondeu sem muita atenção.

Leontine franziu a testa enquanto dobrava algumas blusinhas.

O que ela ouviu mais cedo enquanto Cláudia e West trocaram algumas poucas palavras fez sentido. E isso a deixou encucada.

***

Aquela tarde em especial estava típica da primavera. Caia pela segunda vez uma chuva grossa que começou tão repentinamente quanto terminou a anterior. Dentro do escritório, Cláudia não conseguia ouvir, mas a observava distraidamente e sobressaltou quando o telefone tocou.

Olhou a hora e atendeu.

— Obrigada Ana – desligou.

A secretaria nada precisou falar, pois Cláudia já sabia do que se tratava.

Há alguns dias havia pedido para Ana Lucia conseguisse a agenda de compromissos da funcionaria do consulado, Olivia Tokugawa. Com alguns contatos, pode ver que ela compareceu a alguns compromissos em jantares e reuniões, e que naquele dia, estaria almoçando em um recém inaugurado restaurante japonês, não tão distante dali.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora