Capítulo 15: Seth Cunnings bate à porta.

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Seth Cunnings esperava ver uma mulher elegante vestida em algum tipo de vestido casual, afinal ela estaria em casa. Mas o que vê é um pouco mais casual do que esperava, e no fundo ele apreciou ainda mais. Claudia estava sem maquiagem e com os cabelos presos de um jeito despojado, com alguns fios soltos, e usava uma bonita blusa de linha. Para ele, ela pareceu linda. E secretamente Seth sentiu-se mais à vontade com ela vestida com roupas de casa e não tão bem arrumada. Mulheres bonitas e de personalidade como ela às vezes eram intimidadoras, por mais que ele fingisse não se abalar.

Ele percebeu que ela estava sem sutiã e imediatamente se viu com as mãos por baixo da blusa dela. Mas afastou a visão de sua mente o mais rápido possível, e sorriu:

— Como vai senhorita Cazarotto?

O impacto de vê-lo foi tão grande que ela chegou a dar um passo para trás. Estava morta de medo por aquele homem aparecer na frente dela, e ao mesmo tempo encantada com seu sorriso branco e jeito garboso. Ele estava com um terno preto de corte impecável como sempre e um sobretudo de cor grafite de uma elegância digna de nobres europeus. E ela com o suéter velho rosa e uma calça bailarina. E descalça.

— Senhor Cunnings! Eu, sinceramente não o esperava.

Que tal ligar antes?

— Desculpe não ter ligado antes avisando... é que consegui uma horinha e aproveitei para vir falar com você.

Ah, sim.

— Bem... ahn, entre eu... entre, fique à vontade.

Seth entrou e seguiu Claudia até a sala, onde se sentaram; ele em uma ponta do sofá, ela basicamente na outra ponta.

— O apartamento está confortável para seu gosto?

— É lindo.

Exceto por não ter janelas e me fazer sentir estar dentro de uma caixa de sapatos com dois buracos grandes no fundo, que seria tipo onde é o quarto.

— Mas há algo... ele não tem janelas? Isso é muito estranho, você não se incomoda?

Esse cara tá me assustando, ele lê pensamentos?

— er... bem... – ela aponta para o quarto, que está com a porta aberta e por isso é possível ver as grandes janelas ao fundo – no quarto tem, e são grandes!

— Hum. Preferiria um lugar cheio de janelas como aquelas... me sentiria sufocado aqui. Sinto muito o descuido, as coisas foram feitas às pressas.

— Naturalmente. Isso aqui é quase uma prisão.

Claudia estava séria a olhar para Seth. Ele que antes tinha uma expressão animada, fecha-se um pouco mais. Uma leve tensão paira no ar enquanto Claudia o encara.

Seth parece não saber do que ela falava, fora o estranhamento pelo tom ríspido que ela tinha usado, pra ele a palavra "prisão" não parecia ter feito o menor sentido e isso a irritou. Ela desvia o olhar e parece calcular o que irá falar. Apesar de curioso, Seth espera pacientemente a deixa de Claudia. Ela se levanta e alcança uma pasta em uma bolsa que estava por perto. Senta-se novamente e se dirige para Cunnings, mais decidida:

— Senhor Cunnings. Precisamos ser sinceros quando iniciamos uma parceria como a nossa.

— De acordo. Só Cunnings, por favor.

— Certo, Cunnings... Como deve saber, se leu meu currículo, já trabalhei com multinacionais e órgãos governamentais e tenho o cuidado ético de lidar com as informações de forma sigilosa. A partir do momento que aceitei entrar na Blue Velvet sabia das responsabilidades, muito embora os riscos que corri esses dias não estivessem explícitos no contrato – ela levanta umas folhas que possivelmente seriam o contrato – dessa forma, eu quero que entenda uma coisa; eu percebo com o que estou lidando desde que peguei as pastas do Jagger, sei que você tem mais experiência no mercado e obviamente influências nele (e ousaria dizer bem além dele também) e não tenho a mínima intenção de me envolver em situações em que minhas ações vão de encontro aos seus objetivos, não sou idiota, muito pelo contrario. Se estou viva e sã aqui na sua frente, é porque eu não me meto nos assuntos dos meus superiores. Você está me acompanhando?

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora