O final de semana na casa dos Silva nos Hamptons foi além de útil para seus contatos sociais, revigorante. Cláudia chegou segunda feira ao escritório com um tom de pele mais saudável e com a disposição bem melhor, o que foi imediatamente notado por Seth assim que ela entrou em sua sala.
— Obrigada. Peguei um sol este final de semana – sorriu, e se aproximou da mesa com algumas pastas – aqui estão as análises que pediu – Cláudia deixou as pastas na frente de Seth, que estava basicamente rodeado de papéis aos quais parecia analisar. Ele agradeceu e ela deu meia volta em direção à porta.
Seth olhou para Claudia indo embora e se questionou se deveria ou não lhe fazer aquela pergunta. Na verdade, pediu que ela subisse com as pastas com esse intuito, mas quando ela chegou desistiu da ideia. No entanto, aquilo não lhe saía da cabeça desde a conversa no terraço do prédio dela.
— Cláudia.
Ela parou a apenas alguns passos da porta e virou. Seth estava entre os papéis em sua mesa com uma expressão estranha. Vagarosamente ele se levantou. Encararam-se uns segundos enquanto Cláudia se perguntava o porquê dele a ter chamado.
— Eu estive pensando... – desviou o olhar e colocou a ponta dos dedos em cima da mesa, se apoiando – se você saberia o motivo de Copas querer matar Marcus – levantou seus olhos escuros e os pousou nos dela, que levemente tremeram.
Claro que ela sabia. Lembrava claramente. E na verdade lhe parecia legítimo, ainda mais levando em conta o tipo de relação e caráter desse tipo de pessoa que fazia esse tipo de coisa. Essas coisas, de matar por profissão, dinheiro ou pelo país.
Ela olhava para Seth, mas não sabia o que lhe dizer. Sabia que se contasse ele poderia não acreditar. Mas o que isso lhe importava? E mais, o que saber a verdade importaria para ele, já que certamente iria querer proteger o irmão?
Se ele souber a verdade e tiver o caráter que mostra até agora, não vai conseguir aceitar o que irmão fez. E ele quer saber o motivo justamente por que isso o perturba.
Cláudia tinha a respiração lenta enquanto organizava seus pensamentos. Instintivamente se posicionou basicamente de frente para Seth, mas não se aproximou um passo, demonstrando que não pretendia prolongar sua presença ali e disse:
— Dias atrás eu lhe perguntei quem era ela, e você me respondeu que não poderia dizer, pois isso não seria direito seu. Eu entendi e concordei. Na verdade, é o melhor. Eu também não gostaria de me intrometer nos assuntos dela, não é meu direito.
Seth sorriu com a situação que se invertera. E argumentou:
— Entendo o ponto, naturalmente. Mas veja, este caso se trata do destino do meu irmão, então o motivo dela, por mais pessoal que seja, é de interesse meu. Concorda? – Cláudia apenas entreabriu a boca, mas Seth continuou antes que ela falasse algo – Vamos fazer um acordo, pois tenho total confiança em você: você me conta o motivo dela e eu te digo quem ela é.
Seth estava confiante a encarando. Cláudia abaixou o olhar e ele pensou que tinha ganhado, porém o que ela realmente pensava era sobre o que ele precisaria fazer ao saber o motivo, afinal, teria que dar razão à Copas e ir contra a família. Seria uma decisão difícil.
Quando Cláudia levantou seus olhos, Seth perdeu parte de sua confiança. Ela tinha uma expressão quase de compaixão, muito estranha para quem iria fechar um negócio lucrativo.
— Quando sabemos a verdade, dificilmente conseguimos nos enganar – sorriu compreensiva e em seguida sua expressão ficou séria – Se eu te contar o motivo dela, então você saberá. E não poderá voltar atrás quanto a isso.
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Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]
General FictionROMANCE + THRILLER DE CONSPIRAÇÃO Claudia Cazarotto é uma contadora brasileira que decide esquecer o turbulento passado em São Paulo e busca em Nova Iorque uma nova chance de recomeçar sua vida. Depois de dois anos sem um bom emprego, ela é...