Capítulo 7: E assim termina a semana.

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Maguire estava sentado à mesa e depois de quinze minutos, o garçom se aproximou novamente, perguntando se ele queria fazer o pedido. Ele não queria, estava esperando alguém. O garçom avisou que a cozinha fecharia em torno de meia hora.

— Mas eu pensei que ficassem abertos até as uma da madrugada!

— Sim senhor, o bar permanece aberto, mas os pedidos para a cozinha encerram antes.

Checou o velho relógio no pulso. Ela estava atrasada. Talvez pudesse pedir antes, pra quando ela chegar... mas e se ela não viesse? Talvez tenha pensado melhor, e decidido não vir.

— Vou esperar. Mas me traz um Bourbon.

De qualquer forma, preferia beber a comer. Se quisesse comer sozinho, iria a um bom e velho cachorro quente. Ao menos saberia que comeria bem e não pagaria um absurdo.

Ele estava relativamente habituado ao lugar, então os preços não o surpreenderam tanto. Costumava vir nesse restaurante com a esposa. Era o que ele conseguia pagar. Um meio termo entre a barraquinha da esquina e um Michael's. Ele poderia ter escolhido outro, na verdade seria até de melhor tom. Levar a namorada no mesmo lugar que se levava a esposa poderia parecer estranho. Mas pela primeira vez, ele não pensou na ex. Sempre que arrumava uma paquera e chamava pra sair, pensava em Bridget; onde ela gostava de ir e o que gostava de fazer. Dessa vez, pensou em Claudia e lembrou desse restaurante. E puxando pela memória, não era a esposa que sugeria ir lá, quando tinham que escolher um lugar especial, mas ele próprio. Talvez ele não tenha levado outras lá, porque não achava que valia a pena dividir um pouco de si com elas.

Ele olha de novo o relógio; onze e meia.

O restaurante ficava em uma típica rua do Upper West Side, com árvores na calçada. A construção era um prédio antigo, do pós guerra, muito bonito. A entrada do lugar tinha um típico toldo vermelho. Do lado da entrada, uma pequena varanda descoberta, delimitada por uma grade de ferro decorativa e ornamentada com flores.

Maguire estava sentado nas mesas do lado de fora, ao lado da grade.

Ele se levanta, devagar.

— Ei!

Ele olha para o lado.

Era Claudia, com bochechas avermelhadas e um pouco ofegante.

— Sente aí, já estou entrando!

Ela se dirigiu à entrada com passos apressados. Logo ela apareceu na frente de Maguire, que continuou de pé, esperando-a. Secretamente embasbacado pela beleza dela, produzida daquele jeito. Ela sorriu e o cumprimentou com um beijo e um abraço.

— Desculpe a demora, vamos sentar!

— Tudo bem. Você havia dito que teria um compromisso de trabalho hoje, foi tudo bem?

Onde ela trabalha, vestida desse jeito? Parece que vai numa entrega de prêmio de cinema.

— Sim, foi ótimo! Fomos conhecer a diretoria da empresa.

— Ah, sim! Foi uma festa ou algo assim? Digo isso porque você está toda bem vestida... quer dizer, você sempre está bem vestida. Hum. Você fica bem de qualquer maneira, até não vestida. Digo... você está linda.

E eu sou um idiota.

Maguire sorriu amarelo. Claudia achava graça do jeito que ele falou.

— Você tá nervoso? Tá meio... blá-blá-ahn-hum-tô-falando-engraçado.

Claudia imitou o jeito dele.

— Há, há... Foi mal. Fiquei sem graça. Achei que fosse me dar um bolo, daí você apareceu tipo, uau, e eu fiquei assim, blá-blá-ahn-sei-lá-o-que.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora