Capítulo 17: A Conversa de Cláudia e Maguire

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No sábado de manhã, Claudia combinou com seu guarda costas que iria retornar à sua rotina de corridas matinais, e assim foi. Ela estava sentindo falta disso, a sensação do vento no rosto, os pés batendo no chão e o corpo no ar por alguns segundos, sentir toda extensão de seu corpo e os músculos trabalhando, lhe dava a sensação de domínio sobre si mesma. Além disso, os pensamentos sempre clareavam.

E foi justamente depois dessa gratificante corrida matinal que ela colocou a cabeça em ordem e tomou finalmente a decisão de ligar para Maguire.

Naquele mesmo sábado, Maguire tocava a campainha por volta das sete da noite.

Internamente, se lamentou por não morar mais perto, o que facilitaria caso houvesse alguma emergência, mas por outro lado, achava que Tribeca combinava mais com ela. Uma mudança drástica e repentina. Aí tinha coisa.

Quando Claudia abriu a porta deu de cara com o mesmo homem de vestes surradas de sempre, mas que trocou o blazer do trabalho por um suéter fino.

Ela abriu um grande sorriso de boas vindas e ele sentiu sua genitália pulsar e suas pernas tremerem um pouco, criticando a si mesmo pela reação adolescente de excitação e ansiedade. Seus pensamentos se confundiam entre o desejo que sentia por ela, e a preocupação com o que havia acontecido.

Claudia o convidou a entrar e ficar à vontade.

Maguire se sentiu estranho. Nunca tinha saído com uma mulher que morasse num lugar elegante daquele. Esfregou as mãos nas pernas, procurando o que fazer com elas que não fosse enfiar no bolso. Enquanto olhava ao redor, viu seu reflexo em um grande espelho que fazia parte da decoração da sala. Amaldiçoou seu espelho do banheiro de 20 por 20 centímetros, que não lhe deixou ver o quanto a gola de sua camisa estava amarrotada, seu suéter desbotado e sua calça marcada pelas dobras. Bufou e acabou colocando as mãos no bolso. Ainda pelo espelho viu Claudia, que havia ido fazer qualquer coisa próxima à cozinha, se aproximando dele. Agora reparou que ela usava uma calça de tecido cinza de um corte muito elegante, uma camisa de um material fluido e um tipo de cardigã aberto com grandes pontas, além de um fino colar comprido de cor dourada.

— E então, nós vamos aonde? – perguntou enquanto se virava para ela com receio da resposta, visto a discrepância entre os visuais deles.

Claudia para em frente a ele, com uma expressão de curiosidade.

— Ah... eu pensei de ficarmos aqui, pedir alguma coisa pra comer, talvez ver um filme...

— Certo, por mim tudo bem... é que, você está toda arrumada...

— Ah, que isso – Claudia ri divertida enquanto pega as mãos de Maguire e puxa para suas costas, fazendo-o abraçá-la – não precisa falar esse tipo de coisa, você já ganhou a garota.

Colados, eles se beijam. Se abraçando densamente, com carinho. O calor de seus corpos era sentido com um grande alívio. Mesmo sem saber os motivos de cada um, eles ansiavam por esse contato, quando saberiam que estariam em segurança nos braços um do outro. Ao se desfazerem do abraço, sorriram.

— Então você fica elegante assim mesmo em casa? Tô curioso pra ver o seu pijama – e ele estica o pescoço em direção ao que seria (obviamente) a porta do quarto.

— Ai, tá bem, você meio que me pegou! Eu dei um pulinho na rua, pra comprar umas bebidas pra gente. Não consegui te fazer acreditar que sou uma perua, ne?

— Não, não... você é muito distinta ao meu ver. Na verdade, eu imagino que você ande assim em casa. Só perguntei por hábito por que... eu tô acostumado com gente normal né?

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora