O dia seguiu normalmente até a hora do almoço, quando saiu junto com Rebecca para lancharem algo leve, como um sanduiche ou algo assim.
O assunto do momento era uma socialite que havia se separado do marido que estava envolvido com algum escândalo envolvendo política e corrupção, mas que na verdade estava se separando, diziam as más línguas, por conta de ameaças que faziam ao cara e se estenderam à ela e aos filhos.
— Isso é verdade? Parece absurdo... – duvidou Rebecca.
— Também não sei se é verdade, mas foi o que ouvi. Uma amiga disse.
— Que amiga, Cláudia? – indagou, depois levantou as sobrancelhas – Ah claro, isso deve ser coisa da tal Leontine. Ela deve saber dessas coisas podres do submundo.
— Xi, tá por fora amiga, eu disse "uma amiga" pra ser discreta, mas quem tava comentando isso hoje cedo foi a Summers.
— Não! – fez cara de surpresa – como ela sabe? Ah mas... faz todo sentido, o pessoal do meio empresarial sabe de todas as fofocas. Isso é até útil as vezes...
— Mas que coisa escrota né, amiga? O cara faz uma merda e quem paga é a família...
— Ah, o pessoal é baixo né? Tenta atingir no que é mais fraco ou mais importante pras pessoas.
— É verdade... — riu com o que acabara de pensar e disse em seguida — Devia ter uma agência de seguros para esposas da máfia ou políticos que embarcasse seguros contra ameaças provindas de inimigos do chefe da família.
Riram ao pensar nisso. Nessa empreitada ou ganhariam muito dinheiro ou perderiam tudo.
***
Já era pelo menos a terceira semana que combinavam de almoçar juntos.
Basicamente, todos os dias em que Cláudia tinha suas aulas de defesa pessoal, ele aparecia mais cedo na empresa. Conversa vai e conversa vem, combinavam de se ver no almoço, afinal ele teria que acompanhar a patroa no final do expediente de qualquer forma.
Lucinha e Jimmy se falavam pouco, apesar de trabalharem para a mesma pessoa, basicamente só se viam quando a patroa estava presente, e por causa dela mesma, que os convidava. Lucinha percebeu que o rapaz havia arrastado uma asa para ela, mas o achava muito novo. Mas dava corda, gostava da brincadeira da conquista. Porem, de umas semanas para cá é que começaram a se falar mais. Nada serio.
Nesse dia em especial ele andava perguntando demais sobre a rotina de sua chefe, mas principalmente sobre o quanto determinadas pessoas falavam com ela, especialmente gente do departamento de segurança. De inicio ela respondia, pois pareciam perguntas comuns (e afinal, ele era guarda costas da mulher), mas depois se incomodou. Não via porque aquele relatório. "Se ela estava dentro da empresa ele que pedisse pra equipe do monitoramento!" Era o que ela pensava.
Pra completar o dia estranho, ao chegar a sua mesa depois do almoço, encontrou uma correspondência em cima dela destinada à Cláudia Cazarotto, como urgente e confidencial. Sem o carimbo de verificação da administração. Chefes de departamento e diretores só recebiam correspondências verificadas. Questão de segurança.
Enquanto ainda pensava no que fazer, em pé na frente de sua mesa olhando para a carta, ouviu os passos seguidos da voz de Cláudia:
— Boa tarde Lucinha, almoçou bem? – percebendo a distração da secretária, mas não se importando muito com isso continuou — é pra mim?
— Ah, e-eu não sei – virou o envelope de um lado para o outro, como se procurasse checar se realmente havia passado pela verificação.
Quando Lucinha virou o envelope, percebeu um pequeno carimbo com um símbolo vermelho de copas e um "C" no meio. Surpresa, tomou a iniciativa de se aproximar para pegar o envelope.
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Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]
General FictionROMANCE + THRILLER DE CONSPIRAÇÃO Claudia Cazarotto é uma contadora brasileira que decide esquecer o turbulento passado em São Paulo e busca em Nova Iorque uma nova chance de recomeçar sua vida. Depois de dois anos sem um bom emprego, ela é...