Assim que deitou em sua cama, repassou tudo o que conversou com Seth naquela noite, bem como todas as conversas que já tiveram antes, tentando analisar os pormenores, a fim de confirmar o que pensava sobre ele.
Passou o domingo na cama, trocando e-mails e mensagens com sua irmã e seu sobrinho, simultaneamente, no tal programa de mensagens em seu notebook. Aquele contato com seus parentes queridos a deixava um pouco mais calma. Para ajudar, colocou uma musica bem alta, alternando entre sambas raízes e jazz, e detonando sacos de salgadinhos e batatas fritas e potes de sorvete.
Para finalizar o dia, um calmante e pronto, conseguiu dormir sem perceber que rolou na cama a noite inteira.
Porém, durante o dia no escritório, uma nova empreitada da Blue Velvet demandou atenção especial da contabilidade; eles precisavam analisar alguns documentos e valores referentes à uma parceria com o governo do estado de Nova Iorque. Ela não viu a cara de Seth Cunnings durante aquele dia.
***
Naquele dia desistiu de comer fora e pediu que Lucinha trouxesse algo para que comessem no escritório, e além de convidar a ela, também chamou Rebecca para comer junto.
— Então a casa está pronta? – Rebecca estava curiosa.
— Sim, e está linda! Não é Lucinha?
— Verdade!
— E você tem que ir lá, alias, pensei em fazer um jantarzinho pra gente... talvez chamar o Maguire e o amigo dele... – comentou Cláudia. Mas logo pareceu desanimar – Se bem que... sei la...
— O que houve? – perguntou Rebecca.
— Ah, não sei... esses tempos o Aidan tava com uns papos, meio que... parece que ele anda querendo dar uma afastada, sabe?
— Mesmo? Porque?
— Não sei... acho que ele entendeu errado um monte de coisas que fiz, deve estar pensando que eu quero apresentar meus pais pra ele, ou pior!
— Nossa, mas o que fez ele pensar assim?
Cláudia então explicou sobre o convite que fez para que ele ficasse na casa dela durante sua recuperação, o encontro casual com os pais dele no hospital e a saída para a pousada. Rebecca então, fez uma expressão compreensiva.
— Bem, Cláudia... parece que você quer algo mais sério mesmo...
— Claro que não Becky... O que eu oferecia à ele é quase a mesma coisa que eu ofereci à você!
— Mas ele é um homem...
— Desculpe, posso me intrometer? – Lucinha disse, comedidamente. E as duas olharam para ela, incentivando que continuasse – Eu acho que o acontecido foi, digamos... um ruído cultural – vendo que as duas não entenderam, ela continuou – sabe? Diferenças culturais... o que você Cláudia, fez, pra mim ou pra qualquer pessoa no nosso país é bem aceitável, você é uma pessoa solicita e bem... é comum a gente ter um comportamento mais gregário, mas pra quem é daqui da cidade, talvez essa gentileza tenha sido interpretada como uma intenção de algo mais íntimo.
Rebecca e Cláudia olhavam pensativas para Lucinha. Fazia muitíssimo sentido o que ela acabava de falar. Era bem verdade que o jeito mais afetivo de Cláudia não era exatamente regra no lugar. Rebecca teve que concordar com a secretária; era uma boa analise, até porque, ela mesma as vezes estranhava essa generosidade toda da amiga que comumente oferecia carona, chamava para comer, convidava muito para ir à sua casa, e se ficava tarde sempre dizia para dormir nela. Pra Becky isso ficou normal, mas como o detetive ainda não a conhecia... Cláudia e Rebecca parabenizaram Lucinha pela observação acertada. Ao que ela respondeu:
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Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]
General FictionROMANCE + THRILLER DE CONSPIRAÇÃO Claudia Cazarotto é uma contadora brasileira que decide esquecer o turbulento passado em São Paulo e busca em Nova Iorque uma nova chance de recomeçar sua vida. Depois de dois anos sem um bom emprego, ela é...