— Você sabe o que isso significa, não é?
— Hum – Seth deu de ombros – que somos adultos e sabemos estabelecer nossos limites.
Cristina soltou uma gargalhada que fez o irmão a encarar imediatamente e com cara fechada. Ao perceber a reação dele, Cristina ficou um pouco sem graça e amenizou. Engoliu o restante do riso e continuou em um tom um pouco mais sério:
— Meu querido. Isso é uma desculpa para que ela não assuma nenhum compromisso e continue saindo com o brutamonte irlandês... – enquanto ela falava Seth virou os olhos, indicando com uma expressão de que ele obviamente já sabia disso – olha, vou te dizer... se fosse um homem falando isso pra mim, eu já tinha dado uma esfriada, mas ela sendo mulher... sou obrigada a assumir que faria o mesmo – riu, pensando nas conversas que teve com Cláudia e achando ela ainda mais interessante. Eram diferentes, mas tinham pontos em comum, um deles era sem duvida, saber "fazer a cama" sem precisar de ajuda. Na condição de mulher, Cristina divertiu-se com o quanto a amiga conseguiria manipular Seth, ao mesmo tempo em que se preocupou com isso, estando também na condição de irmã dele.
— Ah, muito bem! Isso não me parece nada feminista de se dizer
— Sim, por que não é mesmo – riu com sarcasmo – não sou obrigada a erguer nenhuma bandeira social.
— Bem, que seja – Seth vestiu seu blazer cinza claro e começou a se observar no espelho, dando uma ultima conferida em sua aparência – eu não estou preocupado com esse sujeitinho...
— Ah, não? – Cristina o observava, achando graça de sua autoconfiança.
Seth se virou para a irmã enquanto abotoava apenas um dos botões, com um sorriso de lado que, ela admitia, faria chover em algumas calcinhas, e disse enquanto balançava a cabeça negativamente:
— Ora Cristina, por favor – deu uma breve olhada para si mesmo, como se dissesse que ele era, obviamente, mais bonito, interessante, inteligente, melhor em todos os aspectos, que o detetive – Além do que, esse cara está com os dias contados...
Enquanto ele saia com o ar triunfante, Cristina perguntou curiosa:
— Como assim?
— Você vai ter noticias logo... – virou-se pelos calcanhares apenas para encara-la rapidamente – ou melhor, logo não terá noticias. – abriu um sorriso largo e virou as costas, retomando seu caminho e ajeitando os óculos escuros.
***
Acordou naquele sábado ainda um pouco ansiosa pelo encontro. Sim, afinal era um encontro. Diferente daquela saída a noite com Maguire onde tudo já se encaminhava para que, não tendo nenhuma grande decepção durante o bar, a noite terminasse numa cama com os dois entre lençóis, este se tratava de um almoço sem pretensões de esticada. Tanto Cláudia quanto Seth teriam outros compromissos à tarde. E seria natural de se esperar que um cara ocupado como ele não tivesse tanto tempo livre assim. E agora, tendo se aproximado daquelas mulheres, ela mesma também não tinha mais tanto tempo livre.
Seth apareceu para busca-la no exato horário combinado.
Ele agiu como comumente agia, a elogiou e iniciou uma conversa tranquila sobre algum assunto que ele já sabia que era de interesse dela, nesse caso foi relacionado a música, pois segundo ele, o bistrô* que queria lhe apresentar costumava tocar boas musicas e por varias vezes tinham algumas brasileiras no repertório.
Poucos minutos depois chegaram ao local que ficava ali mesmo no bairro que ela morava, um pouco mais pro lado de SoHo, Seth desceu primeiro e abriu a porta. Cláudia não reparou, mas ele deu uma boa olhada ao redor antes de fazer qualquer movimento.
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Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]
General FictionROMANCE + THRILLER DE CONSPIRAÇÃO Claudia Cazarotto é uma contadora brasileira que decide esquecer o turbulento passado em São Paulo e busca em Nova Iorque uma nova chance de recomeçar sua vida. Depois de dois anos sem um bom emprego, ela é...