Capítulo 36: Vamos sair daqui e ir para o "Smiths"

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Quando Claudia abriu os olhos naquela segunda feira seguinte ao terrível final de semana, foi acometida por um desânimo imenso; com que cara iria olhar para Seth Cunnings?

— Dona Claudia, você está bem?

Claudia mal ouviu a voz de Jimmy ao volante, que a encarava pelo espelho retrovisor. Pelo visto, era notório que havia algo de errado.

Se eu preciso me manter, preciso fingir que está tudo bem.

Claudia decidiu então botar em prática essa postura, que aliás, lhe remetia aos anos de auditoria no Brasil. Suspirou pesarosa.

Que inferno voltar à esse joguinho!

Novamente, precisaria fingir que está no controle da situação com sua melhor cara de confiança, muito embora se sentisse como naquela época; declaradamente ameaçada.

Entrou no prédio preparada para o "baile de máscaras".

Para a sua surpresa, o volume de trabalho estava tão grande naquela semana que não houve um único dia que tivesse visto a cara de Seth Cunnings.

Até seu celular tocar no meio da sexta feira.

Era ele.

Respirou fundo, contou até três e atendeu com o máximo de naturalidade.

— Olá!

— Boa tarde minha querida. Me desculpe pela ausência e por não ter combinado com você sobre o dia de pegar o piano, mas tivemos uma semana cheia, não é?

— Bastante! Mas eu gosto quando tem muito trabalho!

— Sei disso, cabeça ocupada é sempre bom, porém "só trabalho, sem diversão, fazem do Jack um bobão!" – riu.

Claudia não queria, mas não contava com essa e riu.

— Por isso, pensei que talvez fosse gostar do que tenho a propor, até por que, não sou o único a fazer o convite...

— Não entendi, como assim?

— Sua amiga, Leontine, me intimou que eu te levasse junto...

— Minha amiga? – Falou com grata surpresa.

— Bem, ao menos ela acha que é... Se você quiser eu marco outro horário e fugimos dela!

Claudia sorriu.

Mas era um dilema, não estava certa de que queria a companhia de Seth, ainda mais sem entender bem essa situação toda pela qual passou no final de semana, e que, não poderia compartilhar com ninguém. Na verdade, estava tão decepcionada que a maior parte daquela energia que existia ao pensar nele, dispersara. Como ela poderia sentir curiosidade ou mesmo tesão por um cara que foi responsável por coagir alguém com um sequestro. Claro que a tal Copas não era flor que se cheirasse, mas o ponto era o tipo de violência da qual ele seria capaz. E para que, ou por que afinal?

Porém, algo lhe passou pela mente; seria interessante conversar com a menina Gambini. Ela pelo visto sabia com o que a família se envolvia, possivelmente seria farinha do mesmo saco, mas sendo mais jovem, talvez fosse mais suscetível. Talvez Claudia pudesse se beneficiar e saber melhor como lidar com essa gente até que conseguisse se desvencilhar disso tudo.

— Eu prefiro ir ao mesmo tempo com ela, afinal ela me convidou.

— Está bem. Será amanhã à noite, passarei para busca-la às oito horas.

Scrupulo - Vale Quanto Pesa [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora