Capítulo 47

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Dois dia se passaram e apesar da incerteza que ronda meus pensamentos me sinto leve e pela primeira vez feliz.Passo minhas horas conversando por mensagem com Christian.Ele ainda está se recuperando do acidente e mesmo tendo tanta saudade , não me sinto encorajada o suficiente para poder encarar o mundo.Will sempre liga para me informar os acontecimentos diários e sobre a busca por Ed...Edward.Posso dizer, na verdade até confirmar o carinho imenso que sinto por Will , em tão pouco tempo ele tem se mostrado tão útil. Pelo menos duas vezes ao dia Kathy liga tentando me persuadir a sair ou até mesmo voltar a rotina diária:Acordar,trabalhar,festejar e dormir.Tento ao máximo não assombra-la com meus pensamentos invasores , as vezes até dispensando-a com um :estou cansada ;não me sinto bem;hoje não;quem sabe outro dia.Mais ela sempre volta a fazer as mesmas perguntas.Tudo tem saído como o previsto.Não me sinto mais ameaçada , mais também não me vejo tão cedo como eu era.As coisas parecem estar se encaixando cada vez mais , a probabilidade de novas viagens surgem por várias vezes em meus pensamentos e seriamente , gostaria de aproveitar o sol em outro lugar.Sentir que as coisas realmente mudaram me favorece a quere sair e mudar também , talvez até pintar o cabelo! Uma ideia tola , mais tão bem vinda.Cheguei até procurar cores que me favorecem , que possam me deixar um pouco mais adulta , despreocupada com a vida.

No quarto os móveis parecem ser maiores que o normal.Me pergunto o porque de ter comprado uma cama de casal , se na verdade no apartamento só mora eu mesma.O closet repleto por roupas e jóias caras , já não fazem o mesmo sentido que antes.Um lado meu mudou , mais ainda não sei dizer exatamente qual.

Sobressalto assim que escuto o telefone tocar.Faço uma breve oração , na tentativa de fazer a pessoa desistir.Não estou em um momento muito alegre para conversar , principalmente tendo a certeza de quem seja.O telefone toca 1,2..3 vezes e antes mesmo que a quarta chamada aconteça o bip da caixa de mensagem apita.Caminho delicadamente , como se cada passo fosse decisivo para um futuro próximo.

Em frente ao telefone , tento soar o menos interessada possível. Revezando o peso de meu corpo sobre os pés , encaro o botão na tentativa de não aperta-lo.Claro que a minha súbita curiosidade de saber quem é , fala bem mais alto.É só uma mensagem sua boba!--penso--Não há nenhum problema...certo?certo?.Antes que eu possa controlar meu próprio corpo , meu dedo aperta o botão. A voz calorosa , de tom grave e conhecida o bastante para me arrepiar com apenas um oi , fala através do telefone.

-- Juro que não estou ligando para te persuadir como Katherine faz todos os dias -- sinto seu sorriso

-- Vai a merda Christian -- escuto sua voz ao fundo

-- Mais não séria nada mau...uma visitinha da minha noiva por aqui.Sinto sua falta...por favor venha me ver assim que possível! Prometo deixar Katherine o mais longe -- sorrir novamente e em seguida faz uma leve reclamação , com certeza devido a suas fraturas e cortes recém cicatrizados do acidente recente.

Meus olhos arregalados continuam a encarar o telefone como se dele fosse sair uma resposta para oque fazer.As vezes acho que espero de mais das coisas , das pessoas.Aprendi um pouco cedo de mais , a ser normal e sinceramente esses últimos dias não tem sido bem assim.Alguns pesadelos vem tomando conta de mim , e considero a fazer uma tipica pergunta " Do que eu tenho medo? "

Olho pela janela o céu de várias cores se transformar em uma noite cheia de estrelas e com um luar de pleno romance.Uma parte minha não consegue tirar os olhos do relógio , como se tivesse alguem me esperando , ou algum lugar importante para ir , e assim me dou conta do que eu realmente quero.

Uma olhada rapidinha no espelho e estou pronta.Pegando as chaves e minha bolsa em cima da mesinha , me direciono para a porta.Sem medo , sem preocupação alguma , só a Ana , a verdadeira Ana saindo e encarando o mundo , como sempre fez.

-- Carro ou taxi?Carro ou taxi? -- me pergunto indecisa enquanto sigo até o elevador

No estacionamento as luzes parecem baixas de mais , ou talvez seja só uma mania minha de enxergar em tudo um possível filme de terror. É como se a minha vida fosse um daqueles filmes assustadores que costumamos assistir em casa com amigos ou no cinema sobre pressão de uma aposta ou puro prazer.Acho que essa sensação faz parte do meu dia-a-dia agora , e eu não tenho como mentir.

As ruas estão calmas e por um momento me sinto confortável com isso.Pessoas caminham rumo a suas casas com crianças ou seus animaizinhos de estimação.É como se um pedaço do mundo tivesse mudado nos poucos dias que me afastei.Me pego pensando em como as calçadas estão mais limpas,os postes de luz clareia com facilidade o caminho e talvez até um lado meu tenha se soltado , ao me permitir sair e perceber nessas pequenas mudanças , que agora significam tanto , um lado positivo.

Em frente ao hall de entrada do hospital, uma culpa repentina me bate. Agradeço em um sussurro,por ter mudado de idéia é ter visto o lado certo, aquele que eu não precisava me preocupar , aquele que eu só precisava seguir em frente.Em meus passos eu vejo um caminho se abrir , com delicadeza,formosura e sensatez.Não é a primeira vez que vou velo, mais sinceramente é como se fosse.Meu coração acelerado me faz se sentir como um adolescente sem graça.Como é bom sentir os segundos restantes que faltam.Como é bom saber que vou ver Christian...depois de tudo.

Duas batidas de leve na porta e em resposta um "pode entrar".Seu semblante está irritado e com certeza cansado de não poder fazer nada.Sorrio.Me sinto como se tivesse passado um tempo suficiente sem ver Christian e isso me faz querer abraça-lo , beija-lo , e com toda a certeza nunca mais solta-lo.

-- Você veio !

-- Não poderia te deixar sozinho -- Sorrio -- ouvi falar que as enfermeiras daqui são assanhadas.

-- Acho bem provável... já que uma delas me apalpou

-- Credo Christian!

Me encaminho até sua cama e me deito ao seu lado.Nada como esse aroma agradável.N ada como se sentir confiante o suficiente para dizer:

-- Eu te amo

50 tons de AnaOnde histórias criam vida. Descubra agora