50 tons de Ana

Capítulo 57

O relógio marca 18:00 PM e eu me preparo para sair.
O dia não foi bem como o esperado, mais se for parar para pensar...melhor do que muitos que eu já passei.
Depois de um tempo afastada voltar agora me deixa perdida e me sinto de um jeito como se tudo isso não fosse exatamente para mim. Realmente consigo enxergar agora que muitas coisas mudaram e o meu gosto pelo trabalho foi uma delas.
Respiro fundo e continuo meu caminho pelo corredor.

As paredes transparentes parecem me sufocar a cada passo que dou. Não foi o momento mais perfeito para ter voltado a rotina normal, mais o que eu posso fazer agora é continuar, independente de tudo ou de todos eu vou continuar.
Endireito minha postura e com passos firmes sigo até a saída.

(...)

O céu mostra a sua beleza inigualável do lado de fora e pela primeira vez no dia eu respiro o ar livre.
Já dentro do carro eu me deixo levar pelo som de Dua Lipa.

Alguns minutos depois o som é interrompido pelo barulho do meu celular. Na tela o nome de Kathy aparece. Ignoro e continuo o meu caminho. Meu destino hoje por mais que eu esteja cansada não é minha casa. Estaciono o carro e procuro por um ambiente tranquilizador e aconchegante para relaxar. Mais uma chamada perdida. Olho pelo visor do carro e agora o trânsito já está mais calmo. De repente uma vaga lembrança ocupa minha cabeça.

O começo dessa história. O começo dos meus sentimentos e do meu medo. O dia em que o meu mundo parou para dar atenção ao amor. O dia do acidente. Nosso primeiro beijo. A volta para casa.....

Cara! É incrível como essa vontade de continuar também me deixa com vontade de desistir. E sinceramente, eu não sei qual é maior. É frustante até certo ponto.

Mais uma chamada perdida
Outra chamada perdida.
Resolvo atender.

Ligação on

-- Te liguei milhares de vezes -- grita Katy do outro lado da linha

Respiro fundo para dar a entender que tudo está bem. Mais é claro que está .... não está?

-- Larga a mão de ser exagerada -- sorrio -- você só ligou oque? Três vezes?

Sua respiração acalma e como se ela estivesse do meu lado a imagino sorrindo amigavelmente, de um jeito como se expressasse paz.

-- Chistian quer te ver -- por fim ela fala e sinto em sua voz um pedido de desculpa, só não sei dizer exatamente para quem

Por um breve momento paro de respirar.
Eu o amo. Quero ficar com ele para o resto da vida. Mais desde que nos conhecemos só tragédias acontecem , e todas são por minha culpa. Como lidar com isso?
Olho para o céu agora negro. Rezo em silêncio.

-- Meu Deus como continuar com isso. Eu não quero perdelo, mais acho melhor do que perder ele de vez. Não quero que nada aconteça....será que o melhor é me afastar mesmo? -- pergunto e a resposta que ganho são gotas de chuva que caem lentamente. Até os anjos choram com a minha situação quem dirá eu.

-- Ana está aí? -- pergunta já preocupada

Pigarro antes de procurar uma resposta.

-- Eu não sei! Não acho uma boa ideia -- respiro fundo tentando soar o mais sincera possível

Um silêncio toma conta da ligação.
Oque eu posso fazer?

Ao fundo escuto um alvoroço e logo desligo.

Ligação off

Olho fixamente para o volante do carro. Dou partida e saiu rumo a estrada agora vazia e silenciosa.

Em casa jogo as roupas no chão e caminho diretamente para o chuveiro. Depois de um banho relaxante visto meu pijama e me direciono para a sala de estar.
Paro. Respiro fundo não acreditando no que os meus olhos vêem. Meu coração palpita forte como se estivesse por um triz de sair pela boca. Meus rosto antes pálido agora começar a criar um rubor. Pisco algumas vezes para ter certeza do que vejo. É verdade, ele está bem ali, no meu sofá olhando calmamente para mim como se esperasse uma reação, mais eu não tenho uma.

Tento falar alguma coisa mais minha boca está seca. Pigarro. As palavras somem e a única coisa que eu sei é ficar parada ali, olhando e refletindo.

Christian está impecável. Seu aroma inebriante toma conta do ambiente e tudo no que eu consigo pensar é o qua tô ele é lindo, cheiroso, no tanto que ele parece....diferente.
Seus olhos brilham e seus lábios se abrem como se fosse pronunciar algo, mais ele continua quieto, esperando.

Por impulso corro até seus braços e como se nunca isso tivesse acontecido lhe beijo. Um beijo demorado e rápido ao mesmo tempo. Me aconchego em seus braços e esqueço do mundo.

Deitada em seus braços eu me cubro de amor e carinho e por um breve segundo.....tudo está bem.
Não falamos, não nos mexemos, só ficamos ali curtindo o carinho que um proporciona ao outro e matando a saudade que já estava sufocando a algum tempo. Sorrio para mim mesmo e encolho os ombros. Seus braços me apertam mais para seu peito como se demonstrasse segurança, como se dissesse que tudo está bem e que agora sim podemos seguir a vida e ser felizes juntos.

Caminhamos juntos para o quarto e lá não deitamos lentamente na cama. Christian apoia a cabeça sobre minha barriga e perceptível a tristeza que se passa em sua face, pois mais que eu não o veja eu o sinto. Sei que está pensando em nosso bebê. Fico triste ao lembrar.
Acaricio seus fios finos e com o tempo sinto a sonolência me levar pouco a pouco. Tento relutantemente não dormir.

03:30 Am

Acordo sobressaltada. Deslizo a mão sobre a cama na esperança de sentir o corpo de Christian, mais ele não está ali -- Será que tudo não passou de um sonho -- penso.
Encosto meus pés nos chão e ainda sonolenta caminho em direção a sala.
A luz da tv ilumina a sala e o barulho do microondas chama minha atenção. Sigo em passos curtos.
Solto a respiração quando vejo que ele permanece ali, que não fruto da minha imaginação nem muito menos um sonho, ele está ali descalço na minha cozinha.
Alguns minutos depois ele percebe a minha presença e sorrir.

-- Fome -- aponta para o prato de lasanha recem tirado do microondas

Voltamos para o sofá onde estávamos mais cedo e nos deliciamos com a lasanha de frango. Ele limpa carinhosamente algumas migalhas perto da minha boca e em seguida deposita um leve beijo.
Adormecemos no sofá.