Cinco

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Cada dia da minha vida que passo nessa mansão Walker é como se valesse um século.

- Há que tédio. - Minha respiração fica pesada.

Como eu queria sair desse lugar atormentador, preciso fazer alguma coisa. Mas do jeito que o Kevin me odeia, ele não me quer nem me ver pintada de ouro.

- Ah dane-se ele, eu vou sair! -Ele tem mil e uma coisas para fazer, então, provavelmente eu não irei me encontrar com ele.

Abro a porta bem devagar e vejo o corredor imenso de quartos para serem explorados por mim. Deixo o quarto e fecho a porta silenciosamente. Piso nas pontas dos dedos dos pés. Chego a um ponto da mansão que eu não conheço mais, mesmo assim continuo sem olhar para trás. Tudo que vejo na minha frente é um corredor imenso, tem várias portas de madeira e um tapete vermelho com o piso de mármore.

Eu já estou me sentindo muito importante igual aquelas atrizes bem elegantes com vestidos lindos e caríssimos que andam naquele tapete vermelho. E logo começo a desfilar no tapete que se parece muito com o que eu vi passando na TV.

Viro à direita e vejo outro corredor com um armário no canto e alguns quadros nas paredes. No lado do corredor direito tem uma escada de vidro eu fico curiosa e subo, faço uma curva e sigo em frente. Eu me deparo com um espelho que tomava toda a parede do final de um corredor. Observo. Percebo que parece com uma porta de correr, tento empurrar com muita força, mas está trancado.

Eu resolvo voltar para trás, mas só vejo janelas com cortinas grandes e escuras que ocupam todos os corredores. Logo percebo que estou no caminho errado e agora?!

Faço várias curvas, não encontro agora nem o tapete vermelho de tão grande que era e sim um tapete preto! Abro uma porta de um quarto pensando que era o meu, mas não era. Já estou desesperada, minha respiração fica ofegante, começo a ver alucinações e ouvir uma pessoa atrás de mim. Nossa como o medo faz tudo!

E chego a pensar a tão temida conclusão de que estou totalmente perdida!

De repente olho para trás, só vejo os ventos fazendo barulho por causa das folhas que estão batendo nas janelas de vidro. E quando menos eu espero bato em alguma coisa, sinto se mexer.

Viro para frente e vejo Kevin me olhando com seus olhos azuis gelos fixados em mim. Irritado. Sua mandíbula está rígida e seus dentes trincados. Sua expressão lembra-me uma tempestade com raios e trovões.

- Opa. - Ouço meu coração martelar em meus ouvidos.

Ele crispa os olhos e fica vermelho. Então, sinto suas mãos pegarem nos meus cabelos e ele sai puxando-os. - Eu sinto uma dor terrível na cabeça. "Ora, quem é ele para puxar meus cabelos?"

Kevin me leva até o quarto e eu nem reparei direito no trajeto de volta. Estou assustada e inquieta. Meus cabelos ondulados já devem está bagunçados. Ele me joga no chão, caio de bruços.

- Menina burra! Não fique perambulando na minha propriedade. - Kevin fala muito grosseiro.

- Ô infame ruim! - Falo gritando, enquanto passava a mão em minha cabeça.

- O que você disse? - Repita para mim Nathállia.

- Eu vou soletrar para você: Ô- I-N-F-A-M-E... - Mal termino a frase.

Ele levanta a mão para mim, agora dessa eu não escapo. Tento me encolher o máximo que eu posso.

- Não faça isso senhor Kevin! - Grita Maria em frente à porta do meu quarto que estava aberta.

Kevin vai até a porta e tranca...


- Agora ninguém vai nos interromper bebê. - Ele sorri com aquele sorriso descarado que só ele sabe fazer.

Maria bate na porta várias vezes e chama pelo meu nome.

- Nos deixa em paz! - Empregada de quinta. Diz ele gritando outra vez.

Enquanto ele estava muito concentrado brigando com Maria. Pulo em cima dele e puxo seus cabelos lisos. Nós dois rolamos no chão.

- Não me provoque Nathállia. Mais do que já estou!

Eu dou um chute bem no meio de suas pernas e saio correndo para o banheiro. Ele diz para eu sair, mas não saio. - Só saio daqui se Deus me pedir! -E fico lá até todos saírem.

Já estou muito tempo dentro do banheiro e não vejo modo mais de ninguém em meu quarto. Acabo de me lembrar de que eu não jantei hoje e estou com muita fome. Maria deve está preocupada comigo.

Abro a porta bem devagar e coloco a cabeça para fora. Não vejo o Kevin. Saio e fecho aporta atrás de mim. Vou para o corredor, escuto umas vozes estranhas e entro novamente para dentro do quarto. Estou morrendo de medo e estou com fome, mas tenho certeza de que o medo é maior. Jogo-me na cama e acabo dormindo.


O  IMPLACÁVEL DESCONHECIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora