Dezoito

35 2 4
                                    

NY é uma cidade esplendorosamente linda. Velejo em um iate com Éden abraçado em minha cintura na proa. Vamos para uma das praias menos visitadas, na verdade, por escolha dele, talvez, querendo passar um tempinho a sós comigo. Ah Nath não pense nisso mulher. Por que ele se interessaria por mim?

Em menos de uma hora Éden fica me implorando para almoçar, fico abismada com ele porque pouco antes ele já tinha comido uma porção de salada de frutas. Isso é sinal de que se ele não se cuidar, quando ficar mais velho vai ficar gordinho.

Digo que ele pode ir sozinho, mas a perturbação não para!

...

- Nath sai daí. Vamos logo estou com muita fome. - Escuto a voz irritante do Éden atrás da porta.

Já estou preste a não ir só para deixa-lo irritado, é que eu sou dessas, amo deixar alguém irritado. Teimosa como eu não existe, safada muito menos.

Ele arrebenta a porta.

Levanto um pouco à poltrona. Tiro um pepino de cima do meu olho direito. O olho surpresa. Ele pisca várias vezes e sai do quarto rapidamente. Não passar de um minuto, ele entra no quarto de novo jogando algumas roupas em mim.

- Escolha princesa - Edén sorri. - Essas são algumas roupas sociais para o almoço.

Opa, espera aí. Quem disse que eu vou? Esse cara é louco.

- Não temos comida no iate. Precisamos parar em algum lugar para comer. - Ele morde os lábios.

Está mentindo, na certa. Como assim produção? Ainda agora eu vi bandejas de comidas na cozinha.

Ele pega o pepino que tinha sobrado do meu olho esquerdo e coloca na boca. Não protesto, só sorriu.

- Esse daí me paga! - Resmungo.

Revisto as roupas e percebo que dentre todas as roupas sociais só tem uma calça cintura alta, uma blusa de alça toda branca e um casaco preto.

Decido não escolher nenhuma roupa elegante. Minha preferencia foi àquelas roupas mais simples, afinal as mais simples que são as mais confortáveis. Faça um penteado chamado trança boxeadora, super tamblr.

Caminho até o último degrau do iate que leva a sala do condutor do barco. Vejo Éden de costas para mim.

- Vamos! - Toco no volante, querendo parecer que sei dirigir barco.

Ele se vira para mim, fazendo um "o" na boca.

Viro meus olhos. Odeio homens melosos.

- Como você mudou - ele tira os óculos - sabia que iria escolher essa roupa.

Pausamos.

- Mas que penteado é esse? É da moda?

Nós dois sorriamos.

...

Depois de o Edén comprar um óculos para mim e um sapato branco e conversar besteiras sobre a vida um tempão. Vejo o tal restaurante que ele tanto me falava a viagem toda.

"Restaurante Stars".

- Não dê muita bola para eles - Edén aponta para os paparazzis.

Faço que sim.

Olho ao redor. Fico com muita vergonha ao ver muitos famosos com roupas sociais, vestidos que brilham ao longe, ternos de luxo e etc... só coisa de rico e famoso.

Estou morta.

Tipo a única garota que entra em um restaurante de sete estrelas ao meio dia. Sem alguma roupa adequada. Ser o centro da atenção por estar na pior roupa. Parabéns para mim. Se você estar rindo da minha situação te aconselho a vim aqui e ficar no meu lugar!

Os paparazzis vêm correndo até nós. Tiram várias fotos. E fazem perguntas inconvenientes.

- Éden, essa é sua nova namorada?

Ele faz que não.

- Ela é alguma modelo que não conhecemos? - Um repórter dá um microfone para ele.

Comparar-me com uma modelo já é demais. Eu não tenho categoria para essas coisas não. Meu negócio é estudar administração se Deus quiser e pronto. Nada de ser modelo. Isso é ridículo. NUNCA.

Pego em sua mão e entramos o mais rápido possível.

- Vocês tem convite - Um recepcionista pergunta.

- Não. Mais ainda aceitam dinheiro vivo na hora? - Éden pega uma pequena maleta das mãos do segurança.

- Sim, senhor.

Ele entrega um bolão de dólares.

- Quanto é a entrada a dois? Indaga Éden.

- Sessenta mil dólares.

- Pois pronto. Dou-lhe mais quarenta mil de gorjeta.

No mesmo tempo em que vejo o que está acontecendo fico sem reação. Nunca vi tanto dinheiro na minha vida, só por um almoço. Isso não é demais produção? Vamos diminuir o dinheiro que não cai do céu. Já fico até pensando o que meu tio que vivia bêbedo faria com todo esse dinheirão... compraria mais bebida, só pode. Eu e minhas piadas sem graça.

Dou gargalhadas.

- Que foi? - Ele levanta sua sobrancelha.

- Nada não.

Uma assistente mostra o lugar que iremos sentar.

Sinto que nossa situação está praticamente constrangida.

- Obrigada pelo o óculos e os sapatos.

- Que nada. Amigos são para essas coisas. - Ele coloca as duas mãos no queixo apoiando-se na mesa - acho que vai dar certo. Quer dizer sobre trabalhar na empresa da minha família.

- Espero que sim. - Sorriu tímida.

- Sabia que você é irreconhecível com esses óculos na cara?

- Se você continuar a dizer isso eu não falo por mim.

- Uma mulher que age por seus instintos... gostei.

- Seus pais sabem que você está comigo? - Fico preocupada.

- Meu pai já sabe de tudo, além disso, já até concordou de que você trabalhasse na nossa empresa. Já mamãe, prefiro deixar isso em segredo.

- Será que eu a incomodo? - Abaixo a cabeça.

- Se ela levou você para minha casa, acho que não. Mas preferi deixar isso em segredo porque não quero me casar agora.

Essa informação não está processando direito na minha cabeça. Será que eu escutei direito? Bem que a mãe dele dizia que o Éden precisava de uma companheira. Aí meu Deus, como eu sou lerda. Preciso manter distância da senhora Angel.

- Que brindar? - Ele levanta a taça.

- Mais é claro. - esbarro tão forte em sua taça frágil como a minha que quebremos as duas.

Muitas pessoas olham para gente. Com olhares de censura.

Sinto falta de ar, meu coração bate cada vez mais forte, a mesma sensação que sinto á meses. Parece não ter horas para aparecer. Acabo de ver um vulto de uma pessoa passar. Claro que eu deveria achar isso normal. Mas o perfume de lavanda aquele que me invadiu completamente. Aquele que pegou pela minha nuca, que me imprensava pela a parede, o beijo que me fez estremecer.

Sim era ele.

O implacável Desconhecido.

O  IMPLACÁVEL DESCONHECIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora