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"Podemos ser.. Sei lá, amigos?" coçou a cabeça

Ri-me - "Nem se pergunta."

Ele pegou no comando e ligou a televisão colocando a dar algo ao acaso. Aproximei-me dele, encostando a cabeça no seu ombro. Este beijou-ma e sorri. O tempo foi passando e nada acontecia. Não havia tema de conversa e começava a ser desconfortável de ali estar. O que me valeu foi que o telefone tocou mas como estava dentro da mala, em cima da mesa central, tive tanta preguiça que nem me dei ao trabalho de olhar para lá.

"Não vais atender?"

"Não deve ser importante."

Ele acentiu com a cabeça e ajeitou-se para me encarar de frente.

"Afinal, sabes quem te drogou naquela noite?"

"Não faço ideia. Nem vale a pena procurar ajuda da polícia ou coisa assim. Eles não querem saber."

"Mas devias. Ficaste mesmo mal. Tive que ir ao teu alcance e pegar-te ao colo para te por na bancada e te atirar com água em cima, mas nem assim."

"Isso explica porque o Harry acha que tenhas sido tu." revirei os olhos

"O que achas tu disso?" ergueu um sobrolho

"Acho que ele é um idiota que só sabe julgar. Ele nem te conhece. Não sabe a pessoa fantástica que és e tenho a certeza que não foste tu. A não ser que me digas o contrário." olhei para ele

"Claro que não fui eu. Eu adoro-te. Daria tudo para te ter ao meu lado o resto da vida ou durante muitos anos. Sabes isso."

Fiquei a reflectir. Ele era mesmo um rapaz cinco estrelas. Pena eu o ter iludido com coisas que agora não fazem sentido algum. Sinto-me mal por ele, mas não posso ficar a gostar dele do dia para a noite e deixar o Harry. Eu não o quero deixar. Amo-o mesmo.

O telefone voltou a tocar e voltei a não atender devido à preguiça, mas como essa pessoa estava decidida a tirar-me do conforto daquele sofá, lá me levantei e fui ver as três chamadas não atendidas do Harry.

Merda. Da grossa. Esqueci-me completamente que saí disparada sem dar justificações e nem tomei o pequeno almoço. Certamente que está preocupado. Mas até que ponto. Liguei-lhe de volta e este atendeu dois toques depois.

"Onde é que estás? Comecei a ficar preocupado."

"Eu estou bem. Já vou para casa."

"Mas estás onde? Porque é que não atendeste?" vi a sua preocupação na voz

"Eu estou bem." repeti

Não tinha forma de me justificar. Não lhe ia dizer a verdade mas também não queria estar a mentir, de forma que tentar despacha-lo foi o mais indicado. Voltei a sentar-me no sofá e olhei para Cameron. Este devolveu-me o olhar.

"Era o Harry. Estava preocupado comigo."

"Hmm.. O que é que lhe disseste?"

"Que estava a chegar a casa. Ele não precisa saber que cá estive."

"Estás a fugir aos problemas. Não devias." respondeu secamente

"Não te considero um problema." acentiu

Levantei-me e antes que pudesse sequer andar, ele puxou-me contra si e ficámos bastante próximos, mas nada aconteceu. Simplesmente nos olhamos e sorrimos. Despedimo-nos e saí, direita para o carro.

Posso até dizer que gosto dele. Não importa o que aconteceu antes, não foi nada de dramático e eu nem estava com outra pessoa na época, mas sinto que preciso dele. Ele entende todas as coisas às quais passos e tenta sempre levantar-me. Fico feliz por nos termos voltado a ver, por não ter passado só de uma noite onde fomos interditos de nos ver mais. Parecíamos duas crianças divertidas por termos feito um novo amigo, mas que presumo que tivesse sido algo mais se não nos tivéssemos separado durante algum tempo. Sinto que posso confiar nele e é isso que quero.

*

"Estava a ver que nunca mais!" dirigiu-se a mim

"Fui ver o meu pai."

"Demoraste tanto. Foi só isso?" ergueu um sobrolho

"Agora tenho de me justificar?" levei a mão ao peito

Ele proferiu um "não" baixinho e voltou a sentar-se na cadeira da grande secretária do seu escritório, que outrora desconhecia. Era moderno e relativamente grande, apenas com o ecensial da mobília. Sentei-me na cadeira à sua frente e tirei do meu telefone. Pus-me a jogar um jogo sem prestar muita atenção a este mesmo. Senti várias vezes o olhar do Harry em mim, mas nada disse.

"O que é que foi?" perguntei depois de uma eternidade

"Porque me estás a mentir?"

"Não te estou a mentir. Fui mesmo ver o meu pai. Aliás, fui a uma florista antes disso." adicionei

"Não foi só isso. Eu sinto o teu nervoso."

"Porque raio haveria eu de estar nervosa? Não matei ninguém que eu saiba." espantou-se

"Não me excederia tanto." disse em ironia

Estava prestes a levantar-me quando desliguei o telefone e o arrumei na mala, colocando-a no chão.

"Porque é que interdiste o Cameron de entrar no hospital?" confrontrei-o

P.S porque és uma queridaa ouredker_

Far Way ;; h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora