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Passaram sete dias desde que estou em casa do Cameron, mais precisamente uma semana, contudo já lá vão dez que me despedi do Harry naquela manhã. Curioso é eu não ter tido nenhuma noticia dele desde esse dia, mas começo a deixar isso tudo para trás e a seguir com a minha vida em frente. Desde a minha última conversa com Cameron, que não foi propriamente agradável, o ambiente foi melhorando mas não totalmente, pois nenhum de nós quer voltar a falar nesse assunto. Acordei mais cedo do que o habitual na confortável cama de casal de Cameron. De início sugeri que eu podia ficar no sofá sem qualquer problema, mas ele quase que me exigiu que ficasse com o quarto, que era mais espaçoso e melhor que um simples colchão de molas desdobráveis.

"Hoje vou trabalhar até mais tarde, por isso não contes que volte antes das cinco." avisou.

"Está bem. E eu fico por cá, como de costume." lamentei-me.

"Lamento por ti. Sabes que com esta crise que teima em não acabar tão cedo, torna-se difícil e escassa a procura de trabalhadores. E não se trata só de homens da construção ou professores, também noto isso na minha área."

"Já não trabalho, um mínimo era pagar-te alguma coisa pela minha estadia. Sabes que podia dar-te uma ajuda na renda ou assim?"sorri-lhe.

"Nós já tivemos esta conversa antes. Não preciso que me dês dinheiro para nada, consigo arranjar-me só com o meu salário, e além disso são as tuas economias de meses Sophia! Não as desperdices."

"Só estava a tentar ser útil." rolei os olhos.

"Tu és-me muito útil, pelo menos na cozinha. Não sei o que seria de mim sem ti."

"Alimentavas-te de latas de conversa e sumos datados do mês passado." ri-mos.

Pouco depois saiu do quarto, vestido e calçado, com uma pasta entre os braços e um sorriso parvo na cara. Levantei-me com a intenção de me despedir dele mas este despachou-se a abrir a porta principal, e antes de sair proferiu:

"Vais ver que não tarda vou passar-te a perna e não precisarei mais de ti."

"Veremos." tirei-lhe a língua de fora.

*

A manhã passou a correr. Tratei de lhe fazer a limpeza da casa e pus-me em volta da cozinha a preparar o meu almoço, que se baseava numa salada de alface com cenouras raladas e sumo de laranja natural. E não foi que passei as três horas seguintes a ver a terceira temporada, embora já a tivesse visto no mínimo duas vezes, da minha série preferida? A minha opinião, que desde então nunca mudara, era que stydia era sem dúvida um casal sensação e o que eu me perguntava é como é que eles nunca resultaram. Há uma data de coisas que nunca entendi nem nunca entenderei na estratégia de vida de romantismo dos homens, mas isso fica para uma próxima vez. 

Subitamente a campainha tocou e estranhei a vinda repentina de Cameron, pois ainda não eram horas de ele chegar. Sorrateiramente, deslizei pelo chão de madeira com as minhas peúgas coloridas e espreitei pelo óculo da porta. Arregalei os olhos ao ver a pessoa que menos ansiava ver. A campainha tocou uma segunda vez.

"Eu sei que estás aí, temos muito que falar e há uma série de coisas que preciso de te esclarecer." proferiu amavelmente.

"Eu não vou sair daqui enquanto não me abrires a porta."a sua voz rouca a bailar nos meus ouvidos.

Afastei-me da mesma e esperei alguma insistência por parte do mesmo. Houve um terrível silêncio que pareceu durar-me uma eternidade mas que não passou de um minuto se quer. Por momentos pensei que se tivesse ido embora, mas ele continuava lá. Estava sentado num canto do corredor principal. Num gesto involuntário, pousei a mão sobre a maçaneta e respirei três vezes com algum receio, como se da primeira vez que o vira se trata-se.

Nenhum de nós proferiu qualquer som. Limitá-mo-nos a olhar-nos fixamente e uma vontade incontrolável de correr para ele e de o beijar fluiu-me na mente. 

"Não foi muito difícil de te encontrar."gargalhou secamente.

"M-mas o que é que te aconteceu?" arregalei os olhos.

"As coisas lá em casa têm ficado completamente distorcidas."-tirou o olhar de cima de mim-"Já me vês com outros olhos assim?" 

"E-eu."-gaguejei-"Só quero me contes tudo desde o inicio."

"Podes ao menos deixar-me entrar?" brincou.

"Esta casa não é minha." 

"Não quero saber se a casa é daquele merdas ou de quem deixa de ser. Acho é que vais precisar de te sentar a um dado momento." 

Assim fiz. Arrastei uma cadeira da cozinha e sentei-me na mesma, ficando de frente para o sofá. Cruzei uma perna e os braços e fitei-o, esperando que começasse a falar. Começou por ser o mais dócil possível, relatando como tudo começara e como conhecera Crystal. Senti um nó no coração por não o ter deixado falado antes e se quer se justificar do porquê de ela aparecer em casa.

"Foi naquela noite que saí com os rapazes, fomos a um discoteca privada onde só famosos podem ir e curiosamente lá estava ela, a fazer de acompanhante." -baixou o fronho- "Penso que ela me tenha colocado alguma substancia na bebida que fizesse com que me pudesse dar a volta, porque desde cedo eu prometera a mim e a todos que não iria com mais nenhuma mulher sem seres tu." sorri fraco.

"O problema agora é que ela está a viver em minha casa." escancarei a boca completamente chocada.

"O quê? O que é que estás a dizer-me?" levantei-me.

"Estou a dizer que fui chantagem por ela. Se não fizer tudo o que ela disser posso por a minha carreira de cantor em risco, bem como a minha vida privada que se resume em - ti."

Não evitei uma gargalhada.-"Tu? Harry Styles? Um homem extremamente poderoso a ser ameaçado por uma galdéria?

"E há mais uma coisa que deves saber." suspirou bruscamente.

"Espera, não me digas que deixaste que também te roubasse a fortuna?" ri-me.

"Ela..hm.. ela está grávida." 

"E? O que é que eu tenho a ver com isso?"

Harry não disse nada. Ficou a olhar para mim e não deu continuação a nada do que dissera. Comecei seriamente a enervar-me e eu mesma juntei as peças do puzzle na minha cabeça. 

"O filho é teu?"

"Ela diz ser." levantou-se.

Por breves segundos fiquei imóvel a olhar para as duas esmeraldas verdes brilhantes, que transmitiam um sentimento de culpa com raiva e remorso. Soube que aquilo fora o fim de muita coisa, mas principalmente do amor que sentia por ele. Dei dois passos atrás e lágrimas sem fim percorreram o meu rosto. Harry agarrou no meu braço e tentou puxar-me para si, mas a última coisa que queria era ir para os seus braços.

 Corri pelo corredor até atingir a porta do quarto, apressando-me a tranca-la antes que ele me pudesse apanhar. Ouvi vários murros na porta e chamamentos vindos do outros lado. Ignorei-os e fechei-me no meu pequeno mundo que outrora fora fantástico e que se tornara como por magia num sonho realizado, agora estragado. Naquele momento percebi melhor do que nunca que o amor não é nenhum conto de fadas. O amor acaba sim por ser uma tortura mental.


HELLO GIRLS WHAT DO YOU THINK ABOUT THIS CHAPTER? Tive a melhor mas a melhor criatividade do mundo. Embora seja a segunda vez que o escrevo por por engano cliquei num botão que nem eu mesma sei e puf, delete, consegui recuperar parte do que a minha memória tinha para dar :) :) 

love you all,

Caroline.



Far Way ;; h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora