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O tempo parece voar, passa tudo tão depressa. Os nossos filhos ainda ontem estavam a aprender a falar e hoje já namoram sendo que um deles já cá não está. É frustrante ter-mos de preparar os nossos filhos para estes terem um futuro decente, para depois os ver-mos crescer num piscar de olhos e desaparecerem por entre os nossos dedos. Parece que nada disso lhes afeta e que só a nós -pais- é que nos dá uma dor no coração pelos passarinhos terem ganhado asas e voado para fora do ninho. Uns anos mais tarde, quando Edward se fartou realmente de amigos e festas -porque ele acabou inevitavelmente por sair- encontrou a mulher dos seus sonhos, diz ele, e saiu de casa. Com os seus vinte e cinco anos é engenheiro de informática, tem cerca de doze pessoas a seu cargo e é o mais novo da empresa, mas o mais bem pago.

Já Darcy tem os seus dezassete anos, idade essa que nos tem dado mais problemas e preocupações. Se antes ela era insuportável, agora tem-nos tentado matar aos poucos, ainda que eu e Harry consigamos resistir-lhe. Ela não faz o que quer enquanto estiver debaixo do nosso teto, isso é certo, mas o que mais me chateia é que ela jamais será como o irmão e duvido muito que vá fazer estudos superiores, o que é uma idiotice porque ela é tudo menos burra e além do mais, temos possibilidades para lhe pagar seja o que for. Ela há de se arrepender do que está a fazer agora. O que não podia vir a pior a situação de ela ser uma cabeça no ar foi ela ter começado a namorar. Mas quando falo namorar supostamente é algo sério, mas para ela nunca nada é sério. Veremos desta vez. O Harry não acha piada nenhuma à sua filha ter um namorado, está sempre em cima dela para saber pormenores e até exigiu conhecê-lo.

Agora eu e Harry já não somos o adorável casal adolescente que todos falavam, mudámos bastante, estou com trinta e cinco anos e Harry com quarenta. Como eu previa, ele começou a panicar quando se aproximava lentamente dos trinta, agora que tem quarenta é o fim do mundo. Está sempre stressado por se achar velho e já não ser o centro das atenções como dantes, mas na verdade, a aparência dele continua tal e qual como quando ele tinha vinte anos, apenas com umas rugas a quererem aparecer e uns cabelos brancos a despontarem no seu belo cabelo encaracolado, que continua brilhante sem nunca deixar de estar despenteado como habitualmente. 

*

Neste momento tinha acabado de chegar a casa de um longo dia de trabalho, surpreendentemente Harry estava fechado na sua biblioteca pois conseguia ver a luz de fundo por debaixo da porta. Bati e esperei que este me abrisse a porta. A sua secretária estava iluminada com uma luz fraca, a janela aberta e um vento soprava relativamente forte, elevando alguns papeis colados na parede. Cumprimentei-o com um beijo intenso, sendo que este enlaçou os seus braços na minha cintura.

Subitamente a porta é aberta e duas figuras aparecem, fazendo-me assustar e afastar de ao pé de Harry. Era Darcy com um rapaz a seu lado. Estavam de mão dada e ambos com um sorriso parvo na cara.

"Hm boa noite, sou o Aaron."

Sorri-lhe amavelmente, esperando uma reação vinda do meu marido. Olhei discretamente para Harry que não parecia muito convencido. Estiquei a mão para o rapaz que num gesto súbito me puxou para um abraço, beijando a minha bochecha. Harry aproximou-se e limitou-se a apresentar-se como sendo o pai de Darcy. Já tinha falo à uns dias com a minha filha para nos mostrar o seu namorado, mas sem o pai saber. Eu sabia que ele não iria reagir bem pois achava a filha demasiado nova para namorar. Os pais acham todos isso mas no final de contas acabam todos por ter feito o mesmo. Direcionei-os à sala de estar para que pudessem estar mais à vontade. Harry não compareceu, de maneira que, por respeito e um mínimo de educação, fui até à biblioteca e abri sem bater.

"Qual é a tua? Vai lá e fala com ele! Não deve ser assim tão mau!"

"Estás a brincar? Parece um rufia." revirei os olhos

"É educado, é um facto."

"Hm ele meio que se atirou a ti." rio sarcasticamente 

"Poupa-me. Eu sei que não queres aceitar isso e não tens de aceitar, mas o mínimo que podias fazer era ir lá e conhecê-lo um pouco." cruzei os braços

Harry bufou e saiu pela porta chateado. Temi que fosse ser mal criado com o rapaz, mas em vez disso aproximou-se e esboçou um sorriso milímetro, estendendo-lhe a mão. Sentá-mo-nos no sofá e não tardei a ir buscar algo para comer-mos, estando sempre de olho no que se passava na sala. Eu não estava cem por cento de acordo nisto de a minha filha ter um namorado, mas a uma dada altura te-mos de dar-lhes espaço e deixá-los experimentar coisas na vida. Não podemos ser sempre nós, pais, a incentivá-los e a guiá-los a fazer e a saber o que está certo e errado. Aprendesse melhor com os próprios erros.

"Aaron, posso falar contigo à parte?"

Coloquei um tabuleiro com bolachas e petiscos em cima da mesa. Os dois dirigiram-se novamente à biblioteca e não podia esperar que algo bom fosse acontecer. Olhei para Darcy que tinha as mãos na boca e roía as unhas desesperada.

Cerca de dez minutos mais tarde eles apareceram por fim, Harry com um sorriso vitorioso e Aaron a mordiscar o seu lipring, com uma expressão menos boa de quando entrara. Suponho que Harry o tenha ameaçado ou assim. Não entendo essa proteção toda da filha, eu entendo que seja normal um pai se preocupar, mas tornasse obsessivo. Ela terá de sair da sua casca a uma dada altura da vida se quiser fazer algo dela. O rapaz aproximou-se da namorada e enlaçou a mão na dela, beijando-lhe o canto dos lábios. Olhei para Harry surpresa pela sua indiferença, piscando-me o olho. Finalmente ele me dera ouvidos uma vez na vida.

"É verdade que ela está numa fase da adolescência que se quer divertir e sair com amigos, aproveitar enquanto as grandes responsabilidades não lhe batem ainda à porta, por isso posso dar-lhe algum espaço. O rapaz também me convenceu, apesar do seu aspeto, as suas palavras foram convincentes." fechou a porta principal após os dois saírem



They are getting older and time is jumping :((

Caroline.


Far Way ;; h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora