Far Way ;; h.s

29

Acordei com o despertar de Steal my Girl a ecoar pelas finas paredes de madeira do meu quarto. Dei um beijo na cabeça da Ludy, que estava deitada aos meus pés e levantei-me. Fiz a cama e arrumei o quarto que está sempre virado do avesso. Encontro-me depois, sentada defronte da minha secretária. Mais um dia passei neste quarto onde a penumbra se acomoda. Todas as canetas e todo o papel são instrumentos essenciais para a minha vida. Se me sinto só, prefiro permanecer neste quarto, animado por tantos versos e estrofes que escrevo. Uns vagueiam e fazem -me escrever mais, outras sorriem para mim e outras conduzem-me à entrada na minha alma.

"Bom dia"

"Olá pai"

Cumprimento. Sento-me em frente à pequena mesa de madeira da cozinha e tomo o pequeno almoço. Bebo dois copos de água, uma vez que não tenho nem café nem leite, e saio porta fora. Tenho Ludy atrás de mim que me trás a sua velha bola, feita de sacos de plástico e empurra com o focinho as minhas pernas. Atiro-a. Lá vai ela a rastejar pelo chão, em busca da sua bola. Como um cão. E depois volta, já cansada.

A manhã decorre rapidamente. Estou à beira da água, juntamente com o Jack e com a finalidade de apanharmos o almoço. Á moda antiga. Fixo um ponto. Uma truta. Corro apressada na sua direção e atiro-me para cima dela. Apanhei-a. Vejo-a debater-se e por fim morrer.

"Tens jeito para a coisa."

"Tenho bem de sair a alguém!" rio

Depois do almoço vou até ao quarto e ligo o telefone a uma ficha, uma vez que este se encontra sem bateria. Quatro mensagens do Harry no twitter e duas chamadas não atendidas. Ele vai de certeza dar-me um sermão. É tão estranho como se tornou num hábito falar com ele todos os dias. Como se fosse normal falar com o Harry Styles.

-Olá

-Onde é que te meteste?!

-Esquecime de por o telefone a carregar.

-Conclusão - esqueceste-te de mim.

-Não! Só que não me lembrei.

Ouço um suspiro do outro lado. Tenho a certeza que ele ficou com o coração nas mãos por não lhe ter dito nada toda a manhã. Sou muito desastrada.

-Há vezes que penso que sou inútil sabes?

-Inútil? Tu?

-É mesmo. Estranho. Mas sinto-me sozinho. Quando não canto não tenho muito a fazer. Estou aqui no meu apartamento. Com uma televisão e um telefone e uma fantástica rapariga do outro lado do mundo, com quem me entretenho mais.

-Não estás sozinho. Tens-me a mim. E não deve ser assim tao secante a tua vida. Tens dinheiro e tudo o que precisas.