EPÍLOGO

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NARRADOR

Sophia e Harry viveram uma vida bastante bonita, sempre com os altos e baixos habituais que ocorrem em todas as relações. Ainda assim, após acontecimentos graves que levaram a jovem a sair duas vezes de casa, eles ultrapassaram tudo. Talvez não da melhor maneira. Mas mais uma vez, o amor entre eles esteve acima de tudo e seria impossível se separarem por completo, porque eles se amavam profundamente desde o início. O amor deles ultrapassava tudo e todos. Amor esse que continuo forte e unido até aos últimos dias de Harry, que infelizmente faleceu de cancro do fígado devido ao excesso de bebida enquanto jovem. Tanto eu como vocês desse lado sabemos perfeitamente o quão apaixonado o rapaz estava pela fã, mas parece que isso custou bastante a entrar na cabeça da rapariga. Digo o mesmo pelo lado do cantor, que também desconfiara dos sentimentos da namorada. As coisas não podiam piorar com o aparecimento de Cameron, que no final de contas sempre fora uma pessoa cinco estrelas e nunca tivera más intenções com nenhum dos dois. 

Viveram cinquenta e um anos de casados. Não é para toda a gente. Tiveram adoráveis crianças que entretanto lhe trouxeram netos e curiosamente um bisneto. Provavelmente Sophia não chegara a contar à filha o aviso do pai, pois pouco depois de esta ter ganho a coragem que lhe faltava para ler a carta, engravidou. Todos naquela casa ficaram entusiasmados, mas a deceção foi total quando souberam que vinha a caminho.. um quarto rapaz. E sim, Darcy teve um filho aos quarenta e três anos.Os gémeos entretanto progrediram nos estudos e têm agora vinte e cinco anos, um deles casado e o outro solteiro. Por sua vez, os três rapazes evoluíram ligeiramente, ainda que continuem a passar muito tempo juntos pela ótima relação entre irmãos sendo que também se mudaram como os primos. Já Sally foi viver para Chicago com o mesmo rapaz que conhecera na secundária. Um rapaz sensato e verdadeiro. 

A morte de Harry, como todos sabemos, abalou bastante Sophia que não reagiu nada bem, aliás, não reagiu de maneira alguma devido ao choque. Foi algo inesperado. Bastou um simples mês para que o seu marido piorasse da pior forma e de maneira tão bárbara. Tudo se estava a desmoronar naquela casa, começando pelo ambiente frio e morto. Era terrível. Todo aquele bem-estar tinha tombado, a escuridão instalou-se e o silêncio incomodava qualquer um que ali entrasse. Parecia que ninguém vivia naquela enorme mansão que outrora fora tão alegre e vivaça. Nenhum dos dois passava tempo nenhum um com o outro, Harry estava preso àquela cadeira de rodas que o impedia de fazer fosse o que fosse, Sophia tentava dar o seu máximo para o agradar ainda que este fosse seco e desagradável e Mary Jane, a pobre jovem que entretanto fora também mãe de uma adorável menina e assim tivera de seguir a sua vida, aturava os gritos e zangas do casal idoso que já não se podia mais suportar. Mas à noite parecia que tudo mudava, que aquelas duas pessoas se tornavam outras. Durante o dia agiam de uma maneira e à noite pareciam revelar-se. Quando até mesmo as luzes da rua estavam apagadas, estando na completa escuridão do quarto, na enorme cama com uns lençóis fofos e quentes de há mais de sessenta anos atrás, que nunca fora trocada, nem mesmo as mobílias, estavam ambos enrolados um no outro, sem nunca se largarem. Porque apesar de tudo, novamente, das discussões sem fim, dos murmúrios e dos gritos, eles amavam-se. De verdade. Não sobreviveriam um sem o outro. Não acabaram a vida juntos como esperavam, mas Sophia não tardou a encontrar o seu lugar.

A mulher de cabelos brancos ondulados, sempre compridos, de olhos cor avelã e de um sorriso tímido, não morrera por nenhuma doença em concreto, mas sim algo que todos nós sentimentos de vez em quando ou constantemente por alguém que realmente gostamos. E, digo eu, que Sophia partiu de uma forma natural. Com saudade. Mas uma quantidade tão excessiva desse sentimento tão poderoso, que se apoderou dela de uma maneira tão forte, que esta acabou por ceder e se entregar a Deus que a levou junto dele e do seu esposo, que a esperava impacientemente.

Sophia estava agora feliz junto de Harry. E Harry finalmente encontrara o amor da sua vida que tanto temera em encontrar. Dois anjos felizes e unidos, novamente. A única coisa de que ela sentia falta era dos seus filhos que estavam já a caminhar para a cinquentena e inevitavelmente dos seus netos que eram já homens e mulheres feitos. A vida está feita de bons e maus momentos e quanto a esta, a vida destas duas pessoas que aqui nos demonstraram como o amor pode ser tão fácil e bonito, deixa-nos muito que pensar e desejar estar ao lado de alguém como eles, de poder partilhar o carinho, as emoções e as sensações com uma pessoa que realmente nos ame. Como estes dois seres humanos se amavam e se continuam a amar, só que num outro mundo paralelo ao nosso.

Porque a vida é apenas isto... o encadeamento de acasos onde a amizade, a família e o amor são a esperança do coração.

THE END 




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Chegá-mos então ao último capítulo de Far Way! Tenho imensas coisas para vos dizer, mas deixarei isso para uma nota que seguirá após este epílogo.

Com muito amor,

Caroline.

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