O relógio marcava as uma e dez minutos. Harry encontrava-se na biblioteca junto à sala de estar e lia tranquilamente um livro. Não jantei com ele nem lhe dirigi ainda a palavra. Já lá vão umas três horas desde a nossa discussão e ainda nenhum dos dois se decidiu a dizer fosse o que fosse. Tomei essa incitiativa ao subir as escadas e procurar uns lençóis mais a minha agradável almofada.
"Boa noite." ajeitei o sofá
"Vais dormir aí?" ergueu um sobrolho
"Não vês que é isso que estou a fazer?"
"Sei lá." rolei os olhos
Cobri-me até acima e fechei os olhos forçadamente. Eu não queria dormir. Estava ali somente para não ter de me encontrar com o Harry e desencadear outra discussão desagradável. Incluindo o facto de ele estar a uns meros metros de mim, na divisão seguinte. Sentia a luz do candeeiro pendurado no teto, bater-me no rosto e dificultando o facto de os meus olhos se querem fechar por completo.
Cerca de meia hora depois, e presumo já ter adormecido antes, a luz amarelada apagou-se, deixando-nos completamente às escuras. Eu não estava a dormir mas também não estava totalmente acordada. Só a metade. Os seus passos pesados fizeram palpitar o meu coração ao senti-los mais perto de mim. Não me movi. Fiz o esforço de conter a respiração por uns minutos para ele pensar que eu estava realmente adormecida.
O seu rosto aproximou se do meu e por momentos pensei que ele me iria beijar ou alguma coisa do género. Afastou-se e aproximou-se novamente, depositando desta vez um pequeno beijo na minha testa. "Dorme bem." Sussurrou. Não contive uma ligeira emoção. Ouvi-o subir as escadas delicadamente para não me acordar, sem acender a luz, e sumir para o andar de cima.
Duas horas passaram e eu ainda tinha os olhos bem abertos. Claramente eu não conseguia dormir sozinha. Não depois da nossa discussão e de como eu estava tão irritada e me sentia tão traída como naquele momento. Eu não o queria ver à minha frente, nem se quer pensar em tê-lo ao meu lado. Mas lá no fundo eu estava incompleta. O seu carinho ao final da tarde e os beijos repenicados de boa boîte faziam me falta. Tinha de me conter. Vou fazer o que prometi amanhã de manhã e não voltarei atrás. Não posso voltar atrás, iria parecer uma fraca se disse simplesmente que mudara de ideias e quisera ficar. O meu maior problema seria para onde ir.
Virei-me de costas para o sofá e fitei um ponto. Melhor, fitei a fotografia de parede que estava exatamente por cima do televisor. Eramos nós dois juntos, na primeira vez que ele me levara a jantar fora. Eu envergava o meu belíssimo vestido encarnado, com um decote demasiado grande para o seu gosto e ele vestia um smoking preto, que lhe acentava na perfeição. Recordo a raiva que ele sentiu , pelo senhor que se encontrava na zona das bebidas e que não parava de me fitar de um olhar malicioso. Pelo menos fora o que ele me dissera. Eu não me tinha apercebido de nada. Limitei-me a rir naquele momento. Exatamente como estava a fazer rir agora.
Presumo ter adormecido pouco depois, enrolada em memórias que me faziam chorar.
*
Amanheceu rapidamente. Acordei devido à claridade que passava entre as fendas das enormes portadas da enorme mansão. Claramente não eram aqueles fios de luz bem amarelados como o sol, porque nesta zona, Holmes Chapel, mas mais globalizadamente Londres, não há sol. Pura e simplesmente não há sol, não há dias alegres nem movimento nem calor nem nada disso. Só nuvens, céu nublado e cru e chuva. Muita chuva.
Saltei do sofá ao ouvir o trinco da porta. Dobrei a manta onde outrora me cobrira e levei tudo debaixo do braço, subindo as escadas.
"Bom dia." sorrio-me alegremente
"Bom dia, Sylvia."
"O que são essas coisas? Dormiu aqui em baixo?"
"Hm. Sim." subi um degrau
A mulher olhou-me de um ar estanho. Percebeu que alguma coisa se passara, porque realmente passara. Suspirei.
"Eu vou sair cá de casa. Ainda hoje de manhã." revelei
"Mas- O que aconteceu?" pousou o seu saco em cima da mesa
"Zanga-mo-nos. Foi isso que aconteceu. E eu tomei a decisão de-"
"Zangas-te-te. Não nos zangamos. Eu pelo menos estou bem, acho." interrompeu.
"Não te faças de parvo. Agora sou eu a culpada?" Cruzei os braços.
"Ninguém disse que eras. Simplesmente tomaste essa decisão por ti." desceu as escadas.
"Oh. Isso quer dizer alguma coisa Harry?"
"O que é suposto querer dizer? Só não te ia expulsar." riu-se
"Não tinhas motivos de quê." sorri sarcasticamente
Subi as escadas a serrar os punhos. Ele estava a criar algum tipo de jogo comigo? É que se está, ò meu amigo, podes ter a certeza que vais perder. Sylvia olhava para ambos com pena. Ela já repetira múltiplas vezes que nós eramos o casal mais lindo que vira e que foramos feitos um para o outro. Claro. Com uma amante pelo meio não podia resultar. Eu nunca tinha sentido nada por nenhum homem, nenhum sentimento de amor ou mesmo amizade como sentia por ele. Também nunca soube o que era traição, mas agora que passo por ela vejo que não é de todo fácil de suportar.
Olá! Não sabia ao certo quando haveria de publicar mas disponibilizei uma hora de estudo para atualizar. Eu quero mesmo terminar esta fanfic o mais rápido possível. Eu adoro escrever e adoro a Sophia e o Harry e adoro-vos a vocês, minhas lindas. Mas tenho pouco tempo para fazer seja o que seja e quando mais rápido terminar isto melhor fico. Claro e posso garantir-vos que, e mesmo que dure mais não sei quanto tempo, eu irei terminar a história deles. Eu sei o que é lermos um bom livro e do nada a escritora ou o apagar ou anunciar o fim. Sem mais nem menos. É terrivelmente desgostante.
Caroline.
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Far Way ;; h.s
FanfictionRelata a história de uma rapariga sonhadora e sempre ligada à aventura, que parte num belíssimo cruzeiro em família, acabando por ficar retida numa pequena ilha centrada no Oceano Atlântico. Embora pareça impossível, fica então a viver com os seus p...