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Continuei deitada no sofá, rezando desesperadamente que a pessoa por de trás da porta não desenrola-se uma guerra no apartamento. Pois foi precisamente isso que aconteceu quando Cameron abriu a porta e um homem lhe atirou um olhar mortífero, levando a sua mão com força à cara do rapaz que por pouco não caíra no chão. Mal me conseguia mexer nem que o quisesse ajudar. O facto é que era uma coisa que deveria ser resolvida entre homens, não devendo interferir, muito menos no estado triste em que me encontrava. Harry olhou por fim para mim. Não soube o que dizer pois não havia nada a dizer. Começaram os dois a berrar um por cima do outro, elevando sempre o tom de voz, o que me proporcionou uma tremenda dor de cabeça que me fez explodir, gritando ainda mais alto que os dois juntos. A sala foi ficando aos poucos em silêncio, e lá tive de intervir.

"PAREMM!"

"Sophia eu quero que me expliques o que é que se passa aqui."

"H-harry como podes ver só estivemos a bbbeber uns copos e a divertir-nos, e não... nnão houve nada, simplesmente p'demos falar disto quando eu s'ber o que estou para aqui a dd'zer?"

"Tenta perceber que eu não tenho nenhuma intenção com a tua namorada. Somos amigos de longa data e nada vai mudar, nem nos vamos deixar de falar só por tu não quereres. Mentaliza-te disso."

Harry ficou perplexo ao ouvir o que Cameron dissera, até mesmo eu, estando completamente etilizada*, fiquei satisfeita. O curioso é que ele me parecia muito menos bêbado que eu, provavelmente por ele estar já mais habituado e em contrapartida eu ter apanhado uma buba de todo o tamanho. Já não aguentava mais tanto cansaço e mal sentia as pernas. Os olhos estavam semiabertos e já fragilizados, prestes a fechar. Despedi-me de Cam com um beijo na bochecha e senti-me cair no chão, sem poder fazer rigorosamente nada. Antes de me deixar ir consegui ouvir algumas palavras vindas de um e de outro, continuando a discutir sem nunca mais acabarem, ripostando e contrariando o que o outro dissera anteriormente. Puxei a manga da camisa de Harry, dizendo:

"Leva-me p'ra c-c-casa." 

*

Não me lembro de nada do que aconteceu no dia atrás, lembro-me vagamente de enfraquecer e cair no chão, sendo pouco depois colocada na cama, onde me encontro agora. Continuo com a cabeça a andar à roda e uma vontade nula de me levantar. O relógio na cabeceira aponta meio dia e quarenta. É de estranhar que ainda ninguém me tenha vindo ver, por isso levanto-me e tento descer as escadas a direito, mas em vão. Precipito-me antes para a casa de banho, onde me agacho de cócoras e vomito.

"Sophia, está bem? Sophia?"

Sylvia entra desesperada na divisão, agarrado no meu cabelo e tentando fazer dele um coque desajeito. Senta-se ao meu lado fazendo de tudo para eu me acalmar, pois a única vontade que tinha era de chorar pelas dores. Respirei fundo e encostei-me no mármore gélido das paredes à volta, levando as pernas ao peito. A senhora não sabia mais o que fazer. Chamou assim por Harry que veio a correr ver o que se passava, levantando-me e apertando-me contra ele. 

"Tem calma, estou bem." sorri

"Se estivesses bem não estavas nesse estado." resmungou

"É só uma dor de barriga, isto passa."

"É possível que ele te tenha drogado? Lembras-te de alguma coisa?" perguntou

"O que é que estás para aí a insinuar? Ele seria incapaz." levantei-me

"Devias ter mais cuidado com ele Sophia. Um dia ás de te lembrar de tudo aquilo que te tenho dito, quando já for tarde e quando talvez eu já cá não estiver."

Fiquei pasmada a olhar para ele. Eu ouvi bem o que ele disse? Sai disparada, descendo as escadas a correr e saindo para a rua. Respirei o ar puro da pré-primavera que se preparava e contive um choro compulsivo. Não consigo entender esta obsessão de proteção que ele tem por mim perante o Cameron. Conheço-o à demasiado tempo para saber que ele jamais me faria mal.

"Sophia queres que te leve ao médico?"

"Para com isso! Para de criar confusão e de inventar histórias onde elas não existem! Estou tão farta das tuas insinuações e superstições que ele é um mau rapaz, daqui, dali e dalém! Porra, merda! Será que não entendes que eu te amo e não penso em mais ninguém se não em ti?"

"Acalma-te por favor! Tu não estás bem." passou-me o braço pelo ombro

"O que é que queres dizer com "quando talvez eu já cá não estiver"? Explica-te." fiz um movimento brusco para me largar

"O que quer dizer é que, se continuas com essas atitudes és bem capaz de acabar sozinha."

"Isso quer dizer que mais tarde ou mais cedo vais terminar comigo? É isso? Só por uns ciúmes de merda que tu insistes em ter? Cresce e aparece Harry." 

"Porque é que demoraste tanto a chegar a casa ontem?" berrou 

"Porque não queria ter de chegar a casa e olhar para essas tuas trombas de contrariado! Sim, porque eu divirto-me muito mais com ele do que contigo!" apontei

Harry ficou irritado, bastante aliás. Dirigiu-se a mim agarrando-me o braço com uma certa força, dizendo:

"O que é que aconteceu entre vocês?" falou arrogante

"Estivemos juntos, sim." 

"Quando pensavas contar-me isso?" riu-se sarcasticamente 

"Nunca. Podia muito bem ter vindo para cá com ele, porque a final de contas, foi a única pessoa que vi em muitos anos, que poderia ter-me tirado dali sem dificuldade nenhuma. Mas sabes porque não fui com ele? Porque te amava. E decidi esperar que me viesses buscar, mesmo que acreditasse que isso jamais aconteceria." 



HEY GIRLS, PEÇO DESCULPA PELO FIM DE SEMANA NÃO TER ESCRITO NADA MAS APROVEITE-O MESMO ASSIM. ESCREVO HOJE COM O CAPITULO MAIS DE DISCUSSÃO, COMO À JÁ ALGUM TEMPO NÃO HAVIA HAHA. COMO É QUE ACHAM QUE AS COISAS VÃO FICAR PARA ELES? SUGESTÕES?

BEIJOS,

CAROLINE.

Far Way ;; h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora