Acho que aquele foi o único dia desde que entrei na prisão que não fiz absolutamente nada, fiquei apenas deitado na cama, nem mesmo comi, não sei como uma briguinha tola poderia ter feito isso. Continuava sem nenhuma vontade de me levantar da cama, acho que quando saísse da prisão, pelo menos já deveria ter tido uma vez uma grave depressão. Por que realmente do jeito que eu estou, o único resultado que poderia me dar era uma depressão. E das graves.
Vi outro detento se aproximando de mim e pensei que ele ia falar, mas ele se deitou na cama de Evan. Achei estranho.
– Ei, esta Cama é do Evan. – Falei. – Não sua. Vá pra sua cama antes que ele te queria surrar também.
Não que fosse da minha conta, mas acho que deitar na cama de outro detento sem a permissão de um guarda ou dele, não é correto, então por isso falei, será que ele vai me surrar por causa disso?
– Era dele. – Falou – Agora você vai ficar perto do Bravo aqui. – Riu. E depois que eu comecei a perceber todas suas características, ele era preto com diversas tatuagens e careca, tinha um sorriso bem branco e era enorme.
Caraca, eu não entendo como esses detentos na prisão conseguem ter uma limpeza bocal melhor do que a minha quando estive fora da prisão e não consegui me livrar de ter três cáries e fazer diversos procedimentos.
– Por que agora é sua? – Perguntei. – Não pode trocar de cama sem a permissão de um guarda, querido.
– Eita, mas a princesinha é mesmo cheia de perguntas, não é? – Falou enquanto deitou na cama, pegou um jornal e começou a me ignorar completamente.
E falando nisso, lembrei-me que Gustav estava falando com este tal de Bravo quando entrei na cadeia, mas não consegui observar suas características. Por que ele era chamado de Bravo? Deve ter alguma história misteriosa por trás deste nome que também é estranho para colocar em uma pessoa, mas já existem também diversas pessoas com diversos apelidos ou nomes estranhos, Bravo seria só mais um.
Sai da cama e fui procurar o Evan para contar essa tal novidade a ele, com certeza ele não sabia disso ou tinha algo a ver com isso, procurei pela sala, ele não estava, ou estava no refeitório, já que ele tinha direito a diversas refeições, não sei o motivo disto, mas não sei quem queria comer aquela gororoba, mas às vezes ele era o único que como algo diferente de outros detentos, ou deveria estar lá fora, fazendo musculação para exibir seu peitoral suado para todos.
Acertei, ele estava comendo feito um porco no refeitório, me aproximei dele perto de sua ''gangue'', estavam todos na mesa, então olhei pra ele, e ele assentiu, todos saíram da mesa e ficou apenas eu e ele sentados.
– Soube da nova? – Falei.
– Eu sei de tudo desta prisão, facilite pra mim. – Respondeu.
Com certeza ele era mais ridículo que Gustav.
– Bravo pegou sua cama.
– Eu que pedi a ele, não se surpreenda, não iria conseguir não meter uma faca em seus olhos enquanto estivesse dormindo, pra não aumentar minha sentença, ordenei que trocássemos de cama.
Fiquei perplexo, como uma pessoa poderia fazer aquilo por uma briguinha besta?
– Olha cara, hoje percebi que você estava certo, desculpa mesmo.
Fui interrompido pelo seu olhar que me fazia sentir algo estranho. Algo ruim.
– Desculpas não adiantam aqui na cadeia, entenda isto. Mas mesmo assim, vou aceitar. Irei te apresentar a todos daqui, só não se surpreenda se depois alguns deles vierem com papinho pro seu lado.
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SUPREMOS - Contos
RomanceContos da série Supremos. Contos que antecedem os livros da série.