Tudo tem a sua hora

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Minha cara "cunhada",

Receio não poder ir ai falar com você pessoalmente. Adele começou a emitir sinais de melhoras e não quero sair do lado dela por nada. Vai que ela acorde e eu não esteja aqui?
Bem, apesar disso, estive com Draco no final de semana e bem, chegamos a conclusão que a única solução era ele voltar e se entregar. Já temos advogados competentes cuidando do caso e Harry Potter me prometeu ajuda, como você já deve saber. Enfim, Draco voltará em no máximo uma semana para selar seu destino.
Sei que seria horrível para você vê-lo preso de surpresa, por isso o aviso. Também lhe aviso que não contei nada sobre o filho de vocês, por dois motivos básicos: primeiro porque se eu dissesse ele desistiria de se entregar pra ficar com o filho. Entenda, vocês passariam o resto da vida fugindo, e eu, não acredito que esse seja o destino que vocês mereçam. E segundo, a única pessoa que tem o verdadeiro direito de contar para Draco que ele é pai, é você, então quando quiser sinta-se a vontade.

Também tomei a liberdade de entregar a ele todas aquelas lembranças que eu guardei antes de lançar o feitiço do esquecimento nele. Sei que tinha dado pra você, mas ao ver o frasco aqui, no quarto, onde você deixou guardado, achei mais justo e certo dar isso a Draco. Posso dizer que ele ficou muito emocionado com tudo que viu.

É isso.

Qualquer coisa, me escreva, estou aqui para te ajudar.

Filipe Rovigo Bootes Black.

E ela sabia que ele estava lá para ajudar mesmo, afinal, esses meses todos ele a ajudou em tudo que precisou, principalmente nas questões de registro de seu filho e bem como o sigilo que ele conseguiu junto as autoridades sobre a identidade do pai da pequena criança.

Harry, a pouco tempo, havia descoberto que Filipe era filho de seu padrinho, e contrariando as expectativas, se sentiu muito feliz com isso. Era como se um parente próximo tivesse voltado de uma longa viagem e os dois estavam cada vez mais unidos. Ele também havia marcado seu casamento com Gina para o começo de dezembro, onde Lipe seria um dos padrinhos dele.

Harry também havia ficado sabendo, há algumas semanas, que Draco era irmão de Lipe, sendo filho de Sirius também. A primeira impressão foi de surpresa e incredulidade. Depois ele achou muita graça ao pensar nas estripulias do padrinho que partiu sem saber que havia deixado dois herdeiros.

Antes de aparecer definitivamente, Draco se certificou de quais seriam suas condições assim que o fizesse. Já era sabido que ele deveria cumprir ao menos um ano e meio de prisão, em regime fechado. Parte de seus bens seriam leiloados, onde o lucro arrecadado seria revertido em trabalhos sociais.E só depois ele poderia tentar sua liberdade novamente, mesmo que fosse provisória.

Pensando nisso tudo, Hermione acreditou que sim, a decisão de sair da Inglaterra era a melhor para ela. Não queria ver Draco preso e viver a angustia de vê-lo sofrer. Não queria que ele sofresse mais pensando que ela o esperava com um filho nos braços. Esperaria tudo se resolver e dependendo do resultado tomaria outras atitudes.

Dezembro chegou e assim as bodas de Harry e Gina. Um casamento de sonhos, como tinha que ser. Gina sonhara com aquele dia desde menina e era a primeira grande festa após os acontecimentos pesados da guerra. Assim que o casamento acabou, Hermione buscou seu filho, que deixara com uma babá, e partiu para seu destino. Lá ela esperaria pelo que viria, lá ela saberia como agir depois.

Partiu sem dizer adeus e sem dizer para onde iria. Apenas Lipe saberia onde encontrá-la. E ele não teria tempo de contar pra quem quer que fosse, pois Adele acordara, mas ainda precisava de muitos cuidados.

Todos estavam bem, e ela precisava agora de paz. Queria se ausentar pelo tempo que fosse, para que naturalmente as coisas tomassem o lugar que deveriam tomar. Jamais escreveu ou recebeu algo de Draco. Apenas levava consigo a lembrança da única vez que o ouviu dizer "eu te amo". E assim ela partiu.

E o tempo passou....

Era um fim de tarde. O sol já estava se pondo fazendo que o céu se pintasse como em aquarela. Havia um laranja, um rosa, um azul e até mesmo um negro despontando no céu. Era uma visão muito bela. Da sacada daquele quarto azul ela podia ver esse espetáculo. O vento batia como em um carinho na sua face. Fazia tempo que ela não sentia aquele afago. Depois de apreciar a manifestação da natureza ela voltou para dentro do quarto. Lá estava ele, dormindo com um anjo. Mas ele era um anjo. Era o motivo dela ainda estar viva, dela ainda respirar e poder assistir aquele show que ela acabara de ver no céu. Ele era ela, de novo.
Sua pele macia, seu cheiro ingênuo. Sua forma frágil. Seu cabelo cor de sol. Não fosse por ele, tudo já tinha acabado, ela tinha certeza disso. Mas não acabou. Ela enfrentou os inimigos, e o mais difícil, como ela já tinha ouvido quando era nova, ela enfrentou os amigos. Tudo por causa dele. Deu dois passos e o alcançou na cama. Acariciou seus cabelos macios e loiros, ele acordou. Não era o que ela queria, mas quando viu aquela íris cheia de curiosidade a fitando ela sorriu e sentiu uma felicidade imensa se apoderar dela. Ele sorriu também. Era como se ele fosse capaz de sentir a paz dela, enfim, a paz. Lhe deu um beijo na face. Ele agarrou os cabelos dela com pouca força. Então ela resolveu tira-lo da cama.

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