Capítulo 9

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- Você não pode fazer isso!  - Gritei me soltando de sua mão.

- Posso e vou,  sua mala já está pronta, mandei Jozi fazê-la. - Apontou para perto da porta onde haviam três malas.

- Minhas coisas dão muito mais que três malas.

- Para onde você vai mal-mal vai caber duas malas,  você não vai levar mais do que isso daqui. - Falou decidido.

- Se você está me expulsando sim,  eu vou levar tudo o que é meu. - Fui até meu closet e peguei mais malas e fui pondo tudo o que era meu. - Pra falar a verdade você está me fazendo um favor,  já estava cansada disso tudo,  pelo menos assim não vou precisar agradar a ninguém,  e ninguém vai ficar no meu pé o dia todo falando sobre o negócio da família.

Ele não falou nada,  apenas saiu do quarto furioso.

Eu estava me fazendo de forte e que não ligava,  mas no fundo estava morrendo de medo,  eu não fazia a mínima ideia de pra onde eu poderia ir.

Terminei as malas e chamei Bruno para me ajudar,  Bruno era o motorista.

Desci as escadas e meus pais estavam no hall.

- Por mais que você ache,  eu não sou um monstro,  comprei um apartamento barato em um bairrozinho, depositei uma quantia que dá para você sobreviver pelo menos quatro meses sem trabalhar,  mas se fosse você procuraria um emprego rápido,  as coisas para os pobres são bem difíceis. - Falou ele com gosto,  parecia estar se livrando de um peso.

- Não preciso dos seus concelhos,  vamos Bruno. - Andei até me aproximar deles e minha mãe estava de cabeça abaixada. - Pensei que pelo menos você fosse diferente,  mas percebi que vocês são farinha do mesmo saco,  vocês se merecem. - Me pus a andar e fui até o carro.

Coloquei as malas no carro e ia entrar para finalmente sair dessa casa, meu pai aparece na porta.

- Só uma outra coisa,  o seu carro você terá que devolver para confessionária, ele não está em seu nome. - Falou e entrou em casa novamente.

Ele só podia estar brincando, o que ele queria? Transformar minha vida em inferno ? Estava conseguindo, como vou sobreviver sem carro?  Como vou sobreviver sem dinheiro?  Eu mal-mal sei cozinhar um ovo,  isso não é pra mim,  eu não sou desse mundo.

Coloquei minhas malas no porta-malas do carro e entrei, o motorista deu a partida e então me despedi daquele mundo, eu não iria tê-lo mais, as lágrimas desciam descontroladamente eu não imaginei que meu pai chegaria a esse ponto, ele realmente era um monstro.

Após um longo tempo o carro para.

- Chegamos senhorita Lydia.

Olhei ao redor e o bairro era bem simples, coisa de pobre mesmo, sai do carro e fiquei olhando para meu ''novo mundo''.

- Quer ajuda com as malas senhorita? - Perguntou Bruno gentilmente.

Apenas assenti, ainda estava fraca para falar.

Entramos no prédio que por mais pobre que pareça estava bem cuidado, Bruno resolveu as coisas na recepção e depois fomos para o meu andar, e como todo apartamento de pobre, não havia elevador, o coitado do Bruno que teve bastante dificuldade, o sindico teve que ajudar ele.

Estava dentro daquele cubículo, cinco cômodos onde mal-mal eu poderia me locomover, era limpinho mas carregava cheiro de pobre, a partir de agora, meu cheiro. 

SOS Alguém Congelou Meu ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora