Um beijo que passou despercebido

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DANIEL

Por sorte não teve nenhum imprevisto no caminho, andamos pela floresta tranquilamente, bem... Quase. As dores em minhas costas estavam ficando mais fortes a cada momento, rápidos flashbacks se passavam em minha mente, sendo repetidas várias vezes. Quando iria começar novamente, Janne aconchega-se em meu peito, sua face estava pálida demais, seus olhos deprimidos. Queria poder fazer outra de minhas piadas, mas até mesmo eu não estou em um bom humor. Se ela sentia dor, eu não sabia, nasci todo ao contrário, queria poder compartilhar a dor dela comigo, mas sempre que toco em algo tudo é revertido. 

"- Bem, você pode usar isso a seu favor... - ecoa a voz rouca do demônio em minha mente."

 - Não é o caso... Não quero ter penas... - murmuro.

 "- Não é apenas pena, é uma arma que nos fará mais forte... Duvido o Sofrimento nos vencer."

 - Não me importo com isso, foda-se a rivalidade que tens com seu irmão. E que fique bem claro, Eu não vou matar o meu...

 - O que está dizendo? - Janne olha pra mim.

 - Nada, é só perturbações em minha cabeça... Olha, chegamos! -digo logo vendo a placa do acampamento. 

Fomos pra lá num silencio incomodativo. Realmente ela estava mal, alguma coisa aconteceu. Porque ela não estaria tão abatida assim por causa do ferimento em sua perna. 

"- Oh criança, tem tanto a aprender... Você é diferente agora... É como a morte, sua Áurea não é mais brilhante como a de um filho de Apolo, agora é negra, sozinha e dolorida." 

Ignorei o que aquele maldito dizia, era coisa demais para apenas algumas horas. Avistei Annabeth a conversar com um de seus irmãos, chamei sua atenção com um alto assobio quando uma corrente de dor percorreu meu corpo, ouvi os gemidos reprimidos de Janne.

 -Perdão... –digo tentando conter os meus gemidos doloridos. Annabeth e seu irmão vieram em nossa direção, fui me ajoelhando aos poucos não derrubar Janne no chão, senti um grito começar a subir minha garganta, quando o filho de Atena pegou Janne nos braços rapidamente. Em minha testa escorria um suor frio, meus batimentos aceleravam, Annabeth veio pra tocar em mim quando me afastei – Por favor, Annie não me toque. 

-Esta com dores!? Não me importo – ela segura meu braço e me ajuda a levantar, fiz o máximo de esforço para permanecer em pé, não posso jogar todo o meu peso encima dela assim – Jones, rápido. Para a enfermaria.

 Sorte a enfermaria não ser muito longe. Annabeth já contia alguns gemidos dolorosos, minha pele formigava a ponto de arder como se estivessem me tacando fogo, principalmente minhas costas. Praticamente me joguei em uma das macas mais próximas, fiz com que Annabeth me soltasse, por mais que fui um pouco bruto não posso deixar que ela sentisse essas dores. Sua respiração estava tão ofegante quanto a minha, estendi a mão para que ninguém se aproximasse, a falta de ar me deixava zonzo e com mais dores ainda. 

-Daniel, deite-se! – ordenou Annabeth, sua voz estava distante e minha visão embasava. Não isso de novo, não – Chame o Nicolas, ele cuida da Janne... Daniel abra os olhos! Fique acordado! 

 -Daniel!? – ouço uma voz familiar, uma garota realmente preocupada. Alice!? – O que houve com ele? – ouço sua voz ecoar quase num grito. 

-Faça alguma coisa – pede Annabeth desesperada. Pude ver apenas vultos andando de um lado a outro, viro o rosto de lado encontrando outra pessoa deitada na maca ao lado – Eu cuido de Janne...

 -Annabeth! Ele não esta respirando!?

 -Alice! 

 -Calma! Eu sei o que fazer... 

Realmente não senti nenhum oxigênio entrando em meus pulmões, era como se eu mesmo estivesse prendendo a respiração. Tentei abrir a boca à procura de ar, e o que veio de encontro a mim foi lábios macios, e em seguidas mãos fazendo compressões sobre meu peitoral, isso diversas vezes. A face embasada na minha frente era familiar, forçando um pouco a visão consegui ver o rosto preocupado de Alice. Aqueles lábios grudados aos meus me deram folego, minha cabeça ainda latejava, porém bem menos. Abri os olhos rapidamente, me sentei na maca assustando todos ali, meus pulmões ardiam e estavam desesperados por oxigênio. Vi Alice praticamente em HD agora, uma das minhas irmãs do chalé de Apolo, estava parada na minha frente com um olhar agoniado, mas logo um sorriso fraco surgiu em seus lábios. Na maca ao lado vi Janne deitada, já haviam faixas em suas feridas, estava com os olhos fechados e o rosto voltava ao tom de pele normal, um garoto se encontrava em pé ao seu lado, e reconheci ser Nícolas, mais um dos filhos de Apolo. Ofegante, consegui me levantar, cambaleei um pouco, mas as mãos de Alice seguraram meu braço.

 -Calma ai – diz ela tentando fazer com que eu voltasse para a maca. 

 -Você precisa ficar deitado Daniel, olha o susto que você deu na gente – Annabeth se aproxima.

-Me solta, eu preciso saber se ela esta bem... – me aproximo de Janne tocando sua mão. Dei um longo suspiro quando a seguinte cena se chocou em minha mente. 

... (continua)

The Vampire. Lubyts- 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora