Preso no fundo do oceano

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E assim fizemos. Em estado de choque ainda não consegui reagir, uma onda de violência percorria em mim, mas não posso sair por aí descontando minha raiva em qualquer um que vejo.

Deixei que Bruno desse as ordens, afinal nunca fui bom nisso, e quero que Kauã fique bem.

Chegamos na alcatéia, adolescentes ainda comentavam com o que haviam visto a pouco, Bruno correu conosco até a praia mais próxima, durante o percurso consegui ver algumas marcas de garras nos troncos, Helena teria nos distraído nos levando para o meio da mata enquanto Kauã de afogava sozinho.

Já na praia pude ter certeza que meu namorado estaria ali em algum lugar, na areia também haviam respingos de sangue. A brisa do mar soprava leve, mas as ondas do mar se agitavam aos poucos.

Alguns minutos a espera de ajuda, Daniel apareceu pelos céus junto a Thalles, que rapidamente se aproximou.

-Juliano, Bruno e Léo, vocês vão mergulhar comigo - diz ele tirando rapidamente os sapatos, sem pensar duas vezes fizemos o mesmo em seguida.

-Thalles, tem certeza de que ele está aqui embaixo? - questiono preocupado.

-Tenho, posso senti-lo. Porém está muito longe, teremos que nadar bastante. Vamos logo, não temos muito tempo- responde ele.

-Boa sorte, pessoal - desejou Daniel logo se sentando na areia.

Nós quatro corremos para o mar, e mergulhamos. As águas não estavam tão frias, mas começou a ficar a cada vez mais que nos afastavamos da praia, mergulhamos e a cada vez mais nos aprofundavamos.

-Gente, podem respirar - diz Thalles ainda nadando. A sensação de encher os pulmões com oxigênio mesmo estando na água, é bizarra.

Minha visão ficava mais escura a cada momento, meu corpo ainda sentia frio e meus braços doíam. Abaixo de nós encontramos Kauã inconsciente, correntes o prendiam a uma enorme caixa de ferro, rapidamente nos aproximamos.

-Oh deuses - toco sua face- Estamos aqui, e vamos te tirar o mais rápido possível.

Bruno e Thalles mergulharam ainda mais para quebrar as correntes que o prendiam ao peso, os meninos tiveram até que usar suas pressas para solta-lo, enquanto isso Léo e eu seguramos Kauã e o levamos para cima depois de solto, ele estava parcialmente transformado em anjo, não usava armadura mas suas asas estavam ali, dificultavam bastante nosso trabalho.

Thalles usando as águas nos impulsionou rapidamente para a superfície, com grande dificuldade trouxemos Kauã para a praia.

-Kauã! Abra os olhos - toco sua face. Ele nem se mexia, não reagia - Por ele ser um anjo, deve ter mais resistência, não é? - olho desesperado para os outros.

-Juliano é provável que ele seja, mas temos que lembrar que é como nos... Se machuca... - responde Thalles se aproximando - O coração dele ainda bate, muito fraco, acho que posso ajudá-lo.

Thalles segura a mão de Kauã firmemente, estava bem concentrado, fazia algumas caretas parecendo ter alguma dificuldade. Parado apenas olhando, não sei nem o que fazer.

Daniel e Bruno observavam os meninos atentamente, pareciam estar prestando atenção em cada som no ambiente. Léo se aproximou de mim, parecia confuso como eu, sem saber o que estava acontecendo.

Os três fizeram uma expressão de pânico, estavam nervosos com algo. Thalles fechou os olhos e se concentrou novamente.

-Você consegue, Thalles trás ele de volta... - ouço Bruno murmurar.

Naquele momento entendi que Kauã estava na beira da morte, e que de algum jeito Thalles se esforçava para trazê-lo de volta. Léo coloca a mão em minhas costas, parecia ter entendido o que acontecia.

De repente me assunto com Kauã cuspindo água ao meu lado, sua pele começava a ganhar o tom rosado novamente. Thalles sorriu satisfeito.

-Kauã... - minha voz fraca saiu quase como um sussurro. Ao recuperar o fôlego, ele rapidamente me abraçou.

-Ah, eu sabia que você ia vir atrás de mim - sussurra ele, sua voz transmitia medo, ele ainda estava em choque.

Enquanto acaricio os cabelos de Kauã tentando acalma-lo, os meninos conversavam curiosos.

-Thalles, o que foi que você fez? Agora consegue trazer alguém de volta a vida? - questiona Léo.

-Haha, não. A única coisa que eu fiz foi manipular a água no corpo dele - responde o garoto, Thalles olhava de canto para mim.

-De que forma? - questiona Léo curioso.

-Tirando a água dos pulmões dele - interferiu Daniel.

-E logo depois, manipulei o sangue dele para fluir pelo corpo normalmente. O bom é que ele reagiu, se não já estaria morto - continua Thalles.

-Muito obrigado por ter vindo, Thalles - agradeço. Ele apenas concordou com a cabeça e em seguida sorriu.

-É melhor voltarmos, antes que Cathia sequestre mais alguém - diz Bruno, todos concordamos.

Daniel carregou Kauã nas costas direto para a alcatéia, Thalles me carregou de volta e Léo foi com Bruno.

Enquanto corriamos pela mata, tive que me segurar firmemente em Thalles, observei seus pelos brancos e me lembrei de Camilly, quando brincávamos na colina.

Não demorou muito para que chegássemos, todos nos reunimos no refeitório. Bruno nos entregou algumas toalhas para nos secar, Kauã ao meu lado tremia de frio.

-Ele irá ficar bem - Thalles se senta ao nosso lado - O corpo dele logo voltará na temperatura normal.

-Kauã nos conte o que foi que aconteceu hoje mais cedo - questiona Bruno se aproximando.

-Ham... Foi estranho, era madrugada, e quando acordei tinha uma mulher no quarto com o rosto todo coberto, ela ia aplicar alguma coisa no Juliano, algum tipo de injeção. Me levantei para impedi-lá... - ele parou pensativo - Não sei o que ela era, mas usou algum tipo de magia para me conter, me jogou para todos os lados sem ao menos tocar em mim.

-Uma semideusa, filha de Hecate - diz Léo - Só pode ser essa tal Helena que está do lado de Cathia, a garota que encontramos agora pouco.

-Deve ser ela mesmo. Ela me disse algo que seria apenas um aviso, que algo pior viria depois - continuou Kauã - Ela não queria me matar, apenas assustar, se não vocês não me encontrariam em um lugar tão óbvio.

-Nós já esperavamos algo desse tipo - diz Thalles, ele suspirou preocupado.

-O que vocês acham de irmos até a alcatéia de Felinus? Vamos conversar com os outros e ver o que decidimos - sugere Bruno.

-Claro, quando mais rápidos agirmos, melhor - responde Thalles.

-Juliano e Kauã, fiquem aqui e descansem... - diz Bruno se levantando.

-Não é necessário, vamos com vocês - Kauã se levanta, os meninos o olharam surpresos mas concordaram.

Novamente Thalles foi quem me carregou, já que Kauã não estava muito seguro se conseguiria voar, Daniel foi ao seu lado para caso algo acontecesse.

The Vampire. Lubyts- 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora