FREE WEEK

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O complexo era enorme. Isso não era desconhecido. A primeira coisa que fiz foi sair dele para vê-lo por fora. Minha volta por ele durou cerca de meia hora e nessa meia hora, eu vi tantas portas e tantas janelas que confesso que fiquei perdida.

Ele parecia um pouco com a universidade de Gran Forks. Ela também era imensa e com portas e janelas por todo o lado. Acabei me sentando em um degrau do lado de fora do complexo e fechei os olhos por um instante. Me lembrei de como minha vida costumava ser antes da STO. Será que minha mãe também se sentiu desse jeito quando estava sendo perseguida por duas organizações secretas? Será que ela havia se arrependido de alguma parte da vida dela? Será que eu me arrependeria? Se realmente conseguíssemos a vacina e se não conseguíssemos mudar a cabeça de Alastor, a culpa de um exército de mutantes e monstros acabando com pessoas, seres humanos, seria nossa? Eu tinha medo que isso acontecesse... e se nós falhássemos? Deus! As perguntas, as dúvidas e as inseguranças não acabariam nunca?

Abri os olhos novamente quando senti meu corpo ser atingido por uma onda de calor lenta e queimante. O sol batia em todo o complexo e como ele era constituído, a maior parte, de vidro, a luz refletida me cegava. Resolvi voltar para dentro do prédio.

Encontrei dois guardas à minha espera.

- Eu não vou fugir. – Disse simplesmente parando descontraída ao lado deles.

- Não é por isso que estamos aqui. – Um deles disse e me ofereceu um cartão com meu nome e um código de acesso. Olhei para o cartão e assimilei que ele estava me dando a passagem livre para todas as portas daquele prédio. Lembrei do computador que eu trouxe comigo e do micro controle que estava ainda em meus cabelos. Coloquei a mão perto da minha nuca e o encontrei ali ainda. Franzi a sobrancelha e sorri para o guarda. Eu tinha o acesso a todas as portas do complexo. Eu não precisava de um cartão, mas mesmo assim, peguei o cartão que o guarda oferecia e agradeci. Aquele micro controle tinha custado uma fortuna. Eles tinham que ser à prova d'água.

- Eu agradeço o cartão e ficarei com ele, mas... – Mexi novamente na minha nuca, onde se encontrava o controle e as portas se abriram imediatamente. Sorri levemente e pisquei para os guardas. – Eu não preciso dele.

Os dois seguranças me olharam boquiabertos e assentiram com a cabeça.

- Obrigada, mesmo assim. – Agradeci novamente e entrei no complexo. Antes das portas se fecharem e deixarem os guardas no calor esgotante do lado de fora, eu ainda ouvi: "o Chefe sabe o que faz. "

É, eu espero que ele saiba...

Eu me sentia estranhamente calma. O calor de Martin aliado ao calor do sol lambia minha pele e nem o ar condicionado do lugar conseguia me esfriar, mas meu estômago não estava se remexendo e eu não estava ansiosa. Eu estava bem... o calor era bem-vindo.

Comecei a andar pelo primeiro andar e descobri que ele era apenas um tipo de recepção. O lugar todo era branco e tinha uma aparência próxima a de um hospital, mas o resto era completamente diferente. As atendentes eram simpáticas na medida certa e inteiramente profissionais. As câmeras estavam presentes em todos os lugares. Se eu entrasse em algum banheiro, eu teria certeza que uma câmera estaria à minha espera. O primeiro andar não era tão interessante quanto o segundo.

Esse tinha a vista mais aberta e era parecido com uma recepção de algum hotel chique. As poltronas espaçadas, grandes e marrom, assim como o papel de parede davam um ar aconchegante e simpático para o lugar. Encontrei a senhora Bloom, a mesma senhora do elevador, saindo de uma das salas de um corredor comprido e largo.

- Ah! Que bom ver a senhorita por aqui! É um prazer revê-la novamente. – Ela disse carinhosa e eu me senti acolhida por sua voz e seu jeito de avó. Mesmo que eu nunca tivesse tido uma. – Eu ainda não sei o seu nome, querida.

Atrás do PerigoOnde histórias criam vida. Descubra agora