"Então ele tem um tipo..."

14 2 0
                                    

- É bom ver que você anda sonhando comigo... – Martin disse se sentando ao meu lado. Por algum motivo que eu desconheço, nós estávamos no andar -54, no bar. Não havia ninguém no bar. – Eu gosto dos sonhos em que eu tenho um certo controle, porque eu posso ter o que eu quiser, nas minhas mãos.

Uma garrafa de whisky apareceu ao seu lado e eu sorri.

- O que quer dizer com sonhos onde você tem um certo controle? – Perguntei.

- Sonhos lúcidos. Basicamente, você tem um certo controle sobre o seu corpo. Isso é diferente de viagem astral. Você não costuma controlar o seu corpo na viagem astral, mas tudo o que você sente no sonho, o seu corpo também sente. É mais perigoso que um sonho lúcido.

- Estamos no meu sonho ou no seu?

- Esse sonho é completamente seu... mas como eu também tenho a telepatia, posso fazer mais coisas do que uma pessoa normal.

- Entendi... é mais fácil para a gente?

- Sim... – Martin falou casualmente, colocando os lábios na garrafa de whisky. E aquilo foi sexy como o inferno. Engoli em seco e me virei para a frente.

- Não tem sonhos comigo? – Perguntei. Minha curiosidade foi maior que o bom senso.

Martin sorriu, mostrando seus dentes brancos. E passou a língua pelos lábios.

- Ah, esquece... – Disse começando a me levantar e a perder a paciência.

- Ei... espera. – Martin se levantou também e segurou meu braço. Ficamos muito próximos e sua respiração bateu no meu nariz fazendo cócegas – Eu sempre tenho sonhos com você, mas você nunca está neles de verdade. Eu simplesmente não consigo te chamar. – Martin sussurrou colando seu corpo no meu – É uma pena que eu só consigo beijar você quando estamos sonhando.

Martin puxou minha nuca e colou seus lábios nos meus. Nossas línguas se misturaram e seu gosto se derramou na minha boca. Senti-lo foi como ter um orgasmo. Ele me beijava carinhosamente e não me largava por um segundo sequer. Eu fazia o mesmo. Coloquei minhas mãos em seus cabelos e os puxei arrancando um gemido de Martin. O beijo foi se tornando mais urgente e eu não queria largar Martin nem por um segundo.

Martin parou o beijo devagar e resmungou em protesto.

- Tem alguém me chamando.

- O que?

- Fora do sonho. Merda. Desculpe Ella. Acho que é Alastor.

- Tudo bem, sem problemas. Pode ir. – Digo e me afasto. – Mas antes...

Mordo o lábio inferior de Martin e sorrio levemente.

Ele some do sonho e eu fecho os olhos.

**

Acordo. Olho no relógio e são 3 horas da manhã. O que será que Alastor quer a essa hora? Balanço a cabeça e me viro para o lado. Esse quarto é muito pequeno.

Tinha algumas semanas que estávamos no mesmo ritmo de atividades. Nos 4 dias fazíamos o que Alastor mandava e no dia que sobrava, que era normalmente sexta-feira, nós íamos para nossas áreas. Os dias em que eu tinha que mexer com computadores era um alívio. Eu controlava aquela parte perfeitamente e não levava porrada de Martin ou era descoberta nos meus disfarces. Eu tinha passado ilesa apenas uma vez. A vez em que não tive que ficar no mesmo andar de Martin.

Meu desempenho nas lutas havia melhorado, mas minha telepatia continuava empacada no mesmo lugar. As coisas com Martin estavam sendo muito boas e eu preferia deixar assim do que voltar a ter algum momento constrangedor com ele. Aquilo podia ter feito eu falar mentalmente com ele, mas não repetiria aquilo em um milhão de anos. Definitivamente não.

Atrás do PerigoOnde histórias criam vida. Descubra agora