QUIET DAYS

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Peguei meu computador e o levei comigo para o andar de cima da casa. A casa era bem espaçosa. Tinha 3 quartos, 2 banheiros, cozinha e sala e uma vista de tirar o fôlego. Não tinha energia e nenhuma alma viva por perto, e por esse motivo, nós podíamos apreciar as estrelas. Algo que eu não trocava por nada.

Além disso, o campo de girassóis ficava bem perto, fazendo com que as pétalas amarelas vivas desse alguma cor à terra marrom.

Peguei as duas câmeras que instalei naquela casa a 5 anos atrás, tirei os cartões e coloquei no meu computador. Eu vi alguns insetos voando e algumas folhas passando, mas nada que me interessasse. Nada para se preocupar.

Depois de guardar meu computador em um lugar seguro no meu quarto volto para sala.

- E depois ele disse que queria outra bola de sorvete. Eu não aguentei e fui pra casa correndo e chorando. Falei pra minha mãe naquele dia que eu não conseguiria pagar tudo o que ele comesse.

As meninas caíram na gargalhada e eu abri um sorriso feliz por estar ali com elas.

- Ella, nós estamos contando histórias terríveis de namorados. Você tem alguma? – Jade perguntou enquanto pegava uma garrafa de cerveja na pequena mesa de madeira no centro dos dois sofás.

- Deixe eu ver. Bom, eu nunca tive um namorado como vocês sabem, mas no primeiro ano da faculdade, eu comecei a conversar com um menino que despertou tudo o que existe dentro de mim das melhores formas possíveis. Nós começamos a conversar e ele marcou alguma coisa na casa dele. Eu não estava nem aí pra onde seria o lugar. Eu só queria arrancar a roupa dele e beijá-lo. Foi nesse dia que eu perdi a virgindade.

- Você nunca contou isso pra gente!

- Porque vocês queriam saber? – Perguntei rindo – Vocês ainda estavam com seus namorados e eu estava sozinha. Depois disso, nós saímos mais vezes, mas não deu em nada. Aquele cara tinha um apetite sexual intenso. Eu não poderia acompanha-lo.

- Meu Deus, só depois de 4 anos eu fico sabendo dessas suas histórias picantes. Como assim? – Bárbara caiu na gargalhada depois disso e nós a acompanhamos.

Era divertido passar pelo menos uma noite sem ter nenhuma preocupação com nada. Eu sabia que nós não poderíamos ficar naquela casa para sempre. Eu sabia que não poderíamos viver escondidas, mas quando fosse a hora, nós saberíamos. E estaríamos prontas para o que viesse. Eu tinha certeza disso.

Marian jogou uma garrafa de ice para mim e eu a abri e tomei um gole. Elas haviam pensado em tudo. Comprado cervejas, e outras bebidas suficientes para ficarmos bêbadas e esquecermos o que estava acontecendo na vida. Além disso, tinha salgadinhos e alguns sanduíches espalhados na cozinha, algumas barras de cereal e novas roupas jogadas em todos os quartos.

Nós tínhamos pouco momentos como esse. Sempre que estávamos juntas, na verdade, estávamos a mil quilômetros de distância. A rotina era sempre a mesma. Marian e eu tínhamos aula de manhã e de tarde na universidade. Nós acordávamos juntas e íamos na minha moto. Ficávamos na universidade até umas 3 horas da tarde todos os dias. Ou eu esperava Marian, ou ela me esperava. Quando nós chegávamos em casa, Bárbara já tinha saído para suas aulas de krav magá e Jade estava se preparando para o curso de teatro a noite.

Bah queria ser professora de krav magá, portanto ela fazia aulas de tarde e estudava um pouco a teoria a noite. Eu ficava feliz por ela. Ela estava fazendo algo que gostava de fazer. Todas nós estávamos. Não é fácil encontrar alguém que faça o que goste hoje em dia. As pessoas andam insatisfeitas com tudo.

- O que vocês acham daquele cara que conversou com Ella na festa? – Jade iniciou a conversa com um sorriso malicioso nos lábios.

- Ele é bem bonito.

Atrás do PerigoOnde histórias criam vida. Descubra agora