Olhos azuis da cor do mar. Frios. Impenetráveis. Observadores. Os mesmos olhos que vi há não muito tempo. Naquele maldito carro preto.
Os olhos azuis me encaram com um nítido divertimento. Eles lambem meu corpo todo em questão de segundos e voltam a se fixar nos meus. Agora não mais divertidos, eles me provocam e indagam em um silencioso dobrar de sobrancelhas. Talvez ele não se lembre de mim. O que eu acho muito difícil. Não que eu seja inesquecível, não é isso. Mas o modo como eles me olharam naquela estrada...
Logo, as sobrancelhas relaxam e a ruga entre elas desaparece. Reconhecimento brilha naqueles olhos e novamente voltam para meu corpo. As pupilas dilatadas em um aviso silencioso.
Não sei quanto tempo estou parada na mesma posição, olhando pra esse cara.
- Ah, vocês já se conheceram. – Vera vem em nossa direção colocando uma mão em meu ombro e a outra no ombro do cara desconhecido na minha frente.
- Tecnicamente não, senhora Escarpat. – Ele responde a Vera fixando seu olhar no dela. Aproveito esse instante para observar o homem a minha frente. Divino. A barba por fazer castanho clara em seu maxilar duro e marcado pela tensão dá um ar sexy e um charme inigualável para ele. Seus cabelos da mesma cor da barba estão cortados em um estilo militar e completamente certo. Seu nariz reto e fino e seus lábios carnudos dão um ar sofisticado. Quando ele se vira para mim de novo, seus olhos novamente se fixam nos meus e estão rindo de mim. De deboche.
- Você está me ouvindo Ella? – Vera me pergunta com um alerta em seus olhos.
- Ah... não, Vera, me desculpe. O que disse? – Viro na direção dela para me libertar do poder que esse homem está exercendo sobre mim. Fracasso. É impossível sabendo que ele está me olhando fixamente.
- Esse é senhor Rampon. – Ela falou se virando para mim. – E essa é a senhorita Avril. – Ela disse se virando para ele.
- É um prazer conhecer você, senhor Rampon – Eu disse tentando me livrar daquela situação embaraçosa e pegar logo uns 5 drinks e beber tudo de uma vez. Meu corpo estava queimando de vontade de tirar a roupa desse cara só para ver o que o smoking feito sob medida guardava. Tinha muito tempo que eu não tinha essas vontades loucas. A última vez foi no primeiro ano da faculdade. E mesmo assim, não foi tão intenso como agora.
- O prazer é todo meu, senhorita. Quer um drink? – Ele pergunta prestando atenção na minha boca. Eu queria um drink, mas não com ele. Eu queria uma garrafa inteira, mas não com ele.
- Claro, porque não, Ella? – Marian se aproxima, me lembrando da presença de todas as três atrás de mim e que acompanharam toda essa cena embaraçosa.
- O que? – Disse olhando para ela e Deus me ajude. Eu queria matá-la.
- Ótimo, venha comigo Ella. – Ele disse me puxando pelo cotovelo calmamente. Fui sendo guiada pelo homem de olhos azuis gelados na minha frente. – Ele chegou mais perto de mim, colocando uma das mãos na minha cintura e me guiando em direção a um garçom. O cheiro do seu perfume caro me envolvendo como seda. Quando ele pegou duas bebidas, um suco de cramberry com vodca e uma dose de tequila e me entregou o suco, tive que rir.
- Você não acha que eu vou beber só isso, né? – Eu não estava entendendo. Eu queria tirar a roupa desse homem, mas mais do que isso, eu queria respostas. Quem ele era? O que ele fazia? Porque estava me seguindo? Mas que merda! Eu nunca sei o que está acontecendo na minha vida e quando eu começo a entender tudo vira de cabeça pra baixo de novo.
- É educado para uma moça se comportar em festas como essas. – Ele disse calmamente.
- Ah cala a boca. – Peguei o copo de tequila da mão dele e o líquido desceu rasgando a minha garganta.

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Atrás do Perigo
Roman d'amourElla está cercada. Alguém está atrás dela e de suas amigas e ela precisa correr. Ela não sabe de absolutamente nada e só o passado conturbado de um homem misterioso pode lhe dar algumas respostas. Um tiro e uma fuga. "Que merda está acontecendo?" va...