Tattoo

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Beijos. Tudo que eu sentia eram beijos. Espalhados pelo meu pescoço. Descendo pelos meus seios e barriga. Chegando perto da minha virilha. Os beijos voltavam. Iam e voltavam.

- O que está fazendo? - Perguntei para um Martin muito safado em cima de mim. Eu estava um pouco de lado, mas não totalmente e Martin aproveitou minha posição vulnerável para atacar ainda mais meu pescoço. Ele não falou nada até me virar de costas em um puxão rápido me fazendo abrir os olhos e chocar minha barriga com o colchão.

- Testando. - Ele disse com a voz rouca e pingando tesão. Gemi.

- Grosso. - Xinguei tentando me virar, mas ele colocou suas pernas em cima de mim prendendo meu tronco.

- E grande. - Ele completou sorrindo perto do meu pescoço. Todos os meus pelos se arrepiaram e eu fiquei quieta. Senti o nó na boca do meu estômago se formando lentamente e encharcando minha abertura.

- Não sabia que era convencido desse jeito. - Falei firmando minha voz.

- Eu não sou, mas você me disse isso ontem. E convenhamos... eu sou mesmo. - Deus! Ele estava afim de me enlouquecer. Eu já tinha superado a fase da vergonha e constrangimento quando Martin me falava que eu dizia a ele coisas que eu pensava. Coisas sobre sexo. Eu não tinha culpa. Ele sempre me deixava quente como o inferno.

- Ahan... - Falei vagamente. Ele riu abafado por estar beijando minha pele.

- Só ahan? - Ele perguntou ainda sorrindo.

- Ahan... - Repeti fazendo Martin soltar mais um risinho.

- Fale comigo mentalmente. - Ele disse parando os beijos.

"O que quer que eu diga?" - Mandei e esperei que chegasse. Parecia um sistema de mensagens. Eu mandava e via se ele recebia. Se não, se minha comunicação falhasse ou eu não mandasse com força o suficiente, eu tentava de novo. É, parecia um sistema digital.

"Comece por essa tatuagem aqui." - Senti os dedos de Martin em cima da minha tatuagem.

Ah, eu sabia que essa pergunta viria.

"Eu fiz essa tatuagem quando eu saí do orfanato." - Comecei - "Eu tinha 16 anos e me sentia diferente. Eu não sabia o que ia acontecer na minha vida. Que fases iriam vir. Não sabia se eu começaria a trabalhar, se eu continuaria os estudos, se eu viveria nas ruas, mas eu estava feliz. Eu tinha saído daquela prisão que eu chamava de casa. Por um tempo, lá foi um lugar que eu chamei de lar. Eu não sabia o que a rua tinha a me oferecer e não sabia como me virar... quando eu saí, me jogaram para fora sem nem olhar pra mim e eu fiquei chateada com eles. Queria fazer algo que representasse a minha liberdade, que mostrasse o meu passado, o meu presente e o meu futuro. É claro que eu não sabia o que iria vir, ou como eu viveria, por isso eu fiz as luas. Elas representam as fases que eu vivi, que eu estou vivendo e que eu vou viver. É óbvio que eu não faço a mínima ideia do que está por vir, por isso, é um ciclo. Foi impulsivo, eu sei, mas no final, eu acabei gostando do resultado. Pode parecer bobo, infantil..."

"Não é." - Martin falou cortou minha linha de raciocínio. Eu já tinha pensado várias vezes que eu tinha feito merda, que eu não deveria ser tão impulsiva, que eu deveria ter esperado o momento certo, mas quer saber? O momento certo, foi o dia em que eu fiz essa tatuagem.

"Você tem alguma?" - Perguntei para Martin.

"Não." - Ele disse simplesmente.

"Porque?"

"Proteção. Quando uma pessoa como eu tem uma tatuagem, fica muito mais fácil reconhecer. Principalmente por isso, mas também, porque eu não queria marcar meu corpo para sempre, queria ficar limpo. Não sei..."

Atrás do PerigoOnde histórias criam vida. Descubra agora