RUN

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Saímos da festa só depois de devorar todo o jantar fora da mesa de convidados. Eu não queria brigar com ninguém, então decidi que era melhor comer na cozinha do que pegar uma faca e matar alguém. Porque era exatamente isso que aconteceria. As meninas queriam voltar para a casa para ver como estava toda a situação. Eu disse que era suicídio, mas eram 3 contra 1, era melhor não contrariar.

A mensagem do homem dentro do carro, olhando diretamente pra mim era clara: "Não volte lá". E lá íamos nós. Eu detestava dizer isso, mas minhas amigas eram mais burras que eu pensava. Eu não conhecia o cara, mas ele me conhecia e muito. Dava para sentir isso nele.

Jade e Marian foram de carro e eu sempre ao lado delas de moto com Bah. A barra estava limpa durante toda a estrada. Mas assim que subimos o morro que levava a nossa casa, percebemos que tinha algo errado.

Como o combinado, eu fui primeiro para ver como estava a situação. Eu e Bah éramos as mais frias do grupo e que já tinham praticado alguma luta. Era melhor lidarmos com alguém sozinha de um jeito que só nós entendíamos.

Saí da moto e não tirei o capacete. Quando mais proteção tivéssemos, melhor. Bah fez a mesma coisa. Em um comunicado silencioso, ela foi para a porta da frente e eu me dirigi para a porta da garagem. O grande portão tão conhecido por nós estava aberto, mas não arrombado. Com uma calma e uma frieza fora do comum, abri o portão e me encontrei em um lugar completamente destruído, todas as câmeras estavam no chão, o cartão de memória fora delas. Olhei em volta para a garagem quadrada e grande da casa que por uns instantes eu não conhecia mais.

Olhei para o teto e vi que uma câmera me observava silenciosamente. Liguei para Bah.

- Eles têm câmeras. E... espera um momento.

- Aqui está tudo destruído, os sofás rasgados, as camas reviradas, tudo completamente destruído.

- Aqui não está diferente. Bah, tem cartões de memória.

- Pegue. Todos eles, nós podemos fazer ou achar alguma coisa depois com eles.

- E se tiver rastreadores?

- Eles não seriam assim. Ella, eu conheço esses caras. Eles são famosos por matarem. Devem fazer parte de alguma organização mafiosa, eu não sei. O que eu sei é: eles não te mataram porque não quiseram. Eles estavam dando um aviso, nós não deveríamos ter voltado.

- Bah, tem uma... espera. – Coloco o telefone no bolso, pego todos os cartões de memória espalhados no chão e também uma escada. – Tem algo na parede. Eu não consigo ler, espera mais um segundo.

Subo na escada e agora estou olhando diretamente e bem perto da câmera. Por um motivo estranho sinto alguém me vigiando por trás dela. Como se eles estivessem sempre ali. Como se o momento de atacar fosse milimetricamente pensado. Eu não duvido que não tenha sido. Tiro a câmera do lugar em que ficava presa e descubro um papel no buraco em que ela estava. Desligo a câmera calmamente e pego o cartão de memória dela também. Pode ser nossa única chance. Abro o papel.

"Corra."

O que? Que merda... Olho para dentro do buraco. O motivo do papel. Uma contagem regressiva estava apitando no fundo daquele maldito buraco. Uma bomba.

- Bah, temos que sair daqui. Depressa.

- O que? O que você tá falando?

- Uma bomba. Três minutos Bah. Rápido.

Desligo o telefone e saio da garagem apressada. Três minutos. Vejo Bárbara vindo em minha direção correndo.

Subo na moto, ligo e falo pras meninas correrem. Três minutos pode ser pouco, mas para nós foi a salvação. Quando terminamos de sair da rua, ouvimos o estrondo da explosão e a casa se despedaçando. Eu choraria por aqueles que não tiveram como se salvar. Por meus vizinhos. Pelos inocentes. Mas não agora. Agora, eu só precisava ir embora. Alguém chamaria a ambulância. Alguém pediria ajuda. Eu sentia muito por todas aquelas pessoas. Eu realmente sentia.

Atrás do PerigoOnde histórias criam vida. Descubra agora