CONTRATO

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O que estava acontecendo comigo? Essa era a pergunta que não parava de aparecer na minha cabeça. Ultimamente, era a pergunta que mais me rodeava. Voltando nos fatos: eu tinha conseguido falar com alguém mentalmente! Eu tinha conseguido algo que nunca tinha conseguido antes. De alguma forma, eu sabia que os sonhos que eu tive, alguns foram verdadeiros, como o último onde Martin me contava sobre a telepatia, e alguns não foram, como o da minha mãe. Mas e os sonhos que antecederam esses? Eu estava mesmo na casa de Martin? Eu o tinha beijado? Eu esperava que não. Tudo seria mais fácil se eu não sentisse essa atração louca que eu sinto por ele.

De qualquer forma, ele tinha escutado o que eu dissera, tanto antes, quanto depois. Só que as palavras de depois foram em alto e bom som. Qualquer um podia ter escutado. Eu fui imatura demais por falar aquilo. Alastor poderia ter entrado no quarto naquele momento. Deus! Eu estaria perdida.

Logo depois, eu digo que estou molhada! Eu praticamente entreguei os pontos para Martin! COSMOS! Eu estou muito, mas muito fodida mesmo. Que merda eu fiz?

Esbarro em uma pessoa e peço desculpas.

- Ella? – A voz grossa de Alastor entra nos meus ouvidos e eu me xingo mentalmente. – Você está bem?

- Perfeitamente bem. – Respondo imediatamente. Rápido demais, Ella.

- Ótimo. – Alastor me olha com uma expressão desconfiada e continua: - Pode chamar Martin pra mim? Fale para ele me encontrar no andar 27. Pode fazer isso?

- NÃO! – Rápido demais, Ella. De novo, merda. – Quer dizer, ahn, eu... eu tenho que... que... ah! Ali está ele. Não precisa mais de mim.

Assim que aponto para um Martin muito furioso saindo do seu próprio corredor, saio correndo para a cantina novamente. Isso! Muita gente é bom. Isso, muito bom. Muita gente. Bom. Ella, você não está pensando. Você sempre pensa, o que está acontecendo?

A cantina está mais cheia que antes e eu encontro minhas amigas no mesmo lugar. Sento calmamente na cadeira que antes era minha e tomo um gole de água que eu encontrei na mesa.

- EI! Essa água é minha! – Marian disse e me olhou. Sua expressão ao encontrar meus olhos não foi a das melhores. Ela foi de descontraída a séria em questão de segundos. – O que aconteceu?

- Ella, você está branca, é melhor você tomar mais água. – Jade disse e enfiou um copo na minha boca. Aceitei a água sem falar nada. Eu não podia contar para elas o que estava acontecendo. Não que elas já não estivessem desconfiadas. Era óbvio que estavam. Elas não eram burras.

- Começa a falar agora, Ella. – Bárbara ordenou e eu abri a boca. Fechei. Abri de novo e fechei. Fiz isso umas dez vezes. Como eu poderia abordar o assunto? "Olha, entrei no quarto de Martin, o vi de pau duro e depois saí correndo? " Não, isso não podia funcionar muito bem.

- Eu fui falar com Martin. – Comecei falando baixo e olhando para os lados. Parecia um segredo muito grande. – E aconteceram algumas coisas...

- Finalmente vocês se beijaram? – Jade perguntou empolgada.

- Que? Não, não, longe disso. Quer dizer... Bom... – Contei basicamente o que ele falou e deixei as partes mais tensas longe da conversa. – Vocês viram se eu o beijei?

Perguntei baixo e olhando para Jade e Bah que provavelmente estavam mais comigo do que Marian que estava com Alastor. Bah começou a rir e Jade fez o mesmo.

- Não. Vocês não se beijaram. Para a infelicidade de todos. Mas a dança que vocês fizeram! Uhul, pareciam que estavam transando no meio de todos. – Bárbara falou e eu arregalei os olhos. – Aquilo foi realmente quente. E olha que eu não minto.

Atrás do PerigoOnde histórias criam vida. Descubra agora