Ressaca, desilusão, encrenca...

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No dia seguinte, o jeito que eu acordei não foi lá aquelas coisas. No início pensei que fosse até o Dênis me beijando de leve pra eu acordar e dizendo que tudo que houve na noite passada foi um simples pesadelo. Senti um língua quentinha lambendo meus labios, era uma sensação tão boa, só que com um bafinho.
(Resolvi abrir os olhos pra viver a realidade).
Nossa senhora! Foi uma péssima ideia.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah! - gritei espantada ao ver o bichano na minha cara.
Isso mesmo! Acordei com o gato miserável da Riley lambendo a minha boca! Acredita??? A MINHA BOCA! Que nojo!
- O que foi? É ladrão? É pesadelo? - Riley surgiu do banheiro com um taco de baseball.
- Ham? - perguntei confusa.
- Ham, o que?
Nos encaramos confusas por três segundos.
- Riley? Eu posso saber porque motivo, razão ou circunstância esse gato tá fazendo aqui? Você não tem gatos! - falei cuspindo pêlos.
- É a Buh, eu achei ela na rua.
- Buh? O que é Buh?
- Eu tava sem ideia, não critica!
- Tá, eu não me importo com o nome desse bicho e nem de que buraco saiu. Eu só quero saber o que ele fazia as 6:30 da manhã lambendo a minha boca. A minha linda boca! - reclamei ainda cuspindo pêlos
- É "ela". - Riley me corrigiu.
- Tanto faz! - revirei os olhos.
- Vem cá minha coisinha linda. - Riley pegou a gata.
- Coisinha linda? A verruga da minha avó é até mais simpatica.
- Ai Bruna! Que nojo!
- Vê se quando eu dormir aqui de novo, você coloca esse treco pra dormir lá fora, blz?
- Tá, vou pensar no seu caso.
- Affzzz! - suspirei.
- Mas e aí? Como está se sentindo? - Riley sentou do meu lado.
- Muito mal! Eu tive um sonho horrível, tu não tem noção.
- É mesmo? E como foi?
- Disk o Dênis era gay, gostava do Otis e você quebrava um vaso de flores na  cabeça.
- Iiiiiiiiiih. - ela balançou a cabeça de uma forma negativa.
- O que foi? - perguntei confusa.
- Isso não foi só um sonho.
- Falando em sonho, me deu foi fome agora. - fugi do assunto.
- Bruna? - ela chamou minha atenção.
- Ham?
- Isso não foi só um sonho.
- Não mesmo, foi um pesadelo!
- Bruna? Não foi só um pesadelo, foi real. - ela olhou em meus olhos.
- NÃOOOOO! - levantei da cama rapidamente espantada.
- Sinto muito! - ela falou com toda naturalidade.
- Então é isso mesmo? O Dênis é gay? - perguntei com mó cara de tristonha.
- Sim, ele é gay. Ele é 100% gay.
- Aaah! - fingi um desmaio e caí no chão. - E agora? O que eu vou fazer?
- Fazer o que você faz de melhor... Esquecer ele.
- Não sei se vou conseguir fazer isso. - falei olhando pro teto.
- É claro que vai! Aquela verdadeira Bruna vai.
Silêncio tomou conta do lugar.
- Que dia é hoje? - perguntei totalmente desligada do mundo.
- Dia que tem aula.
- Merda! Eu tô com uma ressaca do cão. Não vou.
- A merenda hoje é macarronada.
- PQP! Eu vou.
- Então trata de levantar e vai pra sua casa se arrumar. Já tá tarde!
- Flw! Tô indo - levantei.
Lembra quando eu falei que não tinha ideia de onde havia largado o carro dos meus pais? Pois é! Naquele instante eu soube o porque é importante seguir a lei seca. "Não beba ao volante".
- Ai Meu Deus! - exclamei pausadamente ao ver o carro dos meus pais batido numa árvore ali próximo.
- Caralho Bruna! Que merda você fez? - perguntou Riley espantada com a situação.
- Eu não faço ideia de como ele foi parar aí.
- Ah, mais eu imagino muito bem o que foi que aconteceu.
- Então pra quê pergunta?
- Não me corta, estamos numa situação séria aqui.
- Isso vai dar uma encrenca das boas.
- E agora?
- Meu velório está próximo.

🌸🌸🌸

7h da manhã, voltando pra casa andando com o cu na mão.
"Vai na fé Bruna! Se você não for pro céu, ainda tem chances de entrar no purgatório, relaxa."
"Meu Deus, me perdoa pelos meus pecados, eu não quero ir para o purgatório, amém."
Assim que cheguei em frente da minha casa, fiquei pensando em algumas mentiras que eu poderia contar pros meus pais antes de entrar.
Mentira n°1
Eu poderia dizer que foi um sequestro!
Meu cérebro.
Mas como sua anta? Se não ligaram pedindo nada pelo resgate.
Mentira n°2
Eu poderia dizer que foi um assalto!
Meu cérebro
Como idiota? Se não roubaram nada.
Mentira n°3
Ah, eu poderia dizer que...
Meu cérebro
Conta logo a verdade sua barata de esgoto.
- Vai se ferrar!
- Vai você!
- Vai você!
Okay! Eu sou maluca!
          Voltando pra realidade
Resolvi seguir o conselho do meu cérebro idiota de falar a verdade e entrei. Encontrei meus pais tomando café na cozinha alegremente como todas as manhãs. Soltei logo a bomba!
- Pai? Mãe? Eu acidentalmente bati o carro de vocês numa árvore em frente da casa da Riley. De acordo com meus cálculos não vai ser muito caro pra mandar consertar, pois o estrago maior foi na frente. Como castigo, aceito comer a comida da mamãe sem reclamar e lavar a louça do almoço todo dia até vocês ficarem de boa comigo. Enfim, vou me arrumar pra escola. - e saí depressa antes que houvesse a terceira guerra mundial.
Já na escola, não sei que horas da manhã com a Riley.
- E aí, você contou pros seus pais o que rolou?
- Sim, não tive escolhas.
- E aí? O que eles disseram?
- Não sei, não fiquei lá pra ouvir.
- E como você saiu da sua casa sem ver eles?
- Eu pulei a janela.
- Uau! Sério?
- Claro, foi o jeito.
- Que loucura Bruna! Você é louca! - rimos.
De repente...
- PQP! Me esconde! - virei de costa.
- O que foi? - Riley perguntou confusa.
- Acabei de ver o Dênis passando. Que droga!
- E o que tem?
- O que tem que não quero ver ele.
- Tá difícil hein.
- Por que?
- Porque ele estuda com a gente sua anta.
- Sua avó!
- Não, minha avó não estuda.
Fiz uma cara séria, mostrei dedo e fui pra sala me escondendo atrás da Riley pra não ser vista. Okay! Foi perda de tempo!

🌸🌸🌸

Depois que acabou a aula, eu ainda estava me camuflando atrás da Riley  pra não ser vista pelo Dênis. Porém, não adiantou nada porque uma hora ou outra ele iria me ver e viria falar comigo. E foi o que aconteceu... Perto do portão da escola, me entupindo de jujubas.
- Bruna??? - Ele gritou.
- Puta merda! Vou vazar. - me preparei pra correr.
- Você não vai a lugar nenhum. Fica aqui e conversa com ele. - Riley me segurou.
- Por que?
- Porque sim.
- Não existe essa resposta.
- Existe, porque sim e pronto!
- Eu te odeio sabia?
- Tem espaguete na minha casa hoje à noite.
- Mentira, eu te amo.
- Tchauzinho. - Riley saiu.
Que merda! Embora não fosse necessário eu sentir medo e muito menos vergonha do Dênis, eu não consegui evitar. Senti até um friozinho danado na barriga que quase me fez cagar de ansiedade. Aff!
- Amigaaaa! - ele chegou falando com uma voz de gay.
- Vish Maria! - arregalei os olhos assustada.
Que diálogo louco! Mas isso eu conto depois.

Grávida do meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora