Como eu vou contar? / Te vira!

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E aqui estou Eu! Na escola, tentando resolver essa puta prova surpresa que a velha da sra: Huxtable passou. Eu não sabia se resolvia esses cálculos miseráveis ou se resolvia minha vida pensando como contaria pros meus pais essa tarde que, Bruna a maluca está grávida.
Ah, que se foda essa prova. É do marque, é fácil.
- Essa vai ser B! B de Burra. Essa aqui vai ser E! E de Égua. E essa outra aqui vai ser C! C de Cachorra. A penúltima vai ser D! D de Dênis. E a última vai ser A! A de alguém incrivelmente fodida na vida. - choraminguei no final.
- TERMINEI! - levantei minha mão avisando a bocó.
- Já terminou? Tão rápido? - Riley me cutucou surpresa com minha rapidez em fazer a prova.
- Já, eu só fiz marcar.
- Mas tem que fazer o cálculo, doida.
- Sabe de uma coisa? - me aproximei do seu ouvido.
- O que? - ela perguntou se aproximando.
- Isso é problema do cálculo, e não meu. - sorri forçadamente e entreguei minha prova saindo da sala.
Havia muita coisa pra pensar, minha confissão, minha gravidez, minha morte... Enfim, era uma embaralhada doida envolvendo meu cérebro que não sabia nem resolver nada por mim. Tá, eu sou louca.
- Bruna? Você terminou rápido, hein!? - Otis apareceu depois de 10 minutos sentando do meu lado.
- É, eu sou uma garota inteligente. - sorri sem ânimo.
- Bruna, tá acontecendo alguma coisa com você? Esses dias você anda bem nervosa, insegura, sei lá... - nossa, me observou bem.
- Não é nada. Eu só ando meio doente, ultimamente. - menti, era melhor não espalhar.
- Tem certeza? Não tem mais nada se passando? - perguntou desconfiado.
- Ela tá grávida! - Riley surgiu do nada trazendo a revelação.
- RILEY! - gritei indignada.
- Grávida? - Otis perguntou boquiaberto.
- Sim, Otis. Ela está. - ela confirmou.
- Grávida? Isso é sério?
- Sim, é sério. - fiz meu bico de desinteresse.
- Meu Deus, como isso aconteceu? - ele perguntou incrédulo.
- É simples, um pênis... - Riley começou a contar.
- Ok, disso eu já saquei. Eu quero saber como foi pra acontecer, sei lá, quem é o pai?
- Pois é. Lembra quando te falei que precisava te tirar da jogada na noite da festa? Então, foi aí nessa noite, com o Dênis. - falei sem jeito, uó.
- Cara, eu não consigo acreditar. - disse Otis.
- Então somos dois. - disse Riley.
- Três. - falei com a mão no rosto.
- Já contou pra ele? - perguntou curioso.
- Não, ainda não tive coragem.
- Você devia falar com ele o mais rápido possível. Dênis está com planos de morar com os pais novamente. - disse Otis acabando com meu mundo.
- O QUE? - perguntei surpresa, tentando me controlar pra não chorar.
- Desde quando Dênis está com esses planos? - Riley indagou curiosa.
- Desde quando ele voltou pra casa. Porém, isso ainda não está certo, ele vai pensar a respeito. - disse Otis.
- Então você precisa se apressar Bruna, se não vai ser mãe solteira.
Nossa Riley, muito obrigada.
- Eu tenho que contar pros meus pais, primeiro. - falei nervosa.
- Então saindo daqui, vamos direto pra sua casa contar.
- Será que é uma boa ideia? - perguntei indecisa.
- É a melhor das ideias, temos que abrir logo esse jogo. Deixa só campainha tocar.
- Isso vai dar merda! - falei sentindo minhas pernas bambas. Ai carai.

🌸🌸🌸

Ai meu coração! O mesmo parecia uma escola de samba competindo em tempo de carnaval no Rio de Janeiro, pqp. Isso tava pior do que a vez em que eu quebrei "acidentalmente" o carro dos meus pais, muito pior.
Estava apenas alguns metros da minha casa andando com a Riley, eu não tinha ideia de como ia contar pros meus pais que eu tava esperando um filho, ainda mais quando eles perguntassem quem era o pai. E a situação ficaria cada vez mais grave quando descobrirem que eu dopei o cara pra transar com ele.
É, hoje que eu morro! Espero pelo menos não ser denunciada por eles e ter que criar meu filho na prisão. Já pensou gente? A loucura que ia ser?
- Mãe, por que a comida desse lugar é horrível? - meu futuro filho ou filha perguntará.
- A cozinheira é parente da sua avó, cala a boca e come. - falarei sem resposta exatas.
- A gente tá chegando! - Riley disse como se eu não soubesse onde era a minha casa.
- E eu tô me cagando. - falei trêmula com enorme frio na barriga.
Chegamos ao nosso destino.
- Vamos? - ela perguntou segurando minha mão.
- Vamos. - confirmei quase tendo um treco.
Hora da verdade.
Meus pais como sempre nesse horário estavam em alguma parte da casa, de bobeira. Quase não trabalhavam já que meu pai é escritor e minha mãe vive de bicos quando se precisa de dinheiro, mas é formada em radiologia. Essa é a vida atual deles.
Vamos ao que interessa.
- Pai? Mãe? - gritei ouvindo eles resmugarem por eu está provavelmente incomodando, olhei pra Riley com um olhar desesperado basicamente pedindo ajuda pra fugir.
Meu corpo suava frio, eu estava muito nervosa, não sabia como começar a falar, só sei que quase eu caguei quando vi eles se aproximando.
Ambos apareceram juntos um minuto depois com um cara de "o que aconteceu?", meu pai , "eu ia mijar, o que você quer?", minha mãe.
- Preciso conversar sério com vocês, por favor, sentem - se. - falei entrelaçando os dedos na outra mão e andando de um lado pro outro.
- Posso saber por que você interrompeu meu momento sagrado com o banheiro agora? - dona Lucrécia perguntou se sentando no sofá.
- O que tá havendo com você, Bruna? Parece que viu um fantasma. - seu Bernardo me olhou preocupado e sentou na poltrona.
- Eu tenho que contar uma coisa, uma coisa muito importante. - continuei andando de um lado pro outro.
- Coisa? Que coisa? - seu Bernardo perguntou.
- Meu Deus! Será que é o que eu tô pensando? - dona Lucrécia perguntou boquiaberta olhando pra seu Bernardo.
- A revelação? - o mesmo cochichou.
- Sim. Talvez seja isso, já que a Riley tá aqui.
- Ptm. Deve ser mesmo. - continuaram cochichando como se eu não estivesse ali.
- Aloooô. Eu ainda tô aqui e tô ouvindo tudo. - tentei chamar a atenção deles.
- Ok Bruna, seja lá o que for, estamos preparados pra ouvir o que você tem a dizer. - disse seu Bernardo o mais compreensivo.
- Eu não sei como eu digo isso pra vocês. Juro como não sei. - olhei para os mesmos e suspirei fundo.
- Amiga, respira fundo e põe logo isso pra fora. - Riley falou cansada de tanta enrolação.
- Bora caralhada, desembucha que eu quero mijar. - disse dona Lucrécia curiosa e ao mesmo tempo impaciente.
(Fala porra, fala)
- Eu, eu, eu tô grávida. - gaguejei sentindo meu coração saltitar de medo.
Um silêncio tomou conta do momento por alguns segundos. Meus pais ficaram ali; imóveis, boquiabertos, incrédulos e com certeza querendo me matar. De repente...
- Parabéns minha filha! Agora sabemos que você não é lésbica. - disse dona Lucrécia me abraçando.
- É querida! Estamos tão orgulhos de você. - seu Bernardo sorriu se aproximando.
"Que porra que tá acontecendo?"
Me perguntei mentalmente franzino o senho, olhando pra Riley que também não entendia merda do que tava rolando.

🌸🌸🌸

Isso é real mesmo, ou eu enlouqueci?
(Responda essa pergunta pra Bruna em www.digiteseucomentáriooquevocêachademim.com.br/mefodi)
Como assim lésbica? Desde quando eles achavam isso de mim?
- Lésbica? - perguntei confusa soltando os dois que estavam grudados em mim.
- Sim, querida. Achávamos que você tinha nos chamado aqui pra revelar seu namoro com a Riley e oficializar diante de nós. Não é querido?
- Sim, é isso mesmo. Eu confesso que estava meio chateado, não que eu seja preconceituoso, mas... Eu queria um neto daqui uns anos e pensei que você não poderia me dar um. - seu Bernardo falou buscando sua sinceridade.
- Uau! - exclamei super, hiper, mega confusa.
- Eu sabia que aquelas cartas poderiam não ser verdade. Eu sabia! - disse dona Lucrécia.
- Opa, opa, opa. Que cartas? - indaguei curiosa.
- Umas cartas que nós recebemos algumas semanas atrás dizendo que devíamos ter cuidado porque nossa querida filha tinha virado sapata e ia destruir nossas vidas. - a mesma falou.
- Nossa! - expressou Riley.
- E vocês pelo menos sabem quem foi o autor de tal loucura contra mim?
- Não, não sabemos. Mas tem algumas iniciais sobre o envelope. - disse seu Bernardo.
- Cadê? - saí em busca da gaveta de correspondência.
- Aqui! L.J com amor. - o mesmo me mostrou as cartas.
- L.J? Indaguei pensativa.
- LISA JOHNSON! - Riley e eu falamos juntas.
- Que cadela! - disse Riley.
- Essa vaca, fdp! - falou a sincera.
- Nessas cartas até dizia que você voltava pra casa tarde porque ficava se agarrando com mina por aí até altas horas da noite. Aí eu fiquei pensando, que mina? Minha filha fica se agarrando com lugar que se encontra ouro? Não entendi. - dona Lucrécia franziu o cenho e eu tentei esconder o riso pelo o que ela disse.
- Não mãe, isso é tudo invenção de uma louca da minha escola. Cês sabem muito bem que se eu chego em casa tarde ou é porque tô na aula de teatro ou é porque tô na casa da Riley comendo.
- Sim, querida. Sabemos disso.
- Pois é. Confie na sua filha. - peguei no ombro dela.
Aquela Monalisa me paga!
Que calúnia!
Horas depois, no meu quarto.
Cara, eu tô chocada! "Putamente" chocada! Ao invés dos meus pais ficarem putos de raiva comigo, eles estão felizes da vida. É sério, felizes.
Minha mãe já até espalhou pra Deus e o mundo a notícia, provavelmente até quem não tá no planeta já sabe.
O bom disso tudo é que pelo menos eu levei uma vantagem nessa mentira da Lisa, me fez muito bem. Meus pais estão cada vez mais carinhosos comigo, satisfazendo cada desejo de grávida que tô tendo até agora. E olha que não tem nem doze horas que eu contei que tava de barriga.
Eu realmente sou uma pessoa abençoada.
- Bruna, agora que me veio na cabeça, quem é o pai? - dona Lucrécia aparece misteriosamente abrindo a porta me dando um puto susto.
PQP, retiro minhas palavras de benção. Tô frita!

Grávida do meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora