Um novo recruta - amigo

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Continuação.
- Pai amado. O que você está fazendo aqui? - perguntei não acreditando no que estava vendo.
- Bruna, eu preciso falar com você. Me ajuda a subir. - ele estendeu a mão.
- Você ficou louco? Já pensou se meus pais te pegam aqui? - fiz cara de chocada.
- Calma! Eles não vão nem notar que eu estou aqui.
- Ata, como se meus pais fossem otários. - revirei os olhos.
- Dá pra você me ajudar aqui por favor? -  ele estendeu sua mão novamente.
- E por acaso eu tenho cara de incrível Hulk? Trata não de ir até à porta. - falei abaixando o vidro da janela.
- OK, vai logo. - exigiu.
Era só o que me faltava!
O que esse cara de pimba de macaco prego quer comigo? Sério, o que deve ser?
Porra, tem tanta guria bonita, peituda igual a mãe dele e gostosa igual a irmã. (Olívia o nome dela, mas deixa pra lá) e o safado perde seu tempo atentando a vida de uma recém desiludida que está completamente apaixonada por um homossexual.
Falou a garota que só se apaixona pelo cara certo.
Oh, Bruna. Que dó!
Cheguei na porta, abri a porta, lá estava ele com cara de tonto.
- Posso entrar? - perguntou como se fosse bem vindo.
- Três palavras. "Sobe em silêncio". - falei pausadamente.
- Tá bom.
Tentei fazer o possível pra não fazer nenhum tipo de barulho na casa. Seu Bernardo e dona Lucrécia não dormem, eles fingem que dormem, mas qualquer barulhinho. Aquele olho grande de lobo mal da história da chapeuzinho vermelho... Se Abre!

🌸🌸🌸

Já no quarto, odeio ele.
- Agora você pode FINALMENTE me dizer o que está fazendo aqui? - cruzei os braços.
- Como assim? O que eu estou fazendo aqui? Você acha mesmo que depois do bolo que você me deu, eu não viria aqui atrás de uma explicação? - perguntou sério.
- Bolo? Quando foi que eu te dei bolo? Era de chantilly, pelo menos? Com cobertura de chocolate? - perguntei confusa não lembrando de ter dado nenhum bolo.
- Bruna, eu falei no sentido figurativo. - me olhou ainda mais sério.
- Aaaaah! - entendi.
- Pois é!
- Você tá falando do bolo que eu dei por não ter ido na sua casa na noite da festa. - confirmei sentando na minha poltrona.
- Exatamente. Isso mesmo.
- Humm. - Olhei pra ele, ignorando a situação.
- Então... Cadê?
- Cadê o que? - perguntei confusa.
- A explicação, ué.
- Que explicação?
- O "por que" de você ter me deixado horas esperando por você. - falou impaciente.
- Otis, cai na real. Que diabos eu ia fazer na tua casa?
- Como assim? O que você ia fazer na minha casa? A gente ia ter um rolo, como você disse.
- Rolo? Que rolo? Só se for de papel higiênico. - ironizei.
- Um rolo no qual nós íamos nos amar e fazer amor. - sonhou alto.
- Você tá viajando né? Otis, por favor, menos! - revirei os olhos.
- Tá legal, se você acha que eu estou mesmo viajando na maionese, então POR QUE me pediu pra ficar esperando por você?
- Bom, eu tive que te tirar a jogada, ué. - dei de ombros.
- Como assim? Me tirar da jogada? - franziu o cenho.
- Como você acha que eu ia dar umazinha com o Dênis se ele tava louco pra ficar com você naquela noite? - abri o jogo. Foda - Se!
- O QUE? - arregalou os olhos.
- Isso mesmo. O Dênis é completamente apaixonado por você desde quando te conheceu.
- Espera aí, o Dênis é gay? - perguntou espantado.
- Não, é só uma fantasia da cabeça dele. - ironizei. - É, claro que ele é gay.
- Caraca! - exclamou ainda espantado.
- 100% gay - falei baixinho choramingando.
- E o que ele tem haver com a nossa história? - oh, burro.
- O meu Deus! Não é obvio? Estamos todos no poema do Carlos Drummond de Andrade. Eu estou apaixonada pelo Dênis, ele por você...
- E eu por você. - Otis completou.
- É, e todo mundo se fode no final. - deitei na cama.
- Então é por isso que você não gosta de mim? Porque está apaixonada por ele? - ele deitou do meu lado.
- Não, eu já não gostava de você antes de conhecer ele. - afirmei.
- Aaaah! - exclamou.
Embora não fosse seguro contar a verdade pro Otis, eu achei melhor lavar os pratos e deixar tudo claro de uma vez. Afinal, o início da noite já começou ruim, então era melhor terminar ruim, né?
Choraminguei!
Espera, Bruna. Nem tudo está perdido.

🌸🌸🌸

Ficamos em silêncio por uns segundos em cima da cama. Acho que a cabeça dele ainda estava tentando assimilar o que estava acontecendo. E a minha, metade era pra pensar na desilusão daquela noite, e a outra metade tava imaginando aquele bolo gostoso de chantilly com chocolate.
Bruna? Estamos num momento sério, chega de pensar em comida.
- O que você acha que devemos fazer agora? - perguntou Otis virando - se para o meu lado.
- Ah, sei lá. Você já entendeu a minha situação pelo menos? - perguntei.
- Já, foi igual o que aconteceu comigo uma vez. Eu me apaixonei pela minha prima lésbica.
- Sério!?
- Sim, tínhamos 12 anos na época.
Uau!
- E o que houve? - perguntei interessada.
- Havia uma menina que gostava de mim no bairro, só que ela era muito bocó e eu já estava apaixonado.
- Continue.
- Aí uma certa vez minha prima disse que estava gostando de uma garota, e eu meio que blé, queria saber quem era.
- Quem era? - perguntei ansiosa.
- No final de tudo eu descobri que a garota que minha prima estava gostando, era a bocó que era apaixonada por mim.
PERA, NÃO PODE SER. ESSA HISTÓRIA TÁ IGUALZINHA A MINHA, PODE PARAR.
- Nossa! - exclamei supresa.
- Pois é. Mas como eu havia explicado para garota bocó que eu gostava da minha prima, ela se sensibilizou e fez questão de me ajudar com o plano.
- Plano? Que plano?
- De fazer a minha prima gostar de mim. Tipo, ela falaria pra Margot...
- Espera, quem é Margot? - interrompi.
- Minha prima. - ele respondeu.
- Humm, continue.
- Pois é, ela falaria pra Margot que eu era um cara super bacana, que valia a pena e que nenhuma garota seria melhor do que eu, inclusive ela.
É nessa hora que a Bruna entra em ação.
- Cara, é isso aí. - levantei entusiasmada.
- O que? - Otis perguntou confuso.
- Você vai me ajudar a conquistar o Dênis da mesma maneira que a garota bocó fez para abrir a cabeça da sua prima.
- É, pode ser. Já sei de tudo mesmo. - disse Otis conformado.
- Então, vai me ajudar? - sorri abertamente.
- Sim!
Sorrimos.
- Ah, não. Não vai dar! - ele se sentou na cama de novo.
- Ué, por que? - não estraga minha felicidade.
- Porque no final eu não fiquei com a Margot.
- E o que houve? Ela não se apaixonou?
- Não, ela viu que eu era o primo dela, isso não ia dar certo. - poxa.
- Mas eu não sou prima do Dênis, então vai dar certo. - tem que ser otimista né?
- É, vai dá sim. - ele se levantou.
- Amigos? - estendi minha mão.
- Amigos. - ele sorriu.
Nunca pensei que algum dia eu iria ter alguma relação com o Otis, ele era só mais um idi na minha vida. Mas veio a calhar.
Passamos horas e horas planejando o que ele iria fazer e falar para o Dênis, até que chegamos numa estratégia.
Ele foi embora e finalmente consegui ter um final de noite incrível.
É isso aí, Otis. Vamos lá..

Grávida do meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora