A descoberta

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Duas semanas depois...
Era uma terça - feira, uma terça - feira ruim. Os motivos você já deve imaginar... É, eu não falo com o Dênis há duas semanas e o Otis não conseguiu nada com o nosso plano.
Ah não ser o fato de que o Dênis está cada vez mais apaixonado por ele. Mas antes eu ter falado "vai lá Otis, conquista o Dênis por mim", do que ter falado "vai lá Otis, conquista o Dênis pra mim".
Aff!
Na real, Bruna! O quê que cê tava pensando hein? Que o Dênis iria cair feito um maracujá maduro, que ia se derreter feito uma manteiga no fogo, que iria se jogar da ponte do Brooklyn Bridge? Fala sério, esse cara não é nem um boneco de chantilly pra você gostar tanto dele.
Quer saber, tô fora!
Como é, Bruna?
Isso mesmo, desisto!
- Melhor escolha! - disse meu cérebro.
- Trouxa! - disse meu coração.
Se lasquem, todos! Fui.
6h da manhã, tomando café.
- Bruna? Tomando café? Quem fez o café? - dona Lucrécia perguntou enquanto olhava as panelas sujas na pia.
- Eu ué, ou a senhora acha que o café se fez sozinho? - ironizei.
- Hummm! - expressou dona Lucrécia sentando comigo na mesa.
Ela estava fixadamente olhando pra mim. (O que essa mulher tá pensando?) me perguntei, mentalmente.
- Tinha formiga ou era prego em cima cama? - continuou me olhando fixadamente.
- Por que? - perguntei confusa.
- Ainda são 6h da manhã, Marie. - ela olhou pro relógio da cozinha.
- E aí? Eu tenho escola hoje. E Marie é a sua avó. - tomei um gole de café.
Literalmente.
- 6h é o horário que você acorda pra ir pra escola. Não o horário que você toma café. - disse dona Lucrécia estranhando a situação.
- É que hoje eu acordei com um desejo enorme de tomar café, foi isso. - tomei mais um gole.
- Eu hein! Milagre do divino - ela falou e se levantou pra pegar uma xícara.
Continuei tomando meu café gostoso.
- E a Riley?
- O que tem?
- Vocês ainda estão se vendo? - perguntou desconfiada enquanto colocava seu café.
- Claro né, mãe!? Ela estuda comigo e é minha melhor amiga. Como não vou ver? - revirei os olhos.
- E o que vocês fazem juntas?
- Como assim?
Essa mulher precisa de um analista.
- Sei lá, quando estão sós, por exemplo!? - me olhou com os olhos entre abertos cismando alguma coisa.
Vish, não vai prestar.
- Quer saber mãe, tô atrasada! Te amo, beijo, fuui! - levantei da cadeira, enchi minha xícara de café e peguei o beco.
- Espera! - ela tentou me chamar, mas eu à ignorei. Bye!

🌸🌸🌸

Na escola, na sala...
- Bruna? - Riley me chamou baixinho, não escutei.
- Bruna? - ela me chamou mais uma vez, também não escutei.
- BRUNA!? - ela aumentou um pouco a voz e me cutucou.
- OoI! - respondi baixo.
- Quer parar de roer esse lápis, por favor? Tá me agoniando. - me olhou séria.
- Desculpa. É que agora eu imaginei aquela macarronada linda que tua mãe fez ontem à noite, não consigo parar de pensar. - expliquei.
- Mas roer um lápis não vai te ajudar em nada, para com isso. - ela fez questão de me tomar o lápis.
Tava tão gostoso!
- Ah, era um lápis. Eu juro que vi um macarrão. - olhei pro lápis confusa.
- Louca! Presta atenção na aula! - ela me adverteu.
- Tá. - respondi e voltei pra realidade.
Nesse dia, o Dênis não havia ido pra escola. Parece que ele teve que ir pra casa dos pais por causa da festa de aniversário da sua irmã Dulce de 11 anos. Pelo menos foi o que o Otis me contou.
Ah, eu nem sei porque eu tô falando dele. Já deixei bem claro que não quero mais nem um vínculo com essa pessoa, expliquei até pro Otis a minha decisão. Acabou essa história de ficar fazendo planos... Eu que não vou ficar correndo atrás de um garoto babaca, safado, trouxa, maligno, repulsivo, gostoso, excitante, lindo e maravilhoso.
Choraminguei no final.
Oh Bruna, livre - se desses pensamentos!
Tempos depois, na saída com a Riley.
- Bruna, o que há com você? Sério? - Riley perguntou cismada com algo.
- Ham? Como assim? - perguntei confusa.
- Você tá estranha. Tá tudo bem com você? - perguntou abrindo meus olhos pra ver se não era anemia.
- Por que você acha que tenho algo? Tá tudo certo. - falei com certeza.
- Tem certeza? Eu acho que não. - Riley me olhou preocupada.
- Por que? - perguntei sem perceber o que estava havendo comigo.
- Bruna, só hoje você faltou comer o seu lápis, não quis comer de jeito nenhum seu lanche favorito da cantina e ainda comeu em pedacinhos aquela folha de mangueira que caiu no pátio da escola. Como pode tá tudo certo? - Nossa! Ela estava mesmo preocupada.
- Eu comi a folha de mangueira da escola? - fingi que não tinha comido.
- Não se faz de vítima. Eu vi.
- Tá legal! Uff! - suspirei.
- E aí? - Riley perguntou atrás de uma resposta.
- E aí, o que?
- O que tá havendo?
- Nada ué. Eu só acordei com um pouco de desejo hoje. Por que? Eu não posso mais ter desejo não? - fui meio grossa.
- Desejo a ponto de comer uma folha, Bruna? E isso lá é desejo?
- Na hora eu não vi que era uma folha, achei que fosse um hot dog com bastante molho. Aí não resisti, uai. - olhei pra ela com cara de boba.
Ela tentou assimilar o que estava acontecendo. E fez sua cara de pateta.
De repente.
- Ora ora se não são o tico e o teco. - Lisa surgiu do nada, espalhando seu veneno.
- Ora ora se não é a medusa e seus filhotinhos de serpentes de quinta categoria. - revidou Riley.
- Ah, não me faça rir. - disse Lisa com aquela cara de bruaca.
- E quem disse que era pra ser engraçado? Se a única palhaça aqui é você. - Riley de novo. Botei foi fé.
- Coitada. E você Bruna? Por que está tão calada? - perguntou Lisa tentando tirar a dela de fora.
- Desculpa. Mas eu não tenho que dá satisfação de nada à você. - falei diretamente olhando em seus olhos de coruja velha.
- Não, pra mim você não deve dá. Porém, pros seus pais sim. - ela riu meio que com malícia
- E aí, o que você tem haver com a vida da Bruna, hein Lisa? - Riley se intrometeu.
- Não te interessa. Não estou falando com você. - respondeu Lisa.
- Mas agora você vai falar com a minha mão. Vem cá sua cadela! - Riley partiu pra cima da vaca.
Nesse instante, eu não sei o que aconteceu comigo. Paralisei! Senti meu estômago embrulhando e do nada, me deu um enjôo do cão que parecia que eu ia botar minhas tripas pra fora.
Foi aí que eu não aguentei mais e aconteceu o que aconteceu.
BLEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!
- JESUS! Riley expressou chocada.
- Sua tarantula, olha o que você fez. - Lisa me xingou olhando para o seu corpo e cabelo.
ECA!
É gente, eu joguei um quilo de vômito em cima da Lisa, especialmente na cara dela. Ficou lindo! Vocês deviam ver... Era rastro de café e muito macarrão da noite passada. E ainda tinha alguns pedacinhos verdes que provavelmente era da folha que eu havia comido. Mas shiiiu! Deixa pra lá.

🌸🌸🌸

Depois do quase acidente fatal que houve em frente à escola, fui pra casa da Riley. Eu realmente não me sentia bem.
12:40 no quarto dela.
- Cara, o que foi que aconteceu ali? - Riley perguntou ainda chocada.
- Eu não sei. - respondi confusa.
- O que deu em você pra vomitar daquele jeito? Sei que a Lisa mereceu, mas... Você raramente vomita.
- Sei lá, de repente me deu um enjôo muito forte que eu jurava que ia colocar o meu intestino pra fora. - expliquei.
- Espera aí. Você disse enjôo? - Riley perguntou confusa.
- Sim. Mas eu acho que o motivo foi por ver a cara da Lisa em excesso, realmente dá enjôo. - olhei pro nada me conformando com o motivo.
Riley ficou me encarando por alguns segundos e pensando em mil coisas.
Ela realmente queria chegar em algum lugar com tudo isso.
- Isso tá estranho. Primeiro desejos e depois enjôo... - Riley tentou encaixar as coisas de costa pra mim.
- Riley? Tá tudo bem? - me aproximei dela.
Acho que ela havia chegado numa conclusão.
- Ai meu Deus! - Riley se virou espantada.
- O que foi? - perguntei preocupada.
- Bruna? Primeiro desejos, e depois enjôo, isso só pode significar que você deve está...
- GRÁVIDA! - falamos juntas incrivelmente chocadas.
- Não pode ser. - falei hiper, mega, ultra, chocada.
- Só pode ser isso o motivo desses acontecimentos estranhos em você.
- Tá maluca? Eu não posso tá grávida! - levantei da cama.
- E qual seria a outra razão pra tudo isso?
- Eu não sei. Talvez, asma!? - perguntei sem certeza.
- Bruna? Sabe o que é mais engraçado?
- O que?
- VOCÊ NÃO TEM ASMA! - Riley afirmou.
- Droga! - exclamei preocupada.
- E é obvio que esses não são os sintomas da asma. Qual foi a última vez que veio tua menstruação?
- Sei lá, era pra vir agora início do mês, mas não veio.
- PTM! Então deve ser.
- Ah, não! - me sentei de novo na cama com a mão do coração. - O que eu faço?
- Vamos ligar pra minha mãe. Aí você faz o teste com ela e ver se realmente está grávida.
- Tá maluca? Tua mãe é amiga da minha. - olhei pra ela séria.
- Relaxa. Eu falo pra ela manter sigilo. - disse Riley pegando o celular enquanto eu me cagava todinha na cama.
Meu Deus! Que não seja verdade, amém!.






Grávida do meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora