Três dias depois

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Após eu contar toda a história pra minha mãe me cagando de medo. Ela passou exatamente três dias sem falar comigo, nem sequer olhou pra mim. Tentava me evitar de todo jeito, só não deixou realizar meus desejos de grávida nenhum instante. Ela aproveitava a hora que eu estava no banho pra deixar a bandeja com goluseimas em cima da minha cama e capava o gato dali. Meu pai ao contrário ainda estava falando comigo, ele soube da história, mas não pirou o cabeção. Ufa!
Hoje era segunda - feira, as aulas já estavam acabando, essa era a última semana, ainda bem! A direção da escola nos avisou que só vai ter aula semana que vem para os alunos burros que ficaram em recuperação.
Sobre a formatura? Tô cagando, mas eu acho que vou. Riley disse pra eu não me preocupar com nada; nem vestido, maquiagem ou penteado, ela só quer minha presença, então pode pá. O Otis também vai, Tina e suas amigas, comecei a falar com elas essa manhã na cantina, até que ela não é  tão chata quanto pensava, não tagarelou muito.
A Lisa vagabunda? Ah, eu contei pra ela que seu plano ridículo não deu certo e só me beneficiou. Ela tentou hoje de manhã colocar chiclete na minha carteira pra eu sentar e sujar a calça, só que eu não sentei lá. A vaca também queria tirar fotos minhas no vaso sanitário mijando, mas eu já tinha levantado a calça.
Que infantil! Aff! Não aguento mais essa kenga no meu pé, vou resolver isso quando chegar em casa.
- Oi Bruna! - ouvi uma voz masculina me chamando, mas não era o Otis. Estava distraída pegando as minhas coisas no armário escolar.
- Ricardinho? Oi! - falei meio surpresa.
- Tudo bem? Cê tá indo pra próxima aula?
- É né, ainda não tocou o sinal pra saída. - falei sem graça.
- Aéh, claro. Foi uma pergunta idiota, desculpa.
(Você parece ser um idiota. Pensei)
- Pois é, eu tô indo. - me virei e comecei a andar.
- Espera! - ele se meteu em minha frente. - Eu queria te perguntar uma coisa.
- O que?
- É... Eu queria saber se você aceita ir comigo pro baile de formatura? - o mesmo sorriu.
- Baile? E ainda existe será esse negócio de levar acompanhante? - franzi o cenho.
- Sim, você não viu no painel?
- Eu não perco meu tempo.
- Então, você aceita?
- Foi mal, mas eu já tenho um acompanhante.
- Como? Se até ainda agora você não sabia que precisava ter um.
Merda! Como eu saio dessa conversa?
- Mas eu já sei que o Otis vai ser meu acompanhante, então pronto. Por que não convida a Lisa? Tenho certeza que ela tá doida pra ir contigo.
- Lisa? Eca! Eu não gosto dela.
- Ué, por que não?
- A Lisa é apaixonada por mim desde meus 14 anos e eu já vou fazer 16, mas ela sabe que eu sempre fui apaixonado por... - ele se calou me olhando.
- Por? - indaguei curiosa.
- Por você. - soltou um suspiro. - Eu gosto de você Bruna, gosto de você desde quando te vi nessa escola. Você entrando toda sériazinha e com aquele olhar "não fala comigo, se fode aí", eu me amarro. Desculpa pela infantilidade da Lisa, ela não se conforma, soube que ela foi diagnósticada com alguns problemas mentais.
Cara! Agora tá explicado porque vivi dias de horror aqui nessa escola.
- Uau! - exclamei totalmente surpresa com que acabo de ouvir. - Escuta Ricardinho, olha... Não, escuta mesmo. - começo a me enrolar.
- Hã?
- É que, eu não sei o que dizer. Você é um fofo, um bom garoto, mas...
- Eu sei, você não gosta de mim. - ele diz abaixando a cabeça.
- Entenda Ricardo, Ricardinho. Eu fui pega de surpresa, eu nunca imaginei que você gostasse de mim. A Lisa me perturbava por sua causa só que eu não imaginava que esse era o motivo. - Fica tranquila, eu te entendo. Eu não espero que você me queira nem algo do tipo, só queria ir com você no baile da escola, mas tudo bem. - ele sorri meio que sem graça e se vira indo embora.
- Ricardinho? Espera? - falo por impulso morrendo de dó do coitado.
Bruna, quê que cê tá fazendo?
- Oi! - ele responde sem jeito
- Eu aceito ir com você no baile. - falei e forcei um sorriso.
- Sério? - o mesmo abriu um sorriso.
- Sério.
- Tá bom. - Ricardinho diz e sai correndo pelo corredor.
Ah, agora já foi. Pelo menos agora eu já sei o porque da Lisa ser do jeito que é.

🌸🌸🌸

Cheguei em casa morta de enjôo, já tinha vomitado no banheiro da escola, no ônibus vindo pra casa e no lixo em frente de casa. Lá se foi todo meu café da manhã. Abro a porta com as mãos na barriga e vejo meu pai sentado lendo o jornal.
- Filha? Você está bem? Parece enjoada. - seu Bernardo diz se levantando e vindo até mim.
- Parece não pai, eu tô.
- Então suba logo e vá descansar, isso logo vai passar. - ele pegou em meu braço e me guiou até a escada.
- Espera pai, eu preciso falar uma coisa com você.
- O que foi, querida?
- Tem uma garota na escola, Lisa, ela que está me causando enjôo, me estressando e me fazendo mal. Pai eu quero que você fale com os pais dela e peça pra eles darem um jeito nela. Quero essa garota longe de mim! - falo um pouco alto e subo no primeiro degrau.
- Sim, sim filha. Pode deixar que eu resolvo isso pra você.
- O número do telefone deles está na lista telefônica, são os Johnson. - digo e continuo subindo.
- Ok meu bem, não se preocupa. Vá para o seu quarto e descanse.
Entro em meu quarto, largo a mochila no chão e deito em minha cama confortável. Dormi!
Duas horas mais tarde.
Estou em meu sono de beleza quando de repente, ouço minha mãe me chamando.
- Bruna? Acorda! Bruna? - ela me chamava baixinho.
- Hã? É o que? O flamengo ganhou? - falei meio enrolado, abrindo meus olhos e enxergando dona Lucrécia em minha frente. - Mãe?
- Ainda bem né, pensei que ia hibernar feito urso. - ela diz e se levanta. - Nós duas temos um encontro hoje.
- Encontro? Com quem? - indago confusa coçando os olhos.
- É surpresa. Eu só quero que você esteja pronta às 19:15 e me encontre no coquetel da ilha as 19:50.
- Coquetel da ilha? O bar? - pergunto atônita.
- Exatamente! Eu estarei esperando você lá. Não se atrase. - a mesma fala e fecha a porta devagar.
Coquetel da ilha? Que diacho de surpresa é essa? Mds! Senti um frio tomar conta do meu corpo me fazendo arrepiar.
De repente, meu celular toca.
- Oi Riley.
- Seu vestido está pronto, quer que eu leve pra você experimentar?
- Agora?
- Sim, se for possível.
- Tá bom, vem aqui em casa.
- Indo.
Ligação encerrada.
Eu ainda estava encabulada com essa história de dona Lucrécia, eu sabia que coisa boa não era, nada vinha na minha cabeça, não conseguia imaginar o que poderia ser, eu tinha que ser paciente e esperar.
Dez minutos se passaram e Riley apareceu aqui em casa toda sorridente trazendo o vestido.
- Pega, vista - se. - ela me deu o vestido e me troquei com dificuldade.
- Não tinha um número maior não? - indaguei me ajeitando.
- Esse é número maior, a loja só apronta vestido até tamanho M.
- Então acho que precisamos de um G.
- G? Ta louca? Você não tá nem dois meses grávida e já não tá servindo as roupas?
- É que, eu ando comendo muito. - sorri sem jeito.
- Eu hein! Pare de comer tanto, tem que emagrecer até dia 21 pra caber nesse vestido.
- O que? Mas a formatura já é nesse fim de semana.
- Exatamente, você tem cinco dias.
- Aaai! - exclamei irritada batendo meu pé no chão.
- Ei? Com quem você vai mesmo pro baile de formatura? Com o Otis? - Riley pergunta me ajudando a tirar meu vestido.
- Não, vou com o Ricardinho.
- Hahaha. Tô falando sério.
- Eu também tô falando sério. - olhei pra ela mostrando meu lado de sinceridade.
- Como assim já? Ele não é do primeiro ano?
- É sim, só que diretor ou diretora sei lá quem tá no comando, liberou pra que os outros alunos acompanhassem pelo menos o baile.
- Hum. Mas o que eu ainda não entendi é o porque você vai com o Ricardinho.
- Mana, nem te contei. Eu tava distraída pegando minhas coisas no armário... - contei tudo a ela, até a parte da Lisa que foi diagnósticada com distúrbios.
- Mds! Sério mesmo?
- Sim amiga. Por isso ela sempre tava na minha cola.
- Choquei!
- E eu então.
Depois de alguns minutos contando tudo de aconteceu, a Riley foi embora, já estava quase anoitecendo e aquele friozinho miserável na minha barriga não me deixava de jeito nenhum. Fiquei nervosa em questão de segundos.
19h saindo do banho.
Saí do banheiro, dei uma enxugada rápida no meu corpo, vesti uma calça jeans, uma camisa de rock, pus meu moleton e calcei o sapa tênis. Estava pronta pra ir nesse tal de coquetel da ilha. Só não sabia o que ia fazer ou encontrar lá.

Grávida do meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora