Essa sou eu

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Acordei com meu celular tocando no volume alto a música wild thing - tone loc, alguém estava me ligando.
- Oi! - atendi a chamada sem ao menos ver quem estava ligando.
- BRUNA? AONDE FOI QUE VOCÊ SE METEU GAROTA? JÁ VIU QUE HORAS TEM? - dona Lucrécia começou a gritar pelo telefone.
- O que? Quem tá falando? - perguntei ainda com os olhos fechados.
- Quem tá falando? Como assim quem tá falando? É a sua mãe, muito furiosa.
- Gostosa? Quem é gostosa? - mal ouvia direito.
- Furioosa! Eu disse que eu estou furiosa! E você está muito encrencada!
- Mostarda? Vai passar mostarda em quem?
- ENCRENCADA! AONDE É QUE VOCÊ ESTÁ? - a pessoa continuava a querer discutir comigo.
- Eu não sei. Liga depois tá bom? Acho que tô com o Dênis. - falei e deixei o celular de mão sem ao menos encerrar a ligação.
Eu estava num sono tão bom, tão gostoso naquela cama, que o mundo lá fora parece que não existia mais.
TOC TOC! Alguém estava batendo na porta.
- Quem ousa atrapalhar meu sono digno? - perguntei abrindo os olhos devagar.
- Sou eu, Dênis. Trouxe seu café da manhã! - ele diz adentrando o quarto com uma bandeja mega especial.
- Espera ai? Eu ouvi café da manhã? - levantei devagar e sentei na cama dando de cara com aquele homão lindo da porra, só de calção. - O que temos de bom pra hoje?
- Aqui tem duas fatias de pão com creme de amendoim, um suco de goiaba, um creme de cupuaçu e cinco pãezinhos de queijo pra acompanhar, espero que goste. - ele falou e mostrou seus dentes de propaganda colgate.
Como eu amava aquele sorriso!
- Obrigada! Eu precisava mesmo disso. - comecei a comer aquele creme delicioso de cupuaçu.
- Já vi que o bebê vai puxar pra você em relação a fome. Parece que depois que você ficou grávida, a fome duplicou. - ele riu ao me ver se  afogando no suco de goiaba.
- É, eu acho que sim. - rimos juntos e nos olhamos. Um silêncio confuso rolou no ar por alguns segundos. Acho que cada um sabia o que outro estava pensando e queria dizer.
- Bruna... Sobre ontem a noite... - ele falou e eu já entendi o recado.
- Não se preocupa, foi coisa de momento, eu entendo. - falei encarando aqueles olhinhos aparentemente tristonhos.
- Ta bom. Já são quase 10h, quer que eu te leve pra casa agora? - ele perguntou se levantando.
- Claro! Eu só vou terminar de comer, tomar um banho e aí a gente vai. - sorri sem mostrar os dentes.
- Tudo bem, te espero lá embaixo. - ele falou e saiu da suíte me deixando ali, navegando em mil pensamentos.
O que estava acontecendo comigo, afinal? Eu nunca havia sentido isso em minha vida, uma dor profunda que invade meu peito e me deixa mal.
Algo que eu não posso evitar, que não dá pra parar e nem amenizar. Toda vez que eu fico longe dele ou penso que ele nunca vai gostar de mim como eu quero, é como se o meu mundo fosse acabar. Vocês devem tá pensando que eu sou só uma louca obsecada cheia de desejos, mas eu não sou... Eu sou só uma garota apaixonada, como qualquer outra da minha idade. Uma garota que se apaixonou pela pessoa errada, uma garota que começou
amar quem não deveria, uma garota que está grávida e não sabe o que fazer. Eu tô realmente mal não com tudo isso!
- Eu sou uma idiota! - falei pra mim mesma ao olhar pro espelho depois do banho.
Troquei de roupa, calcei o sapato, coloquei o bundex numa sacola e desci encontrando Dênis todo arrumado me esperando na escada.
- Vamos? - indaguei descendo o último degrau.
- Já pegou tudo? - ele pergunta se levantando.
- Sim, está tudo aqui. - apontei pra sacola e sorri.
- Ta bom, vamos. O carro já está aqui fora.
Assenti e entrei naquele camaro prateado enquanto olhava pra trás com um semblante triste. Deixar aquela mansão com certeza foi uma das coisas mais difíceis da minha vida. Sem falar que aconteceu algo muito incrível que jamais vou esquecer.

🌸🌸🌸

Cheguei em casa, abri a porta.
- Bruna? - minha mãe chamou ao sair da cozinha.
- Diga! - respondi já revirando os olhos. Aí vinha bronca.
- Estou tão feliz por você. - ela sorrir e me dá um abraço inesperado.
- Feliz? Feliz por que? - indaguei confusa.
- Você está começando a dar os primeiros passos pra uma vida de casada. Você dormiu com seu noivo. - ela continuava sorrindo.
- O que isso tem haver com o resto?
- Quer dizer que assim você já vai criando uma responsabilidade pra quando for morar com ele.
- Hum, vou fingir que entendi. - falei e comecei a subir as escadas pra fugir daquela conversa.
- Ah, esqueci de te falar. - ela se virou me encarando novamente. - Eu e minha querida amiga Daisy, já marcamos a data do seu noivado e casamento.
- Aeh? E pra quando?
- O noivado acontecerá dia 25 de janeiro na casa dos Clark em Natal. E a data do casamento está marcado para o dia 19 de agosto.
- Como assim? Em Natal? Nós vamos viajar pra lá? - perguntei descendo as escadas imediatamente.
- Isso mesmo! A Daisy quer que você conheça mais sobre a família e a terra natal dos Clark. O que me diz?
- Nossa! É o máximo! Eu nunca fui no Rio Grande do Norte.
- Você nunca foi em cidade nenhuma, minha filha. - ela pegou em meu ombro e começou andar em direção a cozinha.
- Ah, eu fui em São Martinez. - digo ao ver ela sumindo do meu campo de visão.
- Sítio não é cidade, Bruna! - dona Lucrécia fez questão de me lembrar que nunca viajo. Porém, isso ia mudar.
Com certeza essas duas malucas já haviam planejado tudo sobre essa tal viagem para Natal. Provavelmente até as passagens já foram compradas. (O que seria uma boa pra mim porque ficaria comprovado que eu realmente iria viajar). Mal podia contar pra Riley! A doida devia tá morrendo de ressaca.
14:56 na casa da Riley.
Como eu já imaginava, Riley estava no décimo terceiro sono, rocando feito um porco. Vamos lá chama - la.
- Riley? - me aproximei dela. - Riley, acorda! Preciso de contar algo.
- O que? O que foi? Bruna? Como conseguiu entrar aqui em casa? A porta estava trancada. - ela despertou e sentou na cama.
- Isso não importa, depois você compra uma fechadura nova. Eu preciso te contar duas coisas bombásticas.
- O que aconteceu? É algo importante pelo menos?
- Sim, e muito! Adivinha quem vai pro Rio Grande do Norte mês que vem? - falei explodindo de felicidade.
- Os seus pais? - ela indaga sem certeza.
- Não, tem mais uma tentativa.
- O Dênis?
- Também, mas adivinha quem vai com ele. - continuei sorrindo feito uma palhaça.
- O Otis?
- Não! - revirei os olhos. - Sou eu! Como você pode não ter acertado?
- Não sei, será que é porque você nunca viaja? - ela deu de ombros.
- Lá vem a outra! Será que vocês não se cansam de jogar isso na minha cara?
- Vocês quem? - a mesma pergunta confusa.
- Você e minha mãe. Aff! Ta bom, eu já sei que nunca saí dessa droga de cidade. - suspirei. - Mas nem vem, que tu também não saiu. - olhei pra ela séria.
- Saí sim. - ela afirmou algo que eu nem sabia. Que vaca!
- Pra onde? - franzi o cenho.
- No verão passado, quando fui pra Minas Gerais e Rio de Janeiro.
- Que safada! Você não me contou nada!
- Porque eu não queria que você ficasse chateada por ser a única da nossa sala que nunca viaja.
- Eu te odeio, sabia? - falei séria.
- Anham, sei. E qual é a outra coisa "importante" que você tem pra me dizer? - ela fez aspas com os dedos.
- Aconteceu uma coisa muito sinistra ontem à noite.
- O que? - a mesma se aproximou de mim.
- O Dênis me beijou!
- Com, como assim? - Riley começou a gaguejar. - Você ameaçou ele? Obrigou o coitado a ficar contigo de novo? - ela parecia assustada.
- Não, nada disso!
- Graças a Deus!
- Ele que me beijou por livre e espontânea vontade. - dei de ombros.
- Você não fez macumba pra ele se apaixonar por você não, né? - Riley perguntou desconfiada.
- Não, deixa de ser doida. Dessa vez eu não fiz nada.
- Então ele que deve está louco! Ou bateu com a cabeça, ou simplesmente foi abduzido por um alienígena e esse não é o Dênis. - a mesma arregalou os olhos.
- É você que está ficando louca. Presta atenção na história... - falei e comecei a contar como havia sido minha noite, madrugada e o beijo. Riley apenas ficou imóvel, incrédula escutando cada detalhe contado por mim.
- Uau! Aconteceu tudo isso mesmo?
- Sim, por incrível que pareça. E impossível também.
- Será que ele tá gostando de você?
- Não, eu acho que não. Se ele não foi capaz de gostar desde o início, não vai ser agora que vai voltar atrás.
- É, você tem razão.
- Pois é, eu continuo incrédula com tudo isso que tá acontecendo.
- Então é duas.
Voltei pra casa.

🌸🌸🌸

Ao chegar no meu lindo sobrado, subi diretamente pro meu quarto e fui tomar um banho quente.
Sabe aquele momento que você tem um motivo pra ficar feliz, mas ao mesmo tempo tem um motivo pra ficar triste? Pois é! Me peguei de novo deitada na cama pensando no Dênis e nas dúvidas que ocorriam pela minha cabeça.
É óbvio que eu não tava criando nenhuma expectativa só pelo que houve na noite passada. Porém, eu estava confusa. Eu não acreditava que aquilo havia sido só coisa de momento, como eu falei.
Parece loucura! Eu não tenho sorte no amor, que merda! O que eu posso fazer?
Ai Bruna cê tá parecendo aquelas menininhas que ainda estão entrando no sexto ano e não sabe, não tem ideia de como resolver sua vida e fica todo tempo reclamando como se outra pessoa quisesse saber. Vai se danar!

Grávida do meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora